segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Telecastermania - Ôps...Faltou a de Alder!




          Comecei esse assunto "telecastermaníaco" sobre os corpos de Teles que o luthier Roberto Cavalheiro fez pra mim, postei a de Ash e a de Mogno e quase esqueci da de Alder! :)
Confesso que eu não colocava muita fé no Alder para Telecaster, já que a minha experiência é 99% com Ash, mas novamente, mordi a língua e comprovei que a Fender é f.... Quando passaram a usar também o Alder em 1959 para as Teles (até então eram só de Ash) é porque sabiam o que estavam fazendo.

Aqui, uma lembrança dos 3 corpos feitos pelo luthier Cavalheiro assim que chegaram aqui em casa (o de Alder é o do meio):

          Como o Alder geralmente é mais liso e sem muita figuração, é a madeira ideal pra receber uma cor sólida. Inicialmente pensei no famoso "Candy Apple Red" e poderia tê-la pintado com o próprio Cavalheiro, mas como ele já havia aberto uma brecha na agenda pra fazer aqueles corpos, resolvi pintá-la aqui em Florianópolis mesmo, com um cara de uma oficina que já fez milagres nos arranhões do meu carro... :)
Pra quem não sabe, a grande maioria das guitarras atualmente usa a mesma tinta dos automáveis (PU). A Fender sempre fez isso (o catálogo de cores da década de 50 era o mesmo da GM, mas na época era Nitrocelulose ou "Duco"). O pintor, Marcelo, ficou preocupado de início, já que nunca pintara uma guitarra. Pedi apenas que usasse poucas camadas, pois o verniz PU em excesso mata o som da madeira. Padrão "metálico", ou seja, com um fundo prata ou dourado e um vermelho (pedi mais escuro) em cima.

Deveria, mas não fui, checar o teste de cor e a mistura final ficou mais escura, caindo para o vinho. Tudo bem, adorei essa cor e o fundo dourado a deixou com um aspecto lindo com o vinho cintilando sob determinados ângulos da luz.


Coloquei o braço de maple com escala de rosewood da Tele Preta "Black Jack" (que receberá um braço de maple em breve), Aqui, o som dela (captador da ponte: Rosar Vintage Hot T). Usei a mesma base (baixo e bateria) da demo da Tele 68 pra vocês observarem as similaridades.
Como ela tá um pentelho mais macia que a Tele 68, resolvi gravar alguma coisa na praia de "Mistery Train" (com palheta, sou roqueiro:) ) com um eco tipo slapback bem clássico. Bem "Telecaster", na verdade. Veja:



Mas não se enganem com o clima country/rock. Essa guitarra (e as teles em geral) é uma máquina mortífera pra rock clássico também.

Nesse vídeo, o som do captador Rosar Fullerton (para strato, mas fica divino no braço de uma Tele), num solo em double stops (sou guitarrista base, sorry:) ) com leve saturação. Acho muito legal a opção de usarmos um captador de stratocaster na posição do braço de Telecaster (lembrando que o escudo tem que ter a cavidade um pouco maior - esse foi comprado na Guitar Fetish). Assim ficamos com o melhor das duas, som de Tele na ponte e de strato no braço:



O preço? Por volta do que custou a Tele de Ash (veja nos posts anteriores), menos de 1.400 reais no total.


Sempre falei e repito: uma boa guitarra começa com boas madeiras.
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PS1: Dá tranquilamente pra pintar uma guitarra em oficina de carro especializada em pintura (em SP já existem empresas especializadas em pintura de guitarra, como a Music Kolor), desde que o pintor seja caprichoso... Recomendo especificar poucas camadas (metade do padrão) e, de preferência, usar uma cor de algum carro nacional, pois não haverá erro na mistura (as oficinas têm as misturas de todos os fabricantes). Foi divertidíssimo ficar na rua só olhando as cores dos carros. Cheguei a fotografar um Clio porque gostei muito do tom de verde dele, hehehe. Mas esse "Red Wine" ficou legal.

O catálogo de cores atual da Fender tá aqui, pra quem quiser alguma inspiração.

Em tempo: o Marcelo me cobrou apenas 150 reais pela pintura... :)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Rafael Gomes

         Pra quem não sabe, o Psicólogo-Luthier-Músico (e etc. :) ) Rafael Gomes é uma das maiores autoridades brasileiras em captadores. Se especificar "captadores de alto ganho", ele ganha disparado de qualquer um :)
O Rafael é co-autor de muitos dos captadores - hoje já clásssicos - do Sérgio Rosar.
Supershred, RockKing, Punchbucker, Screamin' Distortion, etc. - todos foram criados (e batizados) pelo próprio. :)

Mesmo antes de conhecer o Sérgio Rosar, eu já era um fã e frequentador assíduo do seu fantástico blog "Zona do Humbucker". Aprendi muito com o Rafael e seu estilo claro e objetivo, mas sempre divertido, iluminado por belas metáforas e muitas informações exclusivas, extraídas de sua larga experiência pessoal.

Fiquei triste quando em meados de 2009 ele parou de postar no blog. Manteve-se ativo entretanto em outros canais (Orkut, Facebook) e no seu novo blog, que mostra com belas fotos, o seu dia-a-dia como luthier.

Pois bem, no meu post anterior "Antes que eu passe por chato e arrogante", citei o Rafael, ele leu e solicitou-me um espaço no blog pra esclarecer e explicar, entre outras coisas, porque interrompeu as atividades no "Zona do Humbucker".

Com a palavra, o mestre Rafael Gomes:

           "Infelizmente eu tive que parar de escrever no blog. Aquilo tomou uma proporção absurda para a qual eu não estava preparado. O fato de eu ter me dedicado tanto a ouvir som de guitarra fez com que as pessoas imaginassem q essa era minha profissão e q eu dedicava 10 horas do meu dia a isso. Eu não fiz propaganda alguma do blog e a ideia era muito despretenciosa, mas um dia eu tomei um susto pq vi q ele tinha um pourrilhão de visitas diárias. De repente eu estava respondendo 40 e-mails por dia, uma penca de recados no Orkut, um monte de desconhecidos estava me adicionando no MSN e eu atendia ligações de gente do Brasil inteiro o dia inteiro. Uma vez até um uruguaio ligou pra mim! Tinha guitarrista que me ligava às 10 da noite do domingo.

Um simples hobby tomou um contorno sério quando o Sérgio Rosar me achou através do blog e pediu pra eu ser o desenvolvedor dos humbuckers dele, coisa q aceitei prontamente. Eu fiquei muito feliz pq logo de início o Sérgio e eu nos demos muito bem e ele é um profissional exemplar, mas ao mesmo tempo eu fiquei meio assustado pq não entendi muito bem como eu ia dar uma forma séria e profissional a uma coisa q era um simples hobby. O Augusto Cabrera me sondou pra testar os captadores dele. Eu agradeci e educadamente recusei pq eu já fazia isso com o Sérgio.

No começo, o contato com os guitarristas me empolgava muito pq eu sou um nerd de timbres igual ao Paulo e me empolgo com o assunto. Mas depois isso tomou um espaço tão grande dos meus dias que começou a virar um tormento pq essa não é minha profissão. Eu já tenho bastante responsabilidade. Eu sou luthier e exerço essa profissão entre 11 da manhã e 4 da tarde, mas o q muita gente não sabe é q eu sou psicólogo. Essa é minha “real” profissão e para a qual eu dedico a maior parte do meu tempo e entusiasmo. E eu não apenas atendo na minha clínica, mas tb oriento um grupo de estudo de Gestalt Terapia na UFC e dou supervisão em psicologia clínica para terapeutas em formação. Eu moro sozinho e isso traz todos os afazeres de um dono de casa. Eu sou esportista desde criança e tenho q espremer meus horários pra pegar meu quimono e ir pro tatame ou pra pegar minha bicicleta e ir pras trilhas.

O Paulo é um cara q é muito ligado nos timbres vintage, enquanto eu sou um cara dos sons modernos. Faço aqui uma estimativa de q pra um guitarrista ligado em vintage deve haver pelo menos 10 que são ligados em sons modernos. Tenho certeza de q eu sozinho tinha q responder muito mais guitarristas do q o Paulo e o Sérgio juntos. O Paulo, mesmo sendo sempre um cara muito solícito, foi “acusado” de ter sido desatencioso com um guitarrista, então imagina a minha situação!

Eu estava pirando e a solução foi me ausentar gradativamente do blog. As postagens foram ficando mais escassas (isso vc podem ver pelas datas das postagens) e comecei a ser mais objetivo nas respostas. A coisa q é um pouco complicada é q guitarristas são mesmo muito ansiosos e eles meio que são carentes de atenção de pessoas q tenham mais referências de timbre. Eu entendo isso perfeitamente (e tenho certeza q o Paulo tb entende) mas às vezes eu estava completamente esgotado e louco pra ir pra casa dormir, aí eu recebo um e-mail com 30 linhas de um guitarrista contando uma história de novela mexicana pra perguntar qual era o captador ideal pra ele!!! Eu já não tinha mais condições de responder com o mesmo entusiasmo com q ele perguntou.

Comecei a ser mais objetivo, mas nunca (nunca mesmo!) deixei de responder nenhum e-mail, nunca deixei de atender uma ligação e sempre fiz meu trabalho como desenvolvedor de captadores da melhor forma q eu pude. Talvez pra um ou outro isso não seja o suficiente, mas eu gostaria realmente de levar essas informações a todos os nossos amigos pra que as pessoas entendam q Paulo, Sérgio e eu fazemos o nosso melhor."


Rafael Gomes


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Telecastermania - epílogo... (e um toque sobre as Fender MIM)

         Por acaso estava folheando uma GP e reli os testes das guitarras Tagima linha "Premium". Entre elas, estava a Tagima Telecaster TG5050 Premium. As especificações são basicamente as mesmas - se não inferiores - das Teles recém postadas aqui.
Sabem qual é o preço dessa Tagima "Premium" nas lojas? Não menos do que 4.200 reais!!!


Nem vou comentar o preço das Fender americanas. Uma Fender mexicana até dá pra conseguir por menos de 2.000 reais, mas é aquela porcaria, inclusive com o pecado mortal dos captadores cerâmicos.

Pra quem ainda não sabe, as Fender "Made In Mexico" (MIM) modelo "Standard" possuem os corpos feitos de restos e pedaços de alder. Não menos do que 4 emendas, geralmente 5 a 7! Assim como no velho truque chinês, uma fina camada (veneer) de alder sem corte é colocada por cima das emendas para esconder o retalhamento.
As fotos a seguir são da fábrica mexicana da Fender, de 2006, na linha de produção das Stratocaster Standard:

Tentem contar a quantidade de blocos. Parece um dominó! :)


 Antes do acabamento. Não se esqueçam que mesmo nas "sunburst" a picaretagem não aparece, porque as bordas são escuras e o top e a traseira têm as placas de alder...

Essas fotos foram retiradas do álbum (Picasa) de uma americano chamado Jason que fez uma tour pela fábrica em 2006. No link abaixo, vocês encontrarão mais de 300 fotos da tour:



Aqui, os corpos dos "American Jazz/Precision Bass", na fábrica da Fender California. Geralmente, 2 a 3 pedaços apenas.

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          Aproveitando o momento, relembro a todos que o objetivo principal desse blog é auxiliar os guitarristas na avaliação técnica de um instrumento. Madeiras, hardware, captadores, etc.
Já comprei guitarra por 3.500 reais que não valia metade disso, por pura ignorância.
Assim, ao expor fatos reais, como detalhes do processo de manufatura das Fender Standard MIM, meu objetivo NÃO é criticar ou depreciar. Não perderia meu tempo com isso.

Fico pensando no cara que batalha meses, às vezes anos, pra juntar 2.000 reais e comprar a guitarra dos seus sonhos. Se eu puder alertá-lo que talvez a guitarra que ele tenha em mente não vale (ou vale) isso e que ele pode comprar uma outra tecnicamente melhor, esse blog fará sentido.

Às vezes entretanto, mesmo provido de boas intenções, posso involuntariamente prejudicar alguém. Isso já aconteceu antes e desde então tenho estado mais atento. Quando escrevo, o faço como se estivesse conversando com algum amigo e esqueço que centenas de pessoas vão ler o tópico.
Portanto, peço desculpas publicamente ao Beto pela maneira como abordei o assunto - independente da natureza e intenção do comentário (alertar sobre a real qualidade das Fender MIM) não deveria jamais ter citado (mesmo parcialmente) a fonte.

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Leia mais sobre as Fender mexicanas aqui:
http://guitarra99.blogspot.com.br/2013/11/fender-made-in-mexico-mim.html

     

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Telecastermania - parte 5: " Fireglo" & "Frankencaster"


          Seria uma injustiça deixar passar batido o comentário da Kessia (Even: kessiapinheiro [at] gmail [dot] com) no post da Bittencaster do Anderson, cheio de detalhes e com links para fotos da Telecaster que ela montou com o seu marido, Nilo, seguindo basicamente os mesmos princípios que eu e o Anderson seguimos.

Não pretendo postar TODAS as teles do pessoal (até porque suspeito que muita gente fez, fará ou já está fazendo teles assim), mas essas duas, a "Bittencaster" do Anderson e a "Fireglo" da Kessia e do Nilo fecham toda esse sequência de Telecasters de alta qualidade montadas em casa. Os americanos chamam as Teles feitas assim de "Partscaster" - eu prefiro chamá-las de "Telepartes". Dá na mesma! :)

Pois bem, segue o relato da Kessia e algumas fotos que fui buscar nos links:



"Putz, estava preparando para mandar um email para você esses dias, pois também montei uma telecaster pra mim, importando todas as peças.

Primeiramente, eu e meu marido temos alguns instrumentos, mas queríamos diversificar, colocando uma tele na coleção. Ao ver o post da black tele fiz as contas e resolvi fazê-la um pouco moderna, baseando um pouco nos seus posts, um pouco nos do tdpri.com. Aí fui às compras:

Mighty Mite Ash Guitar Body For Fender Telecaster 436 (Cherry Sunburst) - 2 peças simplesmente lindo: $ 140
Mighty Mite Fender Lic. Tele Birds Eye Maple neck mod. 2914 - perfeito acabamento, faltou apenas um verniz como na Fender (vou mandar aplicar): $ 130
Fender Locking Tuners Chrome Strat Tele Guitar: ~$10
Fender 70 Vintage Strat "F" Neckplate: ~$15
Fender Schaller American Series Strap Buttons: ~$6
Fender AM SRS Telecaster Tele Chrome String : Ferrules: ~$9
Fender White Pearl Pickguard by Warmoth: $30
Graph Tech TUSQ XL Strat Style Nut. Slotted: ~15
Acme Prewired Tele Assembly - 4-Way Wiring (com knobs, jack e eletrocsocket) - perfeição de trabalho: $80
Gotoh Modern Bridge for Tele: $45
Seymour Duncan Vintage Stack Tele STK-T1n (neck): $90
Seymour Duncan Little '59‚ for Tele ST59-1b (bridge): R$ 200

Demorou um bocado para chegar as peças, pois comprei bem separado. O corpo comprei pelo eBay e enviei para um conhecido nos EUA que reenviou para mim, juntamento com o control plate montado, escudo e ponte comprados na Warmoth (também mandei para ele). Braço mandei direto e esse demorou MUITO (saiu 11/7 e chegou em fim de outubro). 

Os captadores comprei separados no eBay. Infelizmente o Little'59 nunca chegou e comprei outro num fórum de um camarada que comprou errado para a strato dele. O restante do hardware foi de um vendedor só e foi rapidinho.

Uma foto do corpo quando chegou:




Infelizmente não tirei fotos do processo de montagem, pois estava sem câmera. As dificuldades que tive: O escudo não encaixou perfeitamente no control plate (defeito de fábrica na cor que comprei), aqui tem um exemplo de como ficou: 
O que fiz foi usar uma Dremel em baixa rotação e abrir mais o buraco do escudo até ficar simétrico.


 Comprei chave de 4 posições para utilizar os captadores em série/paralelo. Descobri que precisava passar um fio soldado ao captador do braço (porque ele possui cover metálico) até o terra.

Utilizei fiação vintage cloth em tudo que precisava. Tudo de primeira, digno mesmo de Fender Custom Shop.


Aí vem a pergunta, quanto paguei? Ao todo: R$ 1.400, aproximadamente. Tive a sorte de apenas o braço ser tributado (em R$ 55) e os prejuízos foram do captador que não recebi e do nut que perdi (sim, perdi o Graphtech, está com o de plástico que vem no braço). 


Não gravei som ainda, pois estou regulando ela ainda (e vou abrir de novo para blindar), mas afirmo que os captadores casaram que foi uma beleza). O Vintage Stack tem um som muito gostoso e usando em paralelo com o Little'59 fica um som maravilhoso. Logo que terminar de regular irei gravar um som para testar (tenho que comprar outro jogo de cordas, pois a E estourou de tanto tirar e colocar, também, uma Giannini qualquer 0.10).


Claro que ainda não está perfeita. Para mim ainda falta blindar (estou esperando a fita de cobre), colocar o string retainer (que irei comprar na musicware), envernizar o braço (bem fino e leve, apenas para proteger), regular perfeitamente (estava trastejando pelo tensor estar apertado) e colocar cordas Elixir 0.10 que já estão reservadas para ela. "




UAU! Belíssima Telecaster! O acabamento é do tipo "Fireburst" não (basicamente um Sunburst sem o preto)? (Obs: a WD chama de Cherry Sunburst)
Os captadores Seymour Duncan obviamente à deixam na praia da modernidade. E com certeza um verniz (incolor ou levemente âmbar) vai acender muito esse lindo braço de Bidseye maple.

Parabéns pela Fireglo! E tudo isso por 1.400 reais! :)
Abraço!

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Telecastemania parte 5bFrankencaster do Caio Maranho


O Caio Maranho é um amigo lá do fórum da GP. Acompanhei também de perto o surgimento da sua Frankencaster.
Vou aproveitar o espaço e colocar a história dessa guitarra, nas palavras do próprio Maranho:



"Bom, na verdade essa é uma telecaster que foi apelidada em casa de Frankencaster ou Teleca, devido ao carinho que eu sempre tive por ela.
A Telecaster (depois da Les Paul) era sempre um modelo que eu achava interessante, porque tinha um som brilhante e forte, porque alguns ídolos meus utilizam esse modelo (Keith Richards principalmente) e simplesmente não me adaptava a stratocasters quando comecei a tocar guitarra.

Pois bem meu pai juntou um dinheiro e arranjou essa telecaster para mim, custou 600 reais, corpo em basswood, braço em maple e escala de rosewood, da squier, achei que teria um som ótimo, porém ao chegar em casa essa guitarra sempre soou abafada ao limite, muito fechada e sem nenhum brilho, então nunca dei valor a ela até que ela se tornou minha “cobaia” para experimentações, como pinturas, etc.
Vendo o forums de guitarra e vendo as postagens percebi que tinha muitos elementos nela que não se encaixavam as teles tradicionais, como as cordas passando pelo corpo, a própria madeira do corpo, que dava uma característica mais fechada, e queria dar um visual bacana pra ela for a das minhas pinturas que não davam muito certo.

Como nunca tive experiência com isso consultei o luthier Ricardo, aqui de São Caetano do Sul – SP, dai como queria fiz algumas coisas que deixaram o som dela melhor.
Primeiramente foi conseguir uma placa de ash para podermos fazer o modelo e a construção, felizmente ele conseguiu uma prancha de ash num depósito de madeiras em Pinheiros-SP.


O Segundo ponto era os captadores horríveis que tinham nessa tele, dos sons que acabei ouvindo os captadores da Malagoli soaram melhor para meus ouvidos, com aquele estalado só que um pouco mais agressivo o som e por fim coloquei um single de middle, gerando mais um timbre para a tele.
Por fim, não queria a pintura, queria um verniz por cima da madeira mais escuro e um desenho feito por mim, que ficou bem bacana.
Por último foi feito furos na ponte da tele, acabei usando a ponte antiga e furando ela para passar as cordas pelo corpo.

Da tele antiga se aproveitou o braço, a ponte, tarraxas e seletor de captadores, com um push pra desligar o captador do meio e poder combinar os outros dois.
Os valores finais de toda essa empreitada ficaram assim:
Squier California: 600 reais
Captadores Malagoli: 380 reais
Placa ash + instalação dos captadores: 350 reais
Final: 1340 reais"

domingo, 13 de novembro de 2011

Antes que eu passe por chato e arrogante...

Pessoal, preciso da ajuda de vocês.

Quando comecei esse blog, ano passado, não tinha a mínima ideia que depois de um ano ano teria mais de 100.000 visitas e com tanto interesse dos guitarristas. Meu objetivo inicial era até meio egoísta: queria usar o sistema de postagem e formatação automática do site para fazer um diário e/ou arquivo das minhas guitarras.

Eu já toquei guitarra profissionalmente na minha banda, mas hoje guitarra é praticamente um hobby, pois tenho duas filhas pequenas e sou médico.
Sempre tive pouco tempo disponível (infelizmente) para o blog e com a popularidade crescente, é óbvio que as perguntas aumentaram na mesma proporção. Tô passando um sufoco danado com a "turma" aqui em casa pra justificar o tempo que fico no computador à noite. Antes era meia hora, depois uma, agora, a minha filha mais velha olha pra mim e diz: "O pai só quer saber de guitarra..." :).

E ela sabe o que fala. Eu poderia virar uma noite só falando de guitarra - é o meu assunto preferido, minha paixão, mas a coisa aqui tá passando dos limites.

Deus me livre de passar por arrogante (conheço muitos caras assim na net) ou chato, mas não estou conseguindo responder a todas as questões, principalmente aquelas enviadas diretamente (até porque na apresentação do blog já solicitei que isso fosse evitado).
Uma vez um amigo meu se queixou do Rafael Gomes. Disse que enviou-lhe um e-mail enorme, perguntando sobre qual captador seria adequado para sua guitarra. Especificou guitarra, setup, estilo, etc. E o Rafael respondeu: "Sérgio Rosar Punchbucker"... E só.
Me lembro de ter pensado: "O Rafael tá meio arrogante...", mas hoje até entendo. E entendo também porque ele parou com o excelente blog "Zona do Humbucker". Até eu, no início, fiz perguntas pra ele! :)

Então peço a ajuda e a compreensão de vocês em relação a isso. Me dá calafrios só de pensar que alguém pode achar que eu tô com o "Rei na Barriga". Os meus posts podem passar a impressão que eu entendo bastante de guitarra, mas não é verdade. Sei muito pouco e ainda preciso aprender muito.

No momento, ajudaria bastante se as perguntas fossem feitas só aqui (ou via fórum da GP, como post e não MP, please...).

Tô pensando em convidar meu amigo Oscar Isaka Jr. (que já tem um blog próprio) pra dividir o blog Louco Por Guitarra comigo (ele nem sabe ainda hehehe). Ele também não tem muito tempo, mas vamos somar e todo mundo sai ganhando.

Abraço e obrigado a todos!

sábado, 12 de novembro de 2011

Telecastermania - parte 4: "Bittencaster"

O Anderson Aguiar ( andersonaguiar2009@gmail.com postou: "Inspirado no seu post: "Quanto custa uma boa Telecaster" e depois de trocar algumas ideias contigo nos comentários, muito empolgado resolvi montar minha própria tele, batizada de "Bittencaster" em homenagem ao patriarca da minha família.
Montei a minha guitarra junto com meu amigo luthier e colecionador de instrumentos raros que mora em Barra de Guaratiba - RJ, chamado Blank. "

Pois bem, achei muito interessante porque é de fato um complemento que justifica esses meus posts do tipo "monte sua própria guitarra". A Anderson teve uma "pequena" ajuda da sorte porque conseguiu comprar um corpo e braço de telecaster esplêndidos numa promoção da WD. Mas além da WD existem outros fornecedores. O fato é que, tanto com as minhas experiências (Tele "Black Jack" e a Tele de Ash recém-postadas) como com essa do Anderson, confirmamos que não há necessidade de gastar mais de 2.000 reais (essa custou 2.300, mas é porque o Anderson quis acrescentar "luxo" à sua guitarra, hehehe) para adquirir uma Telecaster (ou Stratocaster) excelente. E ele foi além: começando pelo braço de Birdseye Maple e terminando com os captadores Fender OV (Original Vintage), TUDO é top de linha, coisa de Custom Shop da Fender, no mínimo... :)
Segue o relato do Anderson com as fotos:



"Essa Telecaster eu montei com o meu amigo Blank, utilizando materiais de primeiríssima qualidade: corpo de Tele de duas peças em swamp ash (a emenda é perfeita, de cima não dá pra ver a junção das peças, somente pelas extremidades e que madeirão ele é!). O braço foi fabricado em peça única de birdseye maple da WD Music. Cara, esse braço é uma obra prima, a peça mais linda que já vi até hoje! Parece âmbar, uma espécie de holograma na madeira, pois ao movimentá-lo a luz reflete em seu material... Muito lindo!



Fiz o pedido no dia 27/05/11 e o corpo estava na promoção por $195,00 doláres. Hoje ele está custando $300,00. O braço custou $225,00. Hoje esse braço não tem mais em estoque, existe um similar por $450,00. Que barbada! E ainda aproveitei o desconto do cupom que a WD me enviou por email e foi molezinha! O corpo, o braço e o capacitor Orange Drop com desconto saíram por $340,00! Então se vc for montar a mesma guitarra hoje vai sair bem mais cara.



A tocabilidade, o timbre, a versatilidade, o sustain e a ressonância desta guitarra me impressionaram.
Fiz duas gravações em áudio em: http://macidol.com/Bacareca/audio.php
E os links do youtube:
www.youtube.com/watch?v=8ezbPCrI60I
www.youtube.com/watch?v=IhIXDdBycoI

Não tive qualquer problema na importação. O atendimento da WD Music foi excelente. Paguei tudo com cartão de crédito e no dia seguinte ao do pedido já recebi um email do correio americano me informando o número do rastreio. Impressionante a eficiência e o know-how dos americanos em matéria de vendas pelos correios. O restante das peças comprei na MusicWare aqui no Rio de Janeiro (eles têm muita variedade) e os  ferrolhos e nut comprei no Dodô Audrin que vc já conhece.




Veja o histórico do objeto no rastreio de encomendas do nosso correio: (www.correios.com.br/servicos/rastreamento/rastreamento.cfm) Objeto nº CJ186915111US

Corpo: www.wdmusic.com/tele_body_standard_ash_clear.html
Braço: www.wdmusic.com/tele_neck_birdseye.html
Demais peças: www.musicware.com.br e www.dodoaudrin.com.br

Montei tudo na casa do Blank. Ele é muito habilidoso, passamos a madrugada toda nos divertindo e tomando cerveja. Ele saca muito de guitarras, tem uma coleção impressionante de violões espanhóis, craviolas, violões de 12 cordas, guitarras Fender e de outras marcas.
Ele não constrói instrumentos para venda. Apenas dá uma força para os amigos compartilhando seus conhecimentos e habilidades, além de ser colecionador. Nós gostamos de fazer um som nos fins de semana em Barra de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro, região de praia muito agradável, e lá temos muitos amigos músicos profissionais também. Ele é muito gente boa.



Composição: corpo em premium swamp ash (duas peças), braço em peça única de birdseye maple, ambos norte-americanos da WD Music, captação Fender, pots CTS 250K, jack Switchcraft, fiação vintage de pano USA da WD, nut Tusq da Graphtech canadense, ponte moderna 6 saddles da Gotoh Japan, knobs Gotoh, tarrachas Kluson Deluxe americanas, chave 4 posições da Fender (série-paralelo), capacitor Orange Drop 0.047 USA., encordoamento Ernie Ball 0.10.
O instrumento ficou excepcional, lindo, timbre incrível, twang maravilhoso (os caps do Lollar são demais!!!) se encontra no nível das Custom Shop, afinal a matéria prima utilizada, em sua maioria, foi fabricada nos EUA, sob rigoroso controle de qualidade e não poupei esforços: instalei tudo que existe de melhor no ramo. Dá banho em qualquer Mexicana e é páreo duro para as americanas. No total, com os impostos pagos, recebendo tudo em casa via USPS, gastei 2.300,00 reais.
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....E tem gente que paga quase isso por uma Tele Standard Mexicana, com madeiras inferiores às americanas e captadores cerâmicos...

Em tempo: "Birdseye" (olho de pássaro) refere-se a um tipo especial de figuração que ocorre eventualmente no hard maple (e também em algumas outras madeiras, mogno inclusive), com pequenos pontos redondos. O aspecto após tingimento/verniz é tridimensional e muito bonito. Não sabe-se ao certo porque essa figuração ocorre (sempre aleatória) e geralmente ela só é observada após o corte da madeira.
O birdseye é bem mais caro que o maple comum e é muito usado em braços de guitarras de luxo.