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domingo, 22 de março de 2020

Gibson LesPaul Studio Ebony & Christian Bove Custom Hardware

Oscar Isaka Jr.

Desde o primeiro dia de existência (e muito antes de eu fazer parte dele) um dos principais temas sempre foi customização. Uma troca de captadores, um braço mais fino ou uma cor nova, por vezes queremos deixar aquele instrumento mais com a nossa cara, nosso estilo. Era exatamente isso ue essa LesPaul Studio Ebony estava precisando. 

Gibson LesPaul Studio Ebony 2004
 
Comprei essa Studio 2004 pois entrei para uma banda que faz tributo a Ronnie James Dio, ou seja Rainbow, Black Sabbath e DIO (carreira solo), então nada mais apropriado que uma guitarra preta. 





Como a idéia era uma guitarra Hard-Rock / Metal fiz algumas mods básicas:

              •  Instalei um par de Captadores Suhr Doug Aldrich (Apesar dos 498T/490R Gibson serem OK para esse som), 
              • Refiz a elétrica pra instalar pots de 500K( ao invés dos 300k originais), 
              • Instalei um jogo de Tarrachas Gotoh Blindadas e pronto, temos uma LesPaul tunado pra sonoridade Hard/Metal.






Dois shows depois e confirmada a sonoridade que eu queria, resolvi dar um up no visual e não teve jeito senão ligar pro Christian Bove.


Já falamos do Christian várias vezes aqui no Blog e os trabalhos da Custom Hardware (Facebook) nos lindos trabalhos que ele faz de pontes, neckplates e escudos de Strato e Tele, mas eu tinha visto uma postagem do mesmo tipo de customização aplicado a um escudo de LesPaul. Cairia como uma luva para o propósito visual que eu queria. 



Depois de umas mensagens trocadas, acordamos que as peças seriam de Aço INOX, e preto fosco. Seriam o escudo com esse detalhamento floral, o plate do Switch de captadores padrão da Custom Hardware e a capa do Tensor com a logo da Banda. 


O processo começa com o corte a laser das peças nas chapa de aço seguido da gravação dos detalhes onde a peça recebe uma tinta fotossensível e depois corrosão para que fique com esse nível de detalhe.  





O acabamento é todo artesanal e feito pelo próprio Christian Bove.  








O Resultado não poderia ter ficado melhor. :-)


E abaixo já instalado na guitarra. Achei que o visual com o humbuckers com cover ficou ainda mais legal! :-)




Para outras cores e modelos de plates, escudos e etc, só entrar em contato com o Christian via Facebook que tenho certeza que vai ficar show! 

sábado, 7 de março de 2020

Les Paul Kaiser 3



Paulo May

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)





          Depois de mais de 10 anos escrevendo esse blog, posso afirmar com certeza absoluta que a parte mais importante de uma guitarra é, definitivamente, o braço. Simples assim - é através do braço que o nosso corpo se comunica com a guitarra, portanto é fundamental que o mesmo encaixe na mão como se fosse uma luva, na medida do tamanho e extensão dela.

          Antes de me interessar pelos aspectos técnicos das guitarras, eu as toquei por mais de 20 anos e durante todo esse tempo, mesmo mal sabendo o que era um tensor, sempre fui atraído essencialmente pelos braços. Conforto e tocabilidade antes de timbre e estética - e a prova disso é bem clara na minha mente: em 1985 eu toquei uma Les Paul 58 original e detestei a guitarra. Timbre lindo, mas braço gordo demais, quase impossível de tocar. Na época eu estava plenamente adaptado ao braço da minha Fender Telecaster 74, um "C" perfeito, quase um "soft V", sem ombros, com largura no nut de 40 mm. E de repente peguei aquele braço enorme, 43 mm no nut, literalmente um "taco de baseball", como os americanos dizem... Mal conseguia fazer uma pestana... A Les Paul pertencia ao grande guitarrista e amigo Ivo de Carvalho, que a tocava com imensa facilidade e maestria. Ela tinha um timbre muito, muito bonito e essas duas impressões cristalizaram na minha mente: Timbre bonito e braço gordo. Portanto, até aprender mais sobre guitarras, nunca quis ter uma Les Paul.

       Porém... Depois de saber o que era de fato uma "Les Paul", descobrir as lendas e ser contaminado pelos vírus "Burst & PAF", decidi ter uma dessas. Quem acompanha o blog sabe de tudo que rolou com o aprendizado: da Les Paul 1981 (que ganhei de presente de aniversário) de 2010. Da aventura (com a ajuda do meu querido coautor do blog Oscar Isaka Jr) para adquirir a "Gibson CS 59 perfeita" em 2013 (digite "cálice sagrado" na pesquisa do blog, hehehe). Gibson Les Paul Jr. em 2014. De todas o braço mais legal é o da LP Jr, mas ainda um pouco cheio.
Se eu tocar durante 2 ou 3 dias com esses braços Gibson até consigo me acostumar, mas basta meia hora com o braço da minha Tele 68 ou 74 e novamente os Gibsons ficam desconfortáveis. Por isso então, à partir de 2017 iniciamos as tentativas de fazer uma Les Paul com braço na espessura "Fender" aqui no Brasil, com o mestre Eduardo Kaiser.

Em 2017, a primeira Les Paul. Madeiras, especificações, CNC, habilidade do Kaiser e principalmente, muita determinação:


Uma "Deluxe", com mini humbucker na ponte e P-90 no braço. Mogno/maple no corpo e braço de mogno em 3 peças. Mogno comprado em São Paulo, provavelmente brasileiro e pesado - tivemos que fazer cavidades de alívio de peso. Braço com 41 mm no nut, em "C", muito similar na pegada a um braço de strato. Nessa, erramos a angulação do braço, que foi compensada (pela genialidade do luthier Copetti de floripa) com um rebaixamento da ponte. Tocabilidade excelente, 4,0 kg.


A segunda tentativa, em 2018, dessa vez com um braço em "Soft V", ainda com 41 mm no nut:


Ficou linda, puta timbre (humbuckers Rolph, né...), braço muito legal, mas... Ainda não tinha a mesma pegada do braço da Telecaster 68. Mogno novamente brasileiro, pesado, mesmo com os 9 furos de alívio de peso, ficou com 4,3 kg. A essa altura, vi que o mogno conseguido por aqui seria muito provavelmente sempre mais pesado... E também tá legal, né? 3 Gibsons, uma delas CS59 e duas cópias... Pra quem prefere telecaster, tá legal de Gibson... :)

Daí, ano passado, dando uma volta pelo ebay, vi um anúncio de um corpo de Les Paul (feito na China mas de uma vendedor bom, que eu já conhecia):
Ôpa!! Perguntei o peso e se tinha algum tipo de alívio de peso: "entre 1,8 e 2,2 kg" e "não - bloco sólido". "Me envie a peça mais leve que tens aí - tô comprando agora"... :).
O corpo chegou, muito bem feito, espessura do mogno cerca de 3 mm mais fina que a Gibson (ótimo, mais leve e mais ergonômico e essa guitarra não é pra ser réplica). Fiz o tingimento (anilinas) e acabamento (truoil + finíssima camada de verniz spray) aqui, já com uma certa relicagem (pra aproveitar algumas borradas de cola do veneer que não coram corretamente):


"Long Tenon", 1,9 kg no total. Finalmente e pra não ter dúvida dessa vez, enviei o corpo para o Kaiser juntamente com os moldes do braço da minha Telecaster, feitos no meio da primeira, 7ª e 12ª casas. Largura do nut: 39 mm!!! Maravilha! Como gosto muito do timbre da minha Les Paul 81, com braço de maple 3 peças, resolvi fazer a mesma coisa nessa: braço de maple 3 peças (centro invertida) - e com volute para ser mais fiel à 81. Les Paul com braço de maple é outro bicho, outra espécie. Zakk Wylde que o diga! :)
Com os moldes, o Kaiser pode fazer um braço de Les Paul idêntico (largura e profundidade, é óbvio que o comprimento da escala é Gibson) ao da Tele 68:


Resultado: finalmente eu tenho uma Les Paul com a tocabilidade da minha telecaster preferida. Os braços têm a pegada idêntica. E, de brinde, ficou leve para uma Les Paul: 3,75kg!! Pensa aí num cara feliz... :)
Assim como ocorre entre todas as teles e stratos, todas as Les Paul que tenho soam diferentes entre si. Já tenho conhecimento e experiência para detectar uma boa guitarra e essa não é boa, é ótima. Está com um Gibson 57 Plus (que eu modifiquei retirando 230-250 espiras de uma das bobinas) na ponte e no braço um Gibson da minha LP 81 (originalmente horroroso) que o Sérgio Rosar rebobinou para mim nas especificações do Mojo 13 e com fio enamel.
Sinceramente? Entre ela e a Gibson CS59, 9 em 10 vezes pegaria ela pra tocar.
Quando o Jean veio aqui gravar as demos da strato de marupá aproveitamos para fazer uma demo dela também:




Agora eu acho que deu de Les Paul... Essa fechou o círculo com chave de ouro.
Tenho mais 3 novidades de telecaster pra mostrar pra vocês, mas fica pra próxima... :)