quarta-feira, 22 de junho de 2016

Projeto Les Paul: "Alea jacta est"

Paulo May


(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)



          Na época que criei esse blog, em 2010, num ímpeto de empolgação e arrogância, achei que não seria tão complicado fazer uma Les Paul, mais ou menos no padrão clássico (1958-1960)... Já havia lido bastante coisa sobre a construção, madeiras, hardware, etc. e comecei a arquitetar um "plano infalível": compraria aos poucos as madeiras e peças, encontraria um luthier bom e disposto e, com um pouco de sorte, teria uma réplica de Les Paul nas mãos.
Sério, cara? KKKK! O buraco é bem mais embaixo...

Mas, continuando. Num momento em que o dólar estava legal, comprei quase todo o hardware e plásticos na Stewart-MacDonald (stewmac) uma das maiores lojas do mundo em suprimentos para luthiers. O top de maple consegui comprar aqui no Brasil, com o Miguel Cardone da Music Tools. Lindo flame, acredito que no mínimo, qualidade AAAA.
Com a dificuldade para conseguir o mogno e um luthier que eu pudesse ter mais contato, entretanto, cai na real e vi que teria que adiar por tempo indeterminado esse projeto. E fiquei com aquela peça linda de maple guardada, do lado da caixa com os itens da Stewmac, por quase 6 anos...

          Nesse meio tempo, conheci brasileiros com trabalhos e produtos de qualidade surpreendente e excepcional, como Rosar, Manara, Bove, Pedrone, Adriano Ramos, Castelli e vários outros que foram postados aqui no blog. Nosso amigo Adriano Ramos, da RDC Guitars de Minas Gerais, é o foco aqui. Já postei várias guitarras que tiveram os corpos feitos pelo Adriano e sua fantástica CNC. Sempre que tinha alguma ideia maluca, sabia que podia contar com ele pra me ajudar a executá-la. Paciente, minucioso e, antes de tudo, fanático por guitarras, o Adriano topou, sem pensar duas vezes, encarar a aventura de fazer uma Les Paul no padrão das "boas", clássicas.



         Em janeiro desse ano, vi um anúncio de um bloco de mogno no ML e fiz uma série de perguntas para o vendedor, Mozar Menezes, de Jandira/SP. Bloco de mogno brasileiro (nem vou me estender aqui, clique para ler mais), com cerca de 15 anos, medindo 50,5 x 35 x 4,4 cm e peso total de 4,8 kg
Como sempre mencionei no blog, 99% do mogno "brasileiro" que tenho visto é pesado demais, mas esse bloco tinha um peso similar aos blocos de mogno hondurenho (de peso médio) que pesquisei na internet/ebay. Nessas medidas aproximadas, um bloco leve pesa cerca de 4 kg, um intermediário entre 4,2 e 5 kg e os pesados sempre mais que 5 kg.

Abaixo, as fotos do maple e do bloco de mogno, antes de eu enviar para o Adriano:


Então, nós temos um bloco de peso "médio" e esse será o dilema daqui pra frente - eu não gosto de cavidades de alívio de peso, mas se fizermos com o mogno sólido, corremos o risco da LP ficar com mais de 4,5 kg no total. E 4,5 kg é o meu limite - não tenho ombros para mais que isso.
Não consegui saber as medidas exatas dos blocos que a Gibson separa, mas esse post (clique) deixa bem claro que o nosso bloco tá meio longe do bloco das Reissue e outras CS.

Perguntei para o Adriano se postaríamos tudo no final, depois da guitarra pronta, ou faríamos os posts em tempo real, mostrando a evolução do processo. "Se der alguma merda - e a 1ª lei de Murphy diz que sim - ou acabarmos com uma Les Paul de 6 kg?"... Perguntei. E ele bateu o martelo dizendo: "Pô, mas o legal é com emoção... Vamos fazer ao vivo!" KKK!
É isso - a essência do blog é mostrar o dia a dia do aprendizado. Portanto, "faz parte", hehehe...

Daqui pra frente postaremos todo (ou pelo menos a maior parte) o processo - sempre que possível com vídeos. Toda a ação nesse momento está acontecendo na RDC Guitars, lá em BH:

Cruzando os dedos, então...  "Alea jacta est" - A sorte está lançada! :)

ADRIANO RAMOS - RDC GUITARS