Páginas

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Leo Fender e a história do show de Placentia em 1947

Paulo May

          Depois de ler tantos livros sobre guitarras, história da Fender, Gibson, etc., está claro pra mim que o verdadeiro criador da guitarra elétrica moderna é Paul Bigsby (e olha que eu ainda nem li o livro sobre ele - veja as fontes no final do post) e não Leo Fender.
Les Paul, então, nem pensar. Ele nunca chegou perto disso e a Gibson Les Paul Model é filha legítima do presidente da Gibson na época, Ted McCarty. Les Paul é, no máximo, "padrinho" dela...

Semana passada eu estava lendo (pela segunda vez) o livro "Fender: The Inside Story" do (antigo diretor da fábrica) Forrest White e por causa de um trecho onde ele comenta sua visita pessoal à oficina de Paul Bigsby na cidade (próxima de Fullerton) de Downey e cita em seguida uma carta de Merle Travis contando o episódio de Placentia, fiquei curioso e fui no Google Maps para checar a distância entre Fullerton, Downey e Placentia. Nesse momento, me lembrei que nessa época Les Paul morava em Los Angeles. Para minha surpresa, as quatro cidades estão todas numa raio de cerca de 50 km. Aí juntei os meus livros, liguei alguns fatos e datas e descobri algumas coisas muito interessantes. Pra escrever tudo isso foi um trabalho danado, mas me senti na obrigação de dividir com vocês.

Vamos à história:




          Merle Travis (1917-1983) era um conhecido cantor e guitarrista de "Country & Western" que fez sucesso entre décadas de 40 a 60 do século passado. Um de seus hobbies era motociclismo e foi através dele que conheceu Paul Adelburt Bigsby (1899–1968), ou "P. A. Bigsby" hoje famoso pelo vibrato que recebeu seu nome, mas na época um habilidoso e genial engenheiro de motos (vide história da Crocker Motorcycles) e luthier.

Em 1947, Merle pediu a Bigsby que lhe fizesse uma guitarra elétrica mais prática, eficiente e com mais sustain. Sugeriu várias coisas, entre elas o desenho do headstock e tarraxas em linha. Bigsby já tinha experiência com guitarras tipo "pedal e lap steel" e em duas semanas entregou a guitarra para Travis, com seu nome (Bigsby) incrustado em madrepérola no headstock e o de Merle Travis no escudo de rosewood.
A guitarra pode ser vista numa das poucas fotos coloridas de Travis na época:


Paul Bigsby fez a guitarra toda de birdseye maple, com braço tipo "through body" esculpido direto no corpo semi-sólido, laterais coladas, escala de rosewood e captador "single blade". Tudo feito à mão, inclusive as peças de metal. A parte de trás foi fechada com uma peça de plástico/bakelite branco.
Seguem várias fotos com detalhes da guitarra:

Tecnicamente, uma guitarra (semi) sólida esculpida com "câmaras". Um tipo de construção utilizado nas Rickenbaker até os dias de hoje. A ideia de passar as cordas através do corpo foi genial e esse detalhe, somado ao padrão do headstock com seis tarraxas em linha foi copiado pelo Leo Fender.

Fotos da parte de trás:


         Leo Fender conhecia Merle Travis e Paul Bigsby. Na verdade, Leo morava em Fullerton e Bigsby em Downey, cidades separadas por apenas 27 km. Segundo declaração escrita do próprio Merle Travis, no final de 1947, num sábado, Leo Fender foi de Fullerton até outra cidade próxima (apenas 5,3 km), Placentia, para assistir ao show de Cliffie Stone com Merle Travis. Essas três cidades ficam numa região perto de Los Angeles conhecida como "Orange County", na época grande produtora de laranjas.

É fato, portanto, que Leo Fender e Paul Bigsby eram praticamente "vizinhos": Veja a região do mapa da califórnia:


Após o show, Leo pediu a guitarra de Merle "emprestada" por uma semana porque queria construir uma igual. Merle emprestou  e na outra semana, Leo trouxe uma guitarra semelhante, obviamente não tão bem acabada, com corpo também semi sólido, braço parafusado e com 3 tarraxas de cada lado. Segundo Travis, uma "boa e eficiente guitarra"... Mas a história desses dois para por aí, por enquanto.

A guitarra Bigsby de Merle Travis fez muito sucesso na época e obviamente vários guitarristas correram até Paul Bigsby para que ele lhes fizesse uma cópia. Mas Bigsby tinha uma personalidade singular, fazia tudo sozinho, manualmente e não tinha muita paciência para produções em série.

Fez algumas guitarras para uns poucos músicos famosos e chegou a montar uma pequena fábrica em 1949, inclusive com publicidade:




Paul "P. A." Bigsby.

Propaganda da guitarra Bigsby. No final, o tremolo Bigsby fez tanto sucesso que a empresa abandonou as guitarras e concentrou-se apenas nele.

O que Leo Fender fez, na verdade, foi aperfeiçoar e simplificar o projeto de Paul Bigsby. Leo Fender era um gênio, mas à sua maneira. Ele tinha o dom de descobrir os problemas técnicos e de produção dos equipamentos e instrumentos. Percebeu que a guitarra de Bigsby era complicada de manufaturar, principalmente devido ao trabalho de "escultura" do braço e corpo e optou por uma versão final totalmente sólida com braço parafusado. Melhorou o captador e fez uma guitarra muito mais fácil de construir e tão ou mais eficiente: a Broadcaster (mais tarde Telecaster), que foi apresentada ao público pela primeira vez na NAMM de 1950. Leo Fender sempre colocava como prioridade o aspecto prático e funcional de seus produtos. "Simples, funcional e fácil de fazer e consertar" era seu slogan pessoal :)

A Fender relançou há algum tempo uma cópia Custom Shop do primeiro protótipo da Broadcaster/Telecaster. Provavelmente similar ao que Leo Fender fez para mostrar a Merle Travis. É importante observar que os dois primeiros protótipos (o primeiro com 3 tarraxas de cada lado e um shape de headstock conhecido como "snakehead" e o segundo já com as tarraxas em linha) eram, assim como a Merle Travis de Bigsby, semi acústicas, ocas (segundo declaração do próprio George Fullerton). A terceira versão já foi totalmente sólida e com corpo de swamp ash e não de pinus, porque Fender percebeu que a totalmente sólida tinha ainda mais sustain.
Broadcaster, 1º protótipo (cópia atual)


Broadcaster, 2º protótipo (original - guardada por George Fullerton)


O sucesso da Telecaster, que podia ser encontrada em lojas, ao contrário das Bigsby que dependiam do humor de Paul, foi o início "oficial" da história da guitarra elétrica moderna.
Mas Paul Bigsby jamais poderá ser esquecido, Ele inventava. Leo aperfeiçoava (às vezes tanto que criava de fato algo novo, como o tremolo da stratocaster, tecnicamente superior ao Bigsby).

Sobre a questão do headstock, Leo nunca abriu mão. Ele sempre declarou que o headstock da Stratocaster, tão semelhante ao da Bigsby/Merle Travis, foi baseado em alguns modelos de guitarras acústicas da europa oriental (Croácia) que ele havia visto em um livro. O guitarrista de steel guitar "Speedy West" confirmou a Forrest White a história e disse que tinha certeza que Merle Travis havia visto o desenho daquele headstock no mesmo livro.

Então ficamos assim: os headstocks da Merle Travis e da Stratocaster são baseados em antigos violões da Sérvia/Croácia e ponto final...




Uma breve pesquisa na internet nos revela uma série de fotos, algumas do século 19, de instrumentos de corda da região da Sérvia e Croácia, chamados geralmente de "Tamburitza/Taburica". A maioria têm o famoso padrão de headstock com seis tarraxas em linha utilizado por Paul Bigsby e Leo Fender.


Encontrei várias fotos antigas de grupos folclóricos sérvios e croatas (até nos EUA) com tamburitzas. Na foto acima, um grupo de Ohio. Na foto abaixo, elas na capa de uma edição da "Guitarmaker". Portanto, o design é anterior ao de Merle Travis.




E Lester William Polfus, vulgo Les Paul, onde entra nisso? Pois é, a história é mais interessante ainda...

...É fato que por volta de 1941 Les Paul tentou aumentar o sustain de uma guitarra elétro acústica prendendo o braço e as laterais de uma Epiphone em um bloco de Pinus sólido central, onde colocou dois captadores bem primitivos. Ele chamou essa guitarra de "The Log" ("O Toco"). Les notou uma evidente melhora no sustain e diminuição da microfonia - os dois maiores problemas das guitarras elétricas da época. Em 1946 ele tentou convencer Maurice Berlin, presidente da CMI (Chicago Musical Instruments - conglomerado que controlava a Gibson desde 1944) a aperfeiçoá-la e produzi-la comercialmente, mas ele recusou, sem hesitação.
Eis a "The Log":

The Log - 1941/42

O toco de Les Paul era na verdade uma enorme guitarra acústica com o centro sólido. Estava bem longe de ser uma guitarra elétrica moderna como conhecemos. Em seguida ele criou a "Clunker", ainda grande, com cara de acústica mas um centro sólido não aparente (interno) e uma placa de metal por cima. A Clunker era outra Epiphone "tunada" :).
Com a Clunker, mas não necessariamente por causa dela, Les Paul começou a fazer sucesso. A Clunker provavelmente foi finalizada após sua mudança para Los Angeles em 1943, para acompanhar Bing Crosby. Ela aparece em várias fotos após 1943 e nela há um detalhe que quase ninguém percebeu: o captador da ponte é um single blade Paul Bigsby. Analise a foto da Clunker:
"Clunker"

Mas o ponto crucial aí não é a guitarra, o início das gravações multi pistas/multitrack ou do próprio crescente sucesso de Les Paul. É o fato dele ter ido morar em Los Angeles, a apenas 21,5 km da cidade de Downey, onde morava Paul Bigsby e a 41,3 km de Fullerton, onde estava Leo Fender.
Incrível! Esses três homens que fizeram a história da guitarra moderna estavam, na mesma época, tecnicamente no mesmo local!
Não por mera coincidência, Paul Bigsby estava no epicentro dos acontecimentos, em Downey... :)


          Les Paul já admitiu em entrevistas que conheceu ambos nessa época e o captador da Clunker é prova disso.
Seu contato com Bigsby, entretanto, era muito maior do que a história conta: Les Paul sofreu um sério acidente de carro em Oklahoma em 1948 - quebrou vários ossos, entre eles o cotovelo direito. Ficou quase um ano e meio "de molho", apenas fazendo experiências com gravações multitrack (foi o engenheiro Jack Mullen quem de fato construiu o primeiro Ampex Model 200, Les usava vários gravadores comuns de rolo somando tomadas entre eles), captadores e guitarras.
Nesse período aproximou-se ainda mais de Paul Bigsby, que construiu uma guitarra sólida pequena e mais leve para que ele pudesse tocar com o braço engessado. Les nunca mencionou essa guitarra e chegou a negar a sua ligação com ela, porém teve que voltar atrás e admitir que realmente a possuiu, porque no template do corpo há (claramente) a sua assinatura pessoal:


Essas fotos acima são do protótipo feito por Paul Bigsby para Les Paul, por volta de 1948. O protótipo e o template assinado por Les Paul só foram descobertos/encontrados em 1999, quando a companhia Bigsby (que na época estava em Kalamazoo) foi vendida por Ted McCarty (sim, o antigo presidente da Gibson que criou a Les Paul e a ponte Tune-o-Matic - já chego nele...) para a Gretsch.

Les Paul finalmente então admitiu que assinou o template, recebeu a guitarra de Bigsby, "brincou" um pouco com ela e colocou-a num canto. Ela voltou para New Jersey com ele e lá um dos seus vizinhos "pode tê-la guardado".
Há poucos anos um homem (que prefere manter-se no anonimato) comprou essa guitarra da foto abaixo em New Jersey (onde Les Paul morava nos últimos anos até sua morte), numa "garage sale" bem perto da rua de Les Paul:


"Bigsby Les Paul" original, com um captador P90 colocado, provavelmente, pelo próprio Les Paul"

Então...Até o hamster aqui de casa concluiu que essa guitarra era de Les Paul. O template assinado por Les sugere que ele queria de fato um corpo daquele tamanho e foi decisão sua, não de Bigsby, que por sinal tinha mais bom gosto...

Até agora, só vimos guitarras feias de Les Paul (não tô querendo desmerecer o homem, mas só fixar nos fatos e fotos da época). Então, como ele chegou nessa beleza da foto abaixo, de uma hora pra outra? :


Resposta: Gibson! Quem fez essa guitarra foi a Gibson, sob supervisão e interferência pessoal de seu presidente na época, Ted McCarty. Segundo McCarty, a Gibson acompanhou o estrondoso sucesso da Fender com sua Telecaster durante um ano e no final de 1951 resolveu construir sua própria "solid body".

Duas coincidências trouxeram Les Paul para esse projeto: em 1951 ele e Mary Ford eram os artistas de maior sucesso nos EUA, inclusive com um programa semanal na TV. O presidente da CMI, que controlava a Gibson, Maurice Berlin, lembrou: "esse cara que tá estourando nas rádios é o maluco que esteve aqui em 1946 com aquela guitarra estranha".
Ted e Maurice acharam que seria uma excelente jogada de marketing associar Les Paul à guitarra. Entraram em contato, discutiram os royalties (5%) e Les disse que queria ver a guitarra para "aprová-la". A guitarra que Les Paul viu pela primeira vez - e foi levada até ele em uma casa de campo/estúdio na Pensilvânia pelo próprio McCarty já era (quase) essa da foto acima. O top ainda era flat, não tinha os frisos no braço, a ponte provavelmente era do tipo da ES335 e não era dourada. Les Paul gostou mas solicitou que pintassem o top de dourado, porque o dourado passava uma ideia de "rico, caro, soberbo" e mudou a ponte do tipo ES-335 para o modelo "trapézio".
Detalhe da ponte de uma ES-335 de 1950 (se tivessem mantido essa ponte na LP original, a entonação e tocabilidade seriam muito melhores):

Das exigências de Les, o dourado, tudo bem, mas a mudança da ponte praticamente inutilizou a tocabilidade das Les Paul lançadas no primeiro ano (a LP foi lançada oficialmente em julho de 1952). A Gibson desenvolveu a guitarra inicialmente com pouca angulação do braço e quando as cordas passavam por cima da ponte tipo trapézio, a ação ficava extremamente alta. A solução emergencial foi passar as cordas por baixo, comprometendo a entonação e impedindo o "palm mute". Isso foi corrigido em 1953 com o aumento do ângulo do braço e substituição da ponte trapézio por uma stoptail/stopbar única, angulada para melhor (mas ainda não ideal) entonação.

Em 1955, finalmente a Gibson/McCarty desenvolveu a ponte Tune-o-Matic (a patente é dele)

Em suma, Ted McCarty e uma equipe de não mais do que cinco empregados da Gibson desenvolveram uma das mais clássicas guitarras de todos os tempos e no final Les Paul colocou o nome e fez uma alteração técnica ruim. McCarty relatou que os testes com madeiras foram intensos e longos, mas a melhor combinação acabou sendo o corpo e braço de mogno, escala de jacarandá brasileiro e top de maple. Maurice Berlin sugeriu o top escavado tipo violino porque acrescentaria mais "classe" e beleza e aumentaria a diferença de sua competidora simples e despojada, a  Fender Telecaster.
Les Paul só aceitou o top escavado porque certamente não queria contrariar Berlin, mas a maioria de suas LP pessoais eram com tops flat. Outro fato que corrobora a fraca participação de Les Paul na síntese da guitarra que levava seu nome eram as modificações que ele frequentemente fazia em seus modelos, com captadores de baixa impedância, elétrica, trastes, etc.

Les Paul (com Ted McCarty) na Gibson: ele só ia na fábrica para fotos publicitárias - nunca participou diretamente dos projetos.

A LP Custom "Fretless Wonder" foi outra cuja cor foi sugerida por Les porque com "uma guitarra e smoking pretos, todo mundo vai prestar atenção nas mãos do guitarrista". :)

Em 1957, Seth Lover criou o Humbucker PAF(a pedido de McCarty), em 1958 os tops passaram a ser figurados com pintura sunburst e o final da história todos conhecemos...

          Mas esse post era pra acrescentar alguns fatos extremamente relevantes não sobre o final mas sim o início da história da guitarra sólida. Fatos claros comprovam que Leo Fender e Les Paul tiveram em suas mãos guitarras de Paul Bigsby anos antes da Telecaster e da Les Paul e que suas guitarras tinham alguns elementos estéticos e técnicos das guitarras de Bigsby.

Não acredito que houve, em nenhum momento, intenção de plágio. Mas nessa história o personagem central é, sem sombra de dúvida, Paul Bigsby. Leo Fender? Tão importante quanto: ele pegou a ideia de Bigsby, aperfeiçoou-a e popularizou a guitarra elétrica, criando a ainda hoje fantástica e maravilhosa Telecaster, com sua simplicidade brutal. Ted McCarty? Um injustiçado. A "Era McCarty" (1950-1966) foi a melhor de todos os tempos da Gibson e sua Les Paul, complexa e cheia de classe, é o contraponto perfeito da Telecaster. Essas duas guitarras (coloco também a Stratocaster, que só nasceu em 1954) foram o fundamento de todas as outras que surgiram. Les Paul? Tem seus méritos, mas eu acho que o principal é que ele estava no lugar certo na hora certa.


PS: Ted McCarty comprou a Bigsby em 1966, após sair da Gibson, fechando curiosamente o nosso círculo de personagens... :)



Fontes:
Livros:
Fender: The Inside Story (Forrest White)
50 Years of the Gibson Les Paul (Tony Bacon)
Six Decades of the Fender Telecaster: The Story of the World's First Solidbody Electric Guitar (T. Bacon)
The Les Paul Guitar Book (Tony Bacon)
Million Dollar Les Paul: In Search of the Most Valuable Guitar in the World (Tony Bacon)
The Fender Telecaster (A. R. Duchossoir)
The Fender Stratocaster (A. R. Duchossoir)
Interactive Gibson Bible (Dave Hunter)
The Guitar Pickup Handbook (Dave Hunter)

Esse eu ainda não tenho mas consegui vários trechos na internet:
The Story Of Paul A. Bigsby: The Father Of The Modern Electric Solidbody Guitar (Andy Babiuk)

Internet:
THE BIGSBY FILES (Deke Dickerson)
Antique Vintage Guitars Info
House Of Twang (Gerard Egan)
Wikipedia
Google Maps



92 comentários:

  1. Muito bom o texto, mas eu não posso concordar que o tremolo de stratocaster é superior ao bigsby. Acho que eles tem aplicações diferentes, e eu particularmente prefiro o segundo. Acho que a maior área de contato com o corpo deixa a guitarra com mais sustain, sem perder o vibrato.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nesse ponto pode até ser Caio, mas vamos concordar que a Bigsby não tem a funcionalidade toda de uma ponte de strato não é mesmo? :-D

      Excluir
    2. Concordo. Só o que eu quero dizer é que, dependendo da situação, o bigsby ainda tem suas vantagens. Gosto do bichinho :)

      Excluir
    3. COm certeza! Bigsby tem seu charme! :-) Mr Brian Setzer que o diga!!

      Excluir
    4. Prefiro mil vezes a Bigsby do que a ponte da stratocaster. Acho melhor vocês atribuírem o fato da ponte de strato ser melhor ao gosto pessoal. O fato dela ter mais funcionalidade não a torna "melhor" e pronto. Não dá pra comparar as duas... É questão de gosto e timbres. Eu prefiro a Bigsby.

      Excluir
    5. Renato, por favor não entenda mal. Historicamente o tremolo de Strato foi uma evolução a Bigsby, adicionava várias opções que a Bigsby não oferecia e por isso é considerada "tecnicamente melhor". Certo? Não quero nem quis dizer que todos temos que gostar mais dela do que a Bigsby por causa disso! Gosto pessoal de cada um (inclusive o nosso) não se discute nunca. Eu mesmo acho a Bigsby um charme a parte!! :-D

      Excluir
    6. Renato e Caio: minha primeira telecaster veio com uma Bigsby, em 1980. Conheço de cabo a rabo esse vibrato/tremolo e também muito sobre a ponte da strato. Em termos de funcionalidade, não há o que discutir - o Fender é superior e não fui eu que decidi isso. Gosto pessoal é outra coisa. Eu não gosto de pontes móveis, incluindo todas.:)

      Mas a questão aí é que esse é um detalhe ínfimo e distante do foco do post. Tão microscópico que vcs nem deveriam se incomodar com isso.

      Excluir
  2. A arqueologia dos instrumentos, principalmente guitarras, é um assunto fascinante, parabéns mesmo. Eu só gostaria de tirar uma dúvida: um amigo disse que teria lido uma história das primeiras teles. Segundo essa suposta fonte, Leo Fender teria observado que muitos músicos de baixo poder aquisitivo, na maioria negros, eram excelentes artistas sem condições de adquirir uma guitarra cara como uma Gibson. Por isso ele teria projetado a Tele para atender a esse público, com uma guitarra eficiente mas de construção mais rápida e barata. Isso inclusive levou muitos músicos a trocar o violão pelo guitarra.
    Essa história procede?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É por ai mesmo Sergio! A Fender sempre teve o intuito de ser um instrument barato e de fácil construção e manutenção. Nascia a tele! A Gibson sempre foi sinônimo de LUXO e BELEZA!

      Excluir
    2. Outra coisa que merece um estudo é o headstock da Strato. Já notou que parece muito um headstock da família dos violinos, de perfil e ao contrário?

      Excluir
    3. Já completei o post e acho que ele esclarece essa questão do headstock. Confirme depois, Sérgio.

      Excluir
    4. Que trabalho impressionante esse. Não apenas desmistifica e desmitifica a evolução da guitarra moderna, como também promove maior justiça aos principais nomes que contribuíram nessa evolução numa homenagem póstuma. Espero que leiam o seu blog nos EUA também. E reforço o pedido do amigo lá embaixo: cite suas fontes. Seu trabalho é digno de destaque.

      Excluir
    5. Obrigado, Sérgio,
      Acrescentei as fontes (maioria) com links no final do post

      Excluir
  3. Interessante como essa guitarra Bigsby engloba conceitos da Stratocaster e da Les Paul.

    ResponderExcluir
  4. Fascinante! No aguardo da segunda parte :)
    André Carvalho

    ResponderExcluir
  5. Olá Paulo! Muito tempo não comento, mas sempre estou acompanhando! Queria fazer um pedido, se você puder atender. Li todos os posts do blog (sim, todos!) e não lembro (posso estar errado) de ter visto um post que falasse sobre semi acústicas, indicações, avaliações, construção etc. Já li pequenas citações.Sei que não é muito a sua praia, mas se pudesse falar um pouco do que sabe seria bacana! Grande abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Renato, eu tenho apenas duas semi acústicas e uma delas, Gretsch, adquirida há pouco tempo. Quando me sentir mais gabaritado pra falar sobre elas, com certeza o farei.

      Excluir
  6. Respostas
    1. Obrigado, Vicente. Esse foi bem cansativo, mas há tempos eu queria falar sobre isso. :)

      Excluir
    2. E ficou ainda melhor com as informações no final sobre Les Paul :)

      Excluir
    3. Pois é... Na verdade a história que eu queria contar há tempos era essa do Les Paul - aproveitei a deixa do post! :)

      Excluir
  7. Fantastico o post!!! Parabens !! Até fui lendo lentamente pra não terminar kkkk! Muito bom. Abs. Rodrigo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado!
      Já acabei... Acho que terás que ler novamente, porque acrescentei alguns detalhes gerais :)

      Excluir
  8. Ola Paulo, fantastico o texto, sempre acompanho o blog. No post você comenta sobre os muitos livros que ja leu sobre o instrumento e as historias, poderias indicar alguns e dar uma fica de onde encontrar? Abraços, Carlos Ropelato Junior

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Avante, o melhor lugar pra livros de guitarra é na Amazon.com. Eles entregam no Brasil e livros não pagam imposto!! Eu comprei todos os meus lá!

      Excluir
    2. Acrescentei as fontes com links no final do post

      Excluir
    3. Muito obrigado!! Carlos Ropelato Junior

      Excluir
  9. Grande Paulo! Mais uma publicação que já nasce como uma referência sobre o assunto.
    Paulo, já assistiu àquele pequeno documentário "Everything is a Remix"? Pergunto porque, apesar de não concordar completamente com ele, algumas ideias são realmente muito interessantes e elas pipocaram bastante enquanto eu lia seu texto hehe
    A publicação traz os fatos de forma muito clara e objetiva, com as datas, as fotos mostrando os detalhes e tudo mais. Mas as subjetividades do contexto em que esses fatos ocorreram não temos como conhecer integralmente. E isso pesa, creio, na hora de atribuir a "criação" de algo tão inovador a uma ou outra pessoa. Quem sabe haja ligações (subjetivas ou objetivas) entre aquelas bizarrices propostas inicialmente pelo Les e o pedido de Merle Travis ao Bigsby para lhe construir uma guitarra com mais sustain... hehe

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vi parte dele e concordo com o título, que de certa forma é uma tradução moderna da máxima de Lavoisier. Acrescente a teoria dos "seis graus de separação" e todos esses conceitos servem como substrato para o que eu escrevi, não achas? :)

      Excluir
  10. Simplismente fantástico este texto. Obrigado pela contribuição histórica deste instrumento que amamos.

    ResponderExcluir
  11. Paulo, mais um post fantástico! Quando falamos em vc escrever um livro, é exatamente por conta do seu conhecimento (teórico e prático) no assunto e dessa concatenação de fatos e ideias, além da sua forma clara, direta e didática de escrever. Pense nisso! E, como sempre, parabéns pelo post!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sid... Sempre positivo e sensato. :) Gostaria muito de ser tão superlativo quanto sugeres, mas infelizmente não dá... E não é falsa modéstia porque já tô numa idade de saber a real e admiti-la.

      Mas por coincidência, eu realmente pretendo escrever um livro, porém não será sobre guitarra e sim sobre um método que desenvolvi na minha área médica. Vamos ver se terei uma fração dessa capacidade que mencionas :)
      Abraço e obrigado pela visita, meu velho amigo!

      Excluir
  12. Olá Paulo!

    O seu artigo está excelente e muito bem estruturado, no entanto, há uns pontos neste que me parecem incorrectos, como por exemplo o facto dos dois protótipos de Fender que aqui aparecem serem chamados de "Broadcasters", quando na realidade este modelo só aparece em Outubro de 1950 (até Janeiro de 1951) com dois pickups, corpo em freixo e "truss-rod" no braço. A "Esquire", essa sim, foi o 1º modelo de corpo sólido lançado pelo Fender (Junho de 1950) com um único pickup, corpo em madeira de pinho e sem "truss-rod". Existem também "Esquires" com dois pickups lançadas entre Junho e Setembro de 1950, mas foram construídas cerca de 5 unidades, pelo que são extremamente raras.

    De salientar também que a ideia de Fender ao construír um corpo de guitarra eléctrica 100% sólido não tinha essencialmente que ver com o sustain mas sim, com uma maior resistência ao feedback. Já agora, poderia indicar-me a fonte que diz que o corpo do 1º protótipo "Snake head" não era totalmente sólido ? É que tanto quanto julgo saber e segundo os meus registos, o corpo dessa guitarra -ao contrário da guitarra de Bigsby, era totalmente sólido e construído a partir de duas peças de madeira de pinho.

    Quando diz no artigo que Leo Fender "popularizou a guitarra eléctrica", suponho que o Paulo queira dizer a guitarra eléctrica de "corpo sólido", certo ? É que a guitarra eléctrica já existe desde os anos 30 e Charlie Christian (o jovem guitarrista de Benny Goodman) foi na minha óptica, quem a colocou em destaque e o responsável pela popularização da guitarra eléctrica, com a Gibson ES-150.

    Quanto à questão do design do headstock, é uma história sobejamente conhecida e que foi sempre um ponto de discórdia entre Leo Fender e Paul Bigsby até ao final de vida deste último. Na minha opinião, ambos se inspiraram na mesma fonte, mas foi de facto Bigsby o primeiro a pôr a ideia em prática.

    Uma vez mais, parabéns pelo artigo e melhores cumprimentos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Meu caro, utilizei o termo Broadcaster por pura necessidade semântica. Até acho que deveria ter ido direto para "Telecaster" para não confundir os leitores que, ao contrário de ti, não conhecem a sequência de nomes e a razão de cada um. Como o foco não era a história da Telecaster, preferi não derivar muito nos detalhes.

      Conforme coloquei no texto, os dois problemas principais das eletro acústicas eram falta de sustain e feedback. Como a declaração de Merle Travis à Forrest White era um elemento central do post, cito-a: "I kept wondering why steel guitars would sustain the sound so long, when a hollow body electric guitar like mine would fade out real quick. I came to the conclusion it was all because the steel guitar was solid"...
      Tony Bacon coloca o feedback como principal problema, mas cita o sustain no mesmo parágrafo. O sustain é citado nos livros quase na mesma proporção que o feedback. E a ideia de Leo Fender, conforme suas próprias palavras, não era tão focada na redução do feedback: "I wanted to get the sound you hear when you hold the head of an acoustic guitar against your ear and pluck a string".

      E todos sabemos que o problema da microfonia continuou, em menor escala é claro, porque a retroalimentação é um fenômeno natural e com o tempo foi até inserida na música, via Hendrix. Diminuiu ainda mais com o humbucker, com a parafinação e finalmente passou a ser totalmente controlável com os captadores ativos modernos.

      Revista "Guitarrist" (summer 2007): (de onde retirei a foto do segundo protótipo) Greg Bayles, que recebeu a guitarra de George Fullerton em pessoa, diz: "The guitar is semi hollow and George told me that that's what they assumed they would shoot for because at the time that's what everybody was playing: a hollowbody guitar. It still works, it's got a throaty, bite-y sound... with a little more air"
      Pois bem, ao ler isso e saber que o segundo protótipo era semi sólido (isso não consta em nenhum dos livros que li), modifiquei o texto inicial e coloquei os dois primeiros protótipos como semi sólidos - o que me parece óbvio, não?
      Só não consegui saber se essa segunda "Broadcaster" já era de ash - até parece pela foto, mas dependendo do tipo e corte do pinus e a provável cobertura com nitro e cor âmbar, pode confundir.

      Quanto à história anterior à guitarra de Bigsby, está nos livros e no post eu me refiro mais de uma vez ao termo "guitarra elétrica moderna", portanto achei desnecessário teres voltado até Charlie Christian.

      O único questionamento relevante que fizeste, a meu ver, foi o fato de eu ter escrito que os protótipos eram semi sólidos - e a fonte foi citada agora. O resto está implícito no texto.
      Opiniões pessoais entretanto, são livres e desde que não ofensivas, não são deletadas e/ou questionadas.

      PS: Tens um blog?

      Excluir
    2. Caro Paulo May,

      Antes de mais, obrigado pela tua resposta.

      Sim, posto nessa perspectiva, concordo que teria sido preferível ter ido directo para a "Telecaster", mas isso não invalida que continue a pensar que é incorrecto dizer que estes sejam protótipos de "Broadcaster". E não digo isto só "porque sim", mas baseado em diversas fontes sobre o assunto disponíveis por toda a internet, por exemplo em: http://en.wikipedia.org/wiki/Fender_Esquire#Early_development

      De um ponto de vista puramente conceptual, os modelos apresentados na tua peça são, nada mais nada menos, do que os protótipos da "Esquire" porque ao contrário desta, a "Broadcaster", a "Nocaster" e a "Telecaster são essencialmente a mesma guitarra com uma designação diferente. Mas entendo agora o porquê de os teres designado como protótipos de "Broadcaster" no teu artigo (revista "Guitarrist" de 2007).

      A meu ver, o Tony Bacon coloca e muito bem o assunto do feedback como o principal problema e eu tenho exactamente a mesma opinião, até porque baseado nos muitos relatos de músicos da época, a larga maioria das queixas eram precisamente sobre o indesejável feedback quando havia a necessidade de aumentar o volume dos amplificadores em eventos de maiores dimensões. Inversamente, não partilho da ideia do "sustain" ser um problema de maior para a generalidade dos guitarristas em meados dos anos 40, até pelo tipo de música em voga nessa época (Country / Western). Claro que a questão do sustain também foi considerada e faz todo o sentido, mas mais uma vez como Tony Bacon, não acho que tenha sido a razão principal para o advento da guitarra de corpo sólido.

      A "microfonia" e "retroalimentação" (audio feedback) são coisas distintas, no meu entender. E o objectivo primário do "humbucker" nem sequer foi reduzir a microfonia, mas sim, a redução de interferência e do ruído típico dos captadores de enrolamento único (single coil). O próprio nome deste tipo de captador diz tudo: "Humbucker = Buck the Hum". Já o advento da parafinação dos captadores serviu para minimizar de certa forma, a microfonia dos mesmos.

      Relativamente à afirmação do Fender ("I wanted to get the sound you hear when you hold the head of an acoustic guitar against your ear and pluck a string"), honestamente, não vejo qualquer relação desta com o problema do feedback ? Na minha interpretação, essa frase de Leo Fender refere-se apenas e só, à reprodução/qualidade sonora desejada para o instrumento que tinha em mente.

      (Continua)

      Excluir
    3. (Continuação)

      Quanto ao 2º protótipo, eu já tinha lido esse artigo da revista "Guitarrist" de 2007 e sinceramente, não lhe dou muito crédito até porque subsistem bastantes dúvidas entre os especialistas do assunto sobre a real autenticidade desse 2º protótipo e é praticamente consensual entre a comunidade conhecedora/especialista no assunto que o braço não é o original deste e que foi assemblado posteriormente, tal como o acabamento em âmbar - há quem afirme que o 2º protótipo original, teria uma cor sólida à semelhança do que aconteceu nos 1º e 3º protótipos: "Branco opaco" e "Studebaker Red", respectivamente.

      E quais as razões para pensar que a história do 2º protótipo não bate certo e duvidar da originalidade deste ? Abaixo, seguem as que considero serem as 3 principais:

      1. Exceptuando a palavra do próprio Greg Bayles, não existe qualquer informação adicional disponível sobre o 2º protótipo.

      2. Ao contrário do 2º protótipo, os braços dos 1º e 3º não têm "truss rod" e também não há qualquer registo de braços Fender com "truss rod" nem nas "Esquire" nem nos das primeiras 40 ou 50 "Broadcaster" produzidas / comercializadas.

      3. O Greg Bayles (ou outra entidade qualquer) nunca disponibilizaram uma radiografia do 2º protótipo que confirme se esta guitarra é realmente semi-oca. Todos os que a viram até agora duvidam dessa alegação e dizem que tudo indica que o corpo seja 100% sólido e construído a partir de duas peças de "Sugar Pine" (dá para ver bem o tipo de madeira utilizado no artigo da "Guitarrist"), sobrepostos em "sanduíche", à semelhança dos corpos nos 1º e 3º protótipos.

      Assim sendo, não me parece que seja assim tão óbvio. Óbvio (e lógico) era se tivesse acontecido exactamente o contrário, ou seja: 1º protótipo semi-oco > 2º e 3º protótipos em corpo 100% sólido, já em conformidade com os modelos "Esquire" de produção e comercializados pelo Fender em Junho de 1950.

      Relativmente ao assunto "popularização da guitarra eléctrica", eu apenas perguntei para confirmar qual o real sentido desta tua afirmação: "ele (Leo Fender) pegou a ideia de Bigsby, aperfeiçoou-a e popularizou a guitarra elétrica". É claro que tinha quase a certeza absoluta que te referias apenas à guitarra eléctrica de corpo sólido e não à guitarra eléctrica no geral. Como disse acima, a pergunta foi só mesmo para confirmar e já estou esclarecido.

      De resto, esta é apenas uma opinião (a minha) como tantas outras e, baseada em informação variada recolhida de várias fontes que considero credíveis. E julgo que em nenhum momento as opiniões expressas na minha resposta foram ofensivas, bem pelo contrário. Tenho o maior respeito pelo teu artigo que, como disse antes, considero muito bem estruturado e extremamente informativo.

      Para finalizar e respondendo à tua pergunta, de momento não tenho qualquer blog ou site. Tive um em tempos para divulgar e vender as guitarras que construía, mas como foi coisa que deixei de fazer há cerca de 2 anos, acabei por fechá-lo.

      Cumprimentos.

      Excluir
    4. Considerando o teu ímpeto para a escrita e conhecimento do assunto, acho que deverias criar um blog sobre guitarras. Seria útil para muitos guitarristas.

      Teus comentários acrescentaram muito ao post e ficarão registrados.
      Obrigado!

      Excluir
  13. Wow, vocês não brincam em serviço. Sensacional! Obrigado! :)))
    André Carvalho

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Dessa vez foi caprichado, hehehe! É que estamos às vésperas de comemorar um milhão de visitas ao blog, André.

      Excluir
  14. Jack

    Excelente texto!
    Se me permite sugiro que dê uma pesquisada sobre o Johann Georg Stauffer, que foi um importantíssimo luthier de Viena, da chamada escola Viennense-German ou Austro-German, que em 1822 ganhou um prêmio de uma comissão imperial por ter feito melhorias no violão, de origem italiana, sendo basicamente:

    - elevou a escala acima do corpo;
    - o desenvolvimento das tarraxas;
    - os trastes de ferro embutidos no braço.

    Em 1825 ele aperfeiçoou o desenho e funcionamento das tarraxas, que é muito próximo do desenho atual e também mudou o desenho do headstock, que era em formato de 8, parecido com o do corpo do violão, colocando as tarraxas em linha no lado superior esquerdo. É o famoso "Stauffer headstock", que o filho dele Anton, também luthier copiou e muitos outros luthiers no século 19 copiaram. É dito que ele criou o desenho simplesmente girando o headstock de um violino, também chamado de "persian slipper", deixando ele de perfil.
    Note que ele também fez o arpeggione, que tem muitas características do top curvado...

    Entra nessa história CF Martin, que é o pai dos violões Martin, que por acaso estudou com Stauffer em Viena. Depois que Martin casou com a filha de outro luthier, o relacionamento com Stauffer esfriou. Depois de uma disputa com uma liga de luthiers vienenses, CF Martin foi para os Estados Unidos e introduziu os mecanismos e desenhos de Stauffer.

    No wikipedia tem uma história resumida sobre Stauffer e CF Martin:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Johann_Georg_Stauffer

    Neste link tem a história dos construtores do século 19, entre eles Stauffer, com várias fotos e explicações sobre as melhorias que ele fez.

    http://www.earlyromanticguitar.com/erg/builders.htm#Staufer

    Sugiro que veja esse livro do Robert Shaw, que contém fotos dos violões de Stauffer e dos primeiros Martin:

    http://www.roberteshaw.com/Guitars.html

    Aqui também tem mais algumas fotos bem legais:
    http://www.earlymartin.com/stauffer.html


    Enfim, a guitarra elétrica tem muita história...hehehe...

    Um abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ótimas informações, Fabrício. Obrigado!
      Deverias criar um blog também :)

      Excluir
    2. De nada, é um prazer poder contribuir. Blog? Não, não, deixo para pessoas mais talentosas...hehe...

      Excluir
  15. Paulo obrigado pela sua aula de história, cara muito bom, achei realmente fantástico, agora o próximo capitulo é a história da stratocaster. Continue assim e te vejo no Jó Soares abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado e nem pensar em ficar muito conhecido, Dr, Fly! :)
      Se aqui eu já tenho que lidar com os xiitas de notas de rodapé de plantão, imagine com uma super exposição da TV. Não tenho mais vaidade e nem saco pra isso, graças a deus :)
      Abraço!

      Excluir
  16. Não conhecia... Muito legal e já guardei o link. Obrigado, Tiago!

    ResponderExcluir
  17. Paulo,

    É difícil comparar posts aqui no blog, até porque tem para todos os gostos no que se refere a guitarra, mas esse sem dúvida foi um dos melhores. Top five ok. rsrs

    A leitura dos os materiais, livros, sites é válido mas você sintetizou o melhor de maneira iluminada.

    Meus parabéns pela dedicação e vou tentar no pouco tempo livre que também tenho, ler algo da referência.

    Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Top five? Vou até considerá-lo mais à partir de agora, Marçal. Era pra ser apenas um post com uma curiosidade histórica :)
      Abrigado!

      Excluir
  18. Parabéns pelo belíssimo trabalho, fico muito feliz em ver pessoas sérias trabalhando dessa maneira. A título de curiosidade, deixo aqui uma sugestão, se você achar relevante é claro. Como "guitarra elétrica moderna" é focado principalmente nas construções de corpo sólido, buscando a diminuição do feedback e o aumento do sustain, seria bacana, fazer um paralelo com a guitarra baiana criada em 1942 por Dodô e Osmar com o nome de "Pau-elétrico", visto termos em terras tupiniquins, um trabalho que de certa forma aproxima-nos, assim como ocorreu com o avião. Mas é apenas sugestão. Grande abraço Paulo e mais uma vez parabéns pelo trabalho tão bem feito. Alexandre de Almeida

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Alexandre.
      Já havia visto na TV (há anos atrás) uma entrevista do Armandinho falando sobre a história do "Pau-elétrico" e durante as pesquisas me deparei com algumas fotos, acho até que da década de 30, se não me engano... Juro que fiquei tentado a acrescentar ao post, mas como o foco era mesmo o link geográfico entre Bigsby, Fender e Les Paul, deixei passar.
      Mas que merece um post, merece! :)

      Excluir
    2. Fico muito feliz de encontrar essa citação. Na verdade o "Pau Elétrico" é um dos precursores da guitarra elétrica moderna de corpo sólido, mas não é a própria. Outros precursores são as próprias LapSteel, a tal "Frying Pan" da Rickenbacker sendo uma das primeiras tentativas comercialmente viáveis, ainda na década de 30.
      O post está ótimo e esclarecedor! Grande abraço e mais sucesso ainda!

      Excluir
  19. Parabéns ... Texto objetivo, informativo, claro e digno de um trabalho acadêmico. Coisa rara e que precisa ser valorizada e difundida ... Foi um privilégio conhecer seu blog e principalmente ler sua pesquisa histórica e cronologicamente tão bem organizada. Aplausos ao talento !!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Gustavo. É um privilégio te ter por aqui também! :)

      Excluir
  20. Parabéns pelo post !! Realmente o Bigsby foi injustiçado pela história da guitarra, a título de curiosidade, lí em algum lugar que o head da fender strato era inspirado na cabeça dos cavalos visto de perfil.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado!
      Mais uma informação nova... Essa eu não sabia! :)

      Excluir
  21. Que beleza de post, é a nossa história, como é bom tocar guitarra, na próxima encarnação aceito até voltar como mulher mas tem que ser guitarrista, hehe, abç !

    ResponderExcluir
  22. Vocês estão de parabéns, gostaria de usar o artigo e contar com os colegas para o portal que estou criando.. Um grande abraço e sucesso!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ederson, vou me adiantar ao Paulo, aproveitar para agradecer os comentários e dizer que por favor pode usar os artigos sem problema algum! :-) Se o Paulo achar ruim eu me entendo com ele depois Ok? :-D

      Excluir
    2. Quem sou eu pra discutir com o Oscar... hehehe :)

      Excluir
  23. Essa "Bigsby" é realmente uma obra-prima, pô! Linda demais! Achei ela bem "evoluída" para aquela época =). Parabéns pelo post, são informações realmente necessárias para qualquer amante da guitarra elétrica =)

    ResponderExcluir
  24. Não sei se eu me divirto mais com os posts dessa dupla (Paulo & Oscar) ou com os comentários e as respostas do Paulo... kkkkk...

    Parabéns pelo texto, gostei muito! Altas expectativas para o post comemorativo de 1 milhão de acessos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Cícero! :)
      Se tudo der certo, eu e o Oscar faremos a entrevista com o Sérgio Rosar amanhã. Acho que vai ficar muito legal.

      Excluir
  25. Saudações. Fui utilizar o link da Pauleira aqui no blog de vocês e ele não funcionou. A Paula mudou o endereço dela para http://www.pauleira.com.br/ de modo que acho interessante uma atualização. Desculpe o incômodo! = ) Qquer coisa é só deletar esta mensagem, ok? Grato!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Apagar uma mensagem útil dessas?
      Obrigado pela dica - já fiz o update do link

      Excluir
  26. Paulo, parabéns pelo texto, irretocável, como sempre. Cada visita a este blog acrescenta informações valiosas, por isso nunca deixo de visitá-lo. Abraço.

    ResponderExcluir
  27. Olá, pessoal. Percebi que vocês citaram, como fonte para o estudo, o livro The Guitar Pickup Handbook do Dave Hunter, que é um dos livros sobre captadores que eu também possuo. O livro vem acompanhado de um cd com amostras dos sons de inúmeros captadores e, por isso, pergunto: qual a opinião de vocês a respeito dos captadores Joe Barden, especialmente os S-Deluxe? Tenho esses pickups em uma strato e os considero sensacionais. Abraços.

    ResponderExcluir
  28. Nunca utilizei caps Joe Barden, Gustavo. Primeiro porque não gosto muito de dual blades. Segundo, os dual blades do Sérgio Rosar são também excelentes.
    Caps Joe Barden já são considerados "clássicos" :)

    ResponderExcluir
  29. Aguardando A-N-S-I-O-S-A-M-E-N-T-E a entrevista com o Sergio Rosar... :-)

    ResponderExcluir
  30. Sr. Paulo, creio que já deixaram bem explícito o valor do seu trabalho, me refiro claro a esta " obra" postada pelo Sr. E para não " chover no molhado" quero apenas deixar registrado meus sinceros e profundos agradecimentos por compartilhar conosco estas informações. Um grande abraço!

    ResponderExcluir
  31. Ótimo blog e muito bem escrito. Esta pesquisa deve ter dado um trabalhão... Obrigado por compartilhar estas informações! A informação que eu tinha é que o verdadeiro inventor da guitarra elétrica foi o Paul Tutmarc. http://www.cbgitty.com/?p=276
    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito interessante - eu já havia lido referências a essa história, assim como as citações à Lloyd Loar, Stromberg-Voisinet e principalmente George Beauchamp/Rickenbacker ... Se alguém famoso tivesse tocado essa guitarra de Tutmarc, provavelmente os livros contariam outra história hoje... :)
      Obrigado pelo toque - é mais um para registro :)

      Excluir
  32. Informações riquíssimas existem aqui neste post e em seu blog. Eu o conheci recentemente, e preciso vir aqui parabenizá-los pelo conteúdo. Eu sou Artista plástico e luthier de Belo Horizonte-MG, e gostaria de aproveitar a oportunidade para deixar aqui um link para que conheçam meu trabalho em um segmento ainda pouco explorado, a "arte luthieria":

    http://luthierguitarra.tk

    Desde já agradeço a atenção!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lindo trabalho Ton! Já havia visto esse tipo de instrumento lá fora, mas nunca aqui em solo nacional!! Parabéns!

      Excluir
  33. Pra quem nao conhece a sonoridade da vintage v100 ai vai o video..http://www.youtube.com/watch?v=AdTPcEfyUNY

    ResponderExcluir
  34. Paulo, não sei se cabe no contexto do post, mas tem também a questão do desenvolvimento da guitarra elétrica aqui no brasil também, com Adolfo Dodô Nascimento e Osmar Álvares Macêdo, quem em 1942 criaram o protótipo do pau elétrico - primeiro um com escala de cavaco e depois um com escala de violão.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Especificamente no contexto (a coincidência geográfica e temporal dos 3 personagens) não, mas é um assunto de alta relevância. Já falamos sobre isso nos comentários - dê uma checada nas duas primeiras semanas após o post.
      Obrigado pelo toque!

      Excluir
  35. Muito bom o post.
    Seria interessante jogar luz na história de Paul Tutmarc, que no início da década de 1930, na longínqua Seattle, construiu anonimamente instrumentos sólidos com captação magnética antes que qualquer ser humano no planeta.
    Ele é, inexplicavelmente, o personagem mais injustiçado da história da música.

    ResponderExcluir

Antes de perguntar, faça uma pesquisa no campo "Pesquisar nesse blog".