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domingo, 12 de setembro de 2010

Stratocaster "Lipstick"



         Recentemente tive duas surpresas muito agradáveis com dois tipos de captadores nos quais não tinha muito interesse até então: singles "Lipstick" e P-90. A estória do P-90 fica para o próximo post, mas os "Lipstick" (Batom), que são singles desenvolvidos pela Danelectro nos anos 60 (o fio é enrolado direto numa barra de alnico e ambos cobertos por um tubo de metal - os primeiros tubos usados eram realmente sobras de tubos de batom), têm uma sonoridade única, como os singles de strato, mas com um pouco mais de corpo e menos estridência nos agudos. É um tipo de som que eu buscava nas stratos e que aparece facilmente com um captador lipstick. O interessante é que ele mantém aquele "quack" típico das stratos mas tem os médios com mais "mordida" (ou talvez, com menos agudos do que um single tradicional, os médios apareçam mais), lembrando a Telecaster. É uma sonoridade ao mesmo tempo familiar porém inédita. Muito legal.

O lipstick original da Danelectro usa barra de alnico VI e mede 8,1 cm. A versão da GFS (e o modelo SLS-1 do Seymour Duncan) é feita com 7 cm, para evitar mexer na cavidade dos captadores e escudo. No início hesitei em usá-los porque, via de regra, o tamanho da bobina é um dos fatores importantes da sonoridade de um captador. Além disso, os GFS usam alnico II. Mas após 2 minutos tocando essa guitarra, eu não pensaria em trocá-los nem por originais vintage... :)
Um esquema simples mostrando como o single Lipstick é construído:
Eu tinha ouvido e tocado uma strato com lipsticks Danelectro e resolvi montar uma: Corpo de basswood (bem suspeito, com 3 peças - postarei mais tarde) de uma strato Squier (a cor era um vinho horroroso - foi refeita) braço de uma SX... Coloquei o logo da Fender porque achei que ela possuia elementos "Fender" suficientes para tal, mas assinei também para ninguém achar que falsifico... :)
      Como sempre faço com minhas stratos, deixo apenas um pot de tonalidade para os 3 caps (nesse caso, liguei apenas os do meio e braço) e desloco o pot de volume para baixo. O local onde tradicionalmente fica o pot de volume é muito incômodo para a minha maneira de tocar - volta e meia a mão direita bate nele e inadvertidamente mexo no controle de volume.
Fiz alguns "relics" no corpo pra deixá-la com aspecto envelhecido. Tinha que fazer porque a pintura não ficou 100% perfeita (faltou capricho meu na hora de lixar hehehe). A relicagem equilibrou tudo :)



Não queria "cavar" o corpo por isso fui atrás desse set GFS com dimensões de single padrão. Podem falar mal à vontade da GFS, mas esses captadores são muito bem feitos e com material de primeira. E o som, que é o que importa, ficou melhor do que o da strato com os Danelectro.
O som, como falei, é muito legal no clean, as posições "2" e "4" mantém aquele som clássico da inversão magnética e o captador da ponte, que é um pouco mais forte, satura divinamente. Até acho que esses captadores brilham mesmo em situações de "crunch" ou leve saturação. Excelente a idéia da GFS de fazer valores diferentes de saída para cada captador.
(Juro que vou postar sons de todas as minhas guitarras, em breve.)...

Especificações
Corpo: Basswood, 3 peças, "Sherwood Green Metallic"
Braço: Maple, formato em "C", Fender.
Escala: 251/2", Rosewood, Raio: 9,5"
Tarraxas: Grover Mini Rotomatics.
Captador Ponte: GFS Lipstick 8K
Captador Meio:  GFS Lipstick 6K
Captador Braço: GFS Lipstick 4,9K
Ponte: Wilkinson WVP 2 pivôs (o bloco pesado faz toda a diferença...)
Pots e capacitor: Alpha 250K, 0.033uF



32 comentários:

  1. Nem eu! :) Depois que ouvi e gostei, fui atrás das informações. Achava que era um captador simples e ruinzinho. Ele é simples e muito bom! :)
    Abraço.

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  2. Tô curioso para ouvir o som dela...


    Além de tudo ela fico linda...

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  3. Paulo,
    Eu toquei durante 25 anos com duas Telecaster (68 e Custom 74). Em 2004 cismei de ter uma Strato e me pareceu que o ideal seria fazer com um luthier. Sem conhecimento técnico, confiei nele e gastei o que pagaria numa Fender americana. Esperei quatro longos meses e a guitarra ficou uma porcaria! Caps Seymour, ponte Wilkinson, tarraxas gotoh... E nada de som. Em 2007 resolvi descobrir porque ela era tão ruim. Comecei a estudar a construção de guitarras. Descobri finalmente que o cedro do corpo matou o som da strato e fui adiante... Comprei uma Condor RX20 (ainda a tenho) por 250 reais para ser a minha "cobaia"... E não parei mais! :)
    Tenho 26 guitarras, a maioria baratas (não ruins, baratas... :) ) e montadas e/ou tunadas por mim. Todas são boas, mas dez delas são excelentes.

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  4. Meu caro Folli...Parece até que eu mesmo escrevi a tua mensagem. Por favor, leia a última postagem. Acho que vais achar muito interessante...
    Abraço!

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  5. Olá Paulo,

    Gostei muito do seu blog. Caí aqui pois estava pesquisando mais sobre os p90 e esse post quase foi sobre eles ;)

    Me diga uma coisa: estou muito afim de ter uma solid body com os p90, e o modelo mais acessível e interessante para mim é uma edição da squier: Vintage Modified Tele® Custom II

    Mas como não encontrei em nenhuma loja para ver e manusear, fique com um pouco de receio. Tenho uma boa opção para traze-la de fora mas terá que ser uma compra as cegas.

    Você possui ou já tocou algum modelo parecido? O corpo é de Agathis, madeira asiática q pelo que vi nos fóruns se assemelha ao cedro...

    Tenho uma epiphone SG special com a qual aprendi a tocar e que já precisa ser guardada somente como recordação... gosto muito do simplismo das sgs.

    Por isso fiquei muito interessado em uma Epiphone Ltd Ed 1966 G-400... com o corpo de walnut (nogueira), tarraxar especiais, Alnico Classic humbucker...

    Sei que para meu som seria interessante buscar a p90, sempre toco com pouco crunch mas os modelos mais bacanas dela não posso comprar por enquanto. E ao mesmo tempo tenho certeza de que a sg da epiphone será uma boa e robusta guitarra... a squier consigo por uns 950 reais e a epiphone por uns 1150.

    Sei que são guitarras simples, mas provavelmente passarei um bom tempo tocando e me divertindo com a que eu comprar. Considerei até a possibilidade de comprar a sg e instalar uns soap bar nela, mas não faço idéia do resultado...

    Se você puder dar sua opinião, ficarei muito grato.

    Um abraço
    Fabricio

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  6. Fabrício, a próxima guitarra que vou postar (nesse final de semana) é uma com os P-90. Vou aproveitar a tua pergunta e colocá-la no contexto explicativo.
    Mas posso te adiantar que guitarra de Agathis geralmente não é boa (ainda mais para P-90).
    Com certeza terás mais informações para decidir.
    Abraço!

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  7. Muito obrigado Paulo!

    Eu ouvi uma LP com os P90 e achei o máximo. Era ela e um Marshall somente, e o rapaz tocou em várias posições do drive... existe uma certa mágica... Definitivamente gosto do som dos HB, mas os P90 tem mais poder dentro de sí, ao mesmo tempo que tem a vida que os single possuem.. achei ótima a resposta dos p90 a uma distorção maior.

    A minha banda nem tem baixista, minha guitarra precisará ter uma boa saída de graves, sem perder a graça dos agudos. E também tenho um ataque mais fortes as cordas... sempre usei ponte fixa, cordas grossas, etc...

    É uma pena que o custo baixo geralmente significa uma madeira bem inferior... Sinto cada vez mais que pagando pouco não terei uma guitarra capaz de entrar em um estúdiozinho e encarar um palco pequeno vez ou outra... Se eu for comparar ao custo de equipamento fotográfico, que estou realmente por dentro, com um valor menor você compra uma câmera semi-pró e pode tranqüilamente usar para trabalhar, ou como segunda câmera... Guitarra, só se vc trocar a parte elétrica, as tarraxas... e ainda assim a madeira nunca será aceitável...

    Um grande abraço
    Fabricio

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  8. Fabrício, já postei a minha guitarra com P-90.
    Realmente, a madeira é responsável por grande parte da sonoridade da guitarra. De nada adianta ter uma guitarra com tudo "top" e madeiras ruins.
    Abraço!

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  9. Caro Paulo May,

    Achei interessante esta postagem da Strato com os captadores "lipstick". Além de ter ficado muito bonita, interessou-me pela sua descrição:

    "... mantém aquele "quack" típico das stratos mas tem os médios com mais "mordida", lembrando a Telecaster."

    Cara, estou "precisando" de um som assim... rsrsrs. Estamos com a possibilidade de fazer o mesmo, ou seja, instalar captadores "lips" ou em uma Tagima T635 (dos anos 90) ou em uma Condor GX40 (recém comprada). Dentre essas duas, qual vc acha que ficaria com o som mais próximo ao que vc descreveu? Gostaria do "quack" típico de strato mas sem aqueles agudos estridentes demais.

    Abração!

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  10. Leo, é um quack algo mais discreto, macio, mas tá lá... :)E com certeza menos estridente que um single padrão. Esses lipstick da GFS têm uma sonoridade bem "low gain", sabe? Da pra ouvir a palhetada, o estalo... timbre orgânico/vintage, ideal pra tocar blues num amp valvulado quase num crunch...
    A Condor é a GX40A? De ash? Pode ficar bem legal, mas é bom lembrar que a cavidade dos caps dessa guitarra é do tipo "piscinão" - pode soar um pouco mais magra. Se a Tagima for de cedro, não tenho a mínima idéia de como ficará... Do cedro já desisti faz tempo... :)
    Abraço!

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  11. Diz ae onde é que se compra esses brinquedos, gostei bastante do aspecto deses lipsticks eo lulu santos ja tocava com uma guitadanelectro com essacaptação, pretendo me organizar e comprar uma strato em breve, será com certeza uma opção.

    rogeriokennison@hotmail.com

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  12. Esses GFS não são lipsticks iguais aos originais Daneletro.
    São adaptados para o escudo e cavidade padrão de stratocaster e usam alnico II e não VI.
    Só podem ser comprados via site da Fetish Guitar:
    http://store.guitarfetish.com/GFS-Pro-Tube-Lipstick-Fits-Strat-CHROME-_c_188.html

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  13. cara estou com uma grande dúvida...quero comprar os 3 caps Lipstick Tube Seymour Duncan, estou com medo dele ser com saída moderada como usava uma strato com hot rails tenho medo de dar muita diferença na saída...alguem poderia me ajudar?

    abs

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  14. Flávio, sair do HotRails e entrar num Lipstick será um choque! :)
    Esses caps Lipstick têm baixo ganho, o mesmo (ou até mais)nível de ruído que os singles comuns, mas um som muito legal pra coisas que vão do blues, pop, até o rock clássico. Obviamente não servem pra nada muito pesado (embora não exista regra definitiva pra isso). Gosto muito deles mas não são os meus preferidos pra tocar toda hora não... :)

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  15. FLAVIOHILMER@HOTMAIL.COM19 de agosto de 2011 às 04:46

    Bom dia Paulo!Obrigado por me responder, hj tenho novidades, montei minha strato com Lipstick Tube da Seymour Duncan e tarraxas Gotoh, a guita tem corpo em alder e escala rosewood, o timbre e muito bacana, aparencia show, com relação ao ganho superou minhas expectativas, pois esse cap da Seymour é qualificado pelo fabricante como High Output, se quiser me massa seu e-mail q t mando as fotos...abs

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  16. Legal, Flávio! :)
    Fui no site da Seymour e vi que eles usam Alnico VI, como os originais Danelectro. Mas são de baixa saída - o da ponte é um pouco mais forte (não encontrei os valores no site), mas não deve passar de 8k.
    Mas o que interessa é que gostasses deles!:)
    Abraço!

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  17. Oi Paulo, sua guitarra ficou linda!!

    Tenho deslumbre por esses caps lipstick, me agrada muito o designer deles. To seriamente pensando em adquirir um jogo desses da GFS, mas to na dúvida porque eu adoro a pegada bluseira, mas também toco muuuito reggae e rock pós punk e indie no estilo, the killers, joy division, the libertines, strokes, the cure, franz ferdinand, the smiths, artic monkeys e todos nessa linha.. aí fiquei pensando será que esses caps satisfazem pra esse estilo?

    Minha guitarra é em ash escala rosewood..
    Muito obrigado, mas uma vez excelente blog.

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    1. Vika, por mais charmosos e bons que possam parecer, esses lipsticks tem ruído de single comum e ficam meio incontroláveis com muita saturação. Servem pra metade do que citaste, mas a outra metade, não garanto.

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  18. Kra muito show. Ta de parabéns. To aprendendo muito com vc. Queria saber se vc sabe algum site que venda ótimos lipstick's.

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    1. Poucos produzem esses lipsticks, Marcelo. E só aparecem raramente aqui pelo Brasil. Os GFS são bons e baratos. Os Seymours, bons e caros.
      Coloquei os respectivos links no texto do post.

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    2. Paulo, o Sérgio rosa nunca cogitou a possibilidade de comercializar os lipsticks?
      To te perguntando pq pelo seus post, vc parece ter uma afinidade com o ele.
      Tenho ums caps dele que comprei por sua recomendação e ñ me arrependo. São bons mesmo.
      Tenho certeza que Sérgio ñ iria se sair mau nos lipsticks.

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    3. Definitivamente não valeria a pena investir na produção de lipsticks, Marcelo. O mercado atual está dominado por captadores de alto ganho - mais de 80% das vendas do Sérgio Rosar é desse tipo.

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  19. Paulo, fiquei curioso a respeito de suas 10 stratos excelentes... Oque tornou elas guitarras excelentes na sua opinião? Abraço

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    1. Não me lembro de ter dito que eu tenho 10 stratos excelentes... Tenho várias boas, as ruins foram desmontadas e acredito que devo ter 3, no máximo 4 que poderia chamar de "excelentes". E tudo isso é apenas baseado no meu gosto pessoal quanto à timbre e tocabilidade.

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  20. Ok, é que li num comentário seu anterior: "...Tenho 26 guitarras, a maioria baratas (não ruins, baratas... :) ) e montadas e/ou tunadas por mim. Todas são boas, mas dez delas são excelentes..." e como tu estava falando em tipos de madeira para o corpo de strato, achei que você tinha 10 stratos que considerava excelente.... Na sua opinião quais as melhores madeiras para strato?

    Abraço Cassio.

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    1. Cassio, desculpe me intrometer e não me leve a mal, mas tenho que sugerir que vc leia os outros posts do Blog. Está bem claro que tanto o Paulo como eu preferimos as madeiras chamadas clássicas para Strato. Ou seja, Alder ou Ash para corpo , Maple para braço e Maple/Rosewood para escala. O Paulo conseguiu alguns bons resultados com Marupá. Essa pergunta é feita pelo menos umas 2-3 vezes por semana em diferentes posts e sempre postamos as mesmas respostas. Novamente, não me leve a mal, mas responder perguntas repetitivas toma-nos tempo que poderiamos usar para elaborar novos posts com assuntos diferentes e igualmente interessantes.
      Um abraço

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  21. Oi Oscar, sem problemas. Agradeço pelas dicas, pois não sabia deste ocorrido, sou novo por aqui. Vou dar uma vasculhada nos posts, grande abraço.

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  22. Olá, Paulo e Oscar! Com relação à pintura, saberiam dizer qual tinta foi utilizada? Gostaria muito de pintar a minha LTD em Candy Apple Red, porém em nitrocelulose... Aqui no Brasil não consegui encontrar nada, sendo que no exterior eles vendem kits prontos. A escolha da nitro é mais pelo envelhecimento com o tempo... Obrigado!

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    1. Essa pintura foi feita numa oficina/funilaria. Solicitei o mínimo possível de camadas já que era PU. Existem oficinas que trabalham com nitro - principalmente aquelas que restauram carros antigos, mas nitro demora muito pra finalizar/secar, etc. É mais caro, com certeza.
      Aqui em fpólis não conheço nenhuma que trabalhe com nitrocelulose, mas em SP e outras grandes capitais deve ter.

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  23. Faz tempo que não perguntam aqui hein kkkkk
    Paulo e Oscar acham que ainda vale comprar os GFS em 2018? sera que mudou algo?

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    1. Eu comprei SSS da linha PRO. São muito bacanas. E X C E L E N T E custo x benefício!

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