Paulo May
Antes de qualquer coisa, olhem isto:
Sobre o Christian, sua história e detalhes, estamos preparando uma entrevista com vídeo que será postada em breve e já com o selo ouro de qualidade do blog.
Por enquanto, gostaríamos de dizer que essas e outras peças lindas de hardware são fabricadas aqui no Brasil, mais precisamente em Curitiba. Não apenas lindas e com acabamento perfeito, mas totalmente customizáveis e com disponibilidade de vários tipos de material para uma timbragem precisa da guitarra.
As pontes de telecaster (e outros modelos, exceto stratocaster) Bove estão disponíveis em: latão, aço inox magnetizável e aço inox não magnetizável, todos com 2 mm de espessura (mais massa, ressonância e estabilidade), com furação vintage ou moderna, além de outras facilidades que nem os americanos dispõem. É difícil de acreditar que temos um produto assim, "Made In Brazil".
Eu tive a oportunidade de testar uma ponte Bove recentemente e por coincidência, numa telecaster que eu estava tendo dificuldade para timbrar. Antes de conversar com o Christian e receber seu hardware, eu já havia (por sorte ou azar, depende) tentado 3 pontes diferentes e todas clássicas:
1 - Wilkinson Vintage, ferrosa com saddles de latão
2 - Gotoh moderna (com furação vintage), toda de latão cromado
3 - Fender Vintage, ferrosa com 6 saddles de aço.
Como vocês podem ver, exceto pela ponte Fender que não foi fotografada montada, as fotos acima comprovam que as pontes foram de fato instaladas. O captador é um Rosar Vintage Hot (protótipo - está sem logo), o melhor captador de tele que já experimentei e o padrão em todas as minhas telecasters.
Quando a Wilkinson soou meio magra e sem vida, imaginei que a Gotoh de latão resolveria o problema, mas foi para o lado oposto: suavizou demais o timbre e os médios ainda ruins, sem punch. Só me restava a Fender com saddles de aço - instalei sem muita fé e, dito e feito, foi a pior das três. Além de gerar uma ressonância anômala muito chata, provavelmente das molas dos carrinhos.
Sempre que o hardware falha dessa maneira, o culpado provavelmente é o braço ou o corpo. O braço, de flamed maple canadense em peça única (escala não é colada), já tinha sido testado com outro corpo de alder e soou bem. Restava o corpo: alder levíssimo e ressonante de duas peças da KNE (USA/California)... Putz! Difícil acreditar que ele não estava falando... Alder não é infalível, mas precisa de muito azar pra pegar uma peça ruim.
Bem, eu já me preparava pra aceitar o fato que essa tele estava condenada à uma sonoridade macia (obs: não era ruim e muita gente do country gosta - típico timbre que ouvi em algumas teles de swamp ash) quando o Christian Bove entrou em contato.
Decidimos por uma ponte com furação vintage (o corpo da KNE já veio furado pra vintage) de aço inox não magnetizável com 6 saddles de latão. Para mostrar seu poder de customização, o Christian fez um neck plate com o logotipo do blog. Ponte, neck plate customizado e control plate, todos de inox. Melhor, estraga. :)
Quando acabei de montar, a telecaster estava tão linda (tentei vários escudos, mas o branco sempre voltava) que, mesmo que soasse como antes já seria legal. Mas, pra minha surpresa e estupefação, ela cantou lindamente. A sensação que eu tive é que antes estava acorrentada e agora completamente livre. Ressonância, alcance de médios, dinâmica - tudo perfeito!
Isso é que eu chamo de sorte (dupla, por sinal)! O equipo certo na hora certa... :)
A ponte sempre é um elemento importante na caracterização do timbre de uma guitarra. No caso da telecaster, onde o captador passa a ser um "componente" da estrutura, ela é crucial. Captador é eletromagnético, portanto, sujeito às influências de metais próximos.
Assim, o material da ponte passa a ser também um modulador do timbre. Um metal que interfere no campo magnético (magnetizável) soa bem diferente de um não magnetizável (latão, por exemplo). Além da indutância que a maioria dos metais acrescenta.
Como a sonoridade final de uma guitarra é um conjunto de fatores e a maioria de difícil alteração (escala, madeiras, etc.), a ponte é um dos itens que podemos modificar na timbragem. Geralmente pontes ferrosas (magnetizáveis) tendem a soar com mais punch de médios, eventualmente degradando agudos (que, no caso de várias teles, é algo desejável).
De qualquer forma, é muito difícil saber como ficará o timbre sem instalar determinada ponte e testar o conjunto.
Nunca havia tocado com uma ponte com essas características da Bove. Claramente foi a que soou melhor - embora cada guitarra tenha suas peculiaridades, me atrevo a dizer que a ponte Bove permitiu ao captador soar livremente e reforçou as ressonâncias da guitarra. Pra mim, perfeita... E linda! :)
(PS: pra saber se o metal da sua ponte é ferroso/magnetizável ou não é só encostar um imã de geladeira nele)
A Christian Bove projeta, fabrica, finaliza e vende seus produtos. Sem atravessador. Uma ponte Bove customizada, feita artesanalmente e de qualidade impecável pode ser adquirida quase pelo mesmo preço que uma Gotoh, produzida em escala industrial. E se a gente quiser só qualidade e funcionalidade, sem muita frescura, uma ponte Bove standard tem custo benefício excelente.
Algumas fotos pra saideira:
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Em breve voltaremos com mais informações sobre a Christian Bove Custom Hardware.