quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Testamos a Epiphone SG Muse - Inspired By Gibson

 Oscar Eigio Isaka Jr.

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)


A serie "Muse" da nova linha "inspired by Gibson" da Epiphone chegou a ideia de oferecer todo o som classico da SG, com alguns diferenciais em relação a linha Original" como cores metálicas  exclusivas e captadores Alnico Classic PRO com push-pulls com split e inversão de fase. Mais uma vez meus amigos  da Garagem Instrumentos facilitaram para que eu pudesse testar o modelo pra poder fazer um som e sentir um pouco a proposta, como já havíamos feito com a LesPaul Original 50s Std. Mas vamos a ela :-)!

Estética e Construção


 




Essa que eu pude testar é da cor "Smoked Almond Metallic" de acordo com o site da Epi e eu tenho que dizer, o acabamento é primoroso. Tirei até uma foto em close pra tentar mostrar o quão bonita é essa cor. O brilho dos flocos metálicos aparece contra a luz e realmente fica muito bonito. É um visual totalmente novo e diferente da SG clássica, mas realmente muito bonito e não notei nesse exemplar nenhuma falha gritante de rebarbas ou pintura que pudesse saltar aos olhos. 











O Headstock segue o mesmo design da LesPaul remetendo as Epiphones Vintage, e as tarrachas são blindadas num modelo que remete a Gotoh Tulipa, igualmente firmes e sem folgas 
e funcionaram muito bem. O tempo e uso vão dizer sobre a durabilidade.  A ponte e o cordal são os LockTone aparentemente não sofreram mudanças e são os mesmos das séries anteriores. 



 A elétrica e captadores também são diferenciados com 4 potenciômetros com Push-Pulls para Split e Inversão de fase dos captadores Alnico ClassicP RO da Epiphone, que segundo o site, tem Alnico V e bobinas simétricas. Na prática isso quer dizer um pouco mais de força pelo Alnico V  casado com bobinas com um pouco mais de fio, e melhor cancelamento de ruído . Eu preciso dizer que como na LesPaul, fiquei surpreso com a qualidade sonora da guitarra como todo. Parece que finalmente a Epiphone aprendeu que ninguem gosta de som embolado demais . 



Bla bla, mas e o som ?






Opinião do Oscar: Gostei mais da Muse do que da Std 50 do outro post. Parece MESMO uma SG e não tem nada das coisas que eu nunca gostei nas SGs da Epiphone. O braço é confortável e perfeitamente balanceado com o corpo pra não provocar aquele tradicional desequilíbrio que faz o braço pender, tradicional nas SGs com afinação perfeitamente estável. O som mesmo com os captadores originais é muito bom e se saiu bem tanto nos sons mais crunch como um pouco mais de ganho. No vídeo fiz um "Woman Tone" e ele nunca fica abafado ou gordo demais. O Som fora de fase é muito legal! Como na LesPaul Std 50, não acho que o upgrade de captadores seja necessário, a não ser que se busque um som mais especifico ou mais clássico ou mais moderno. Concluindo, além de linda a SG Muse surpreendeu no som e pegada, e posso dizer com alguma propriedade que já tive SG Gibson piores que essa Muse que eu testei. Essa nova linha da Epiphone realmente veio com tudo! 

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Strato HSS - Ultimo sobre o assunto!

Oscar Isaka Jr

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)

      Não sei quantas vezes já postamos sobre o infame "problema" de misturar Humbuckers e Singles na mesma guitarra dividindo o pot de volume. Já abordamos o assunto objetivamente em posts anteriores (Post 1 e Post 2) , mas volto ao assunto uma última vez pra abordar mais uma maneira de tentar minimizar o problema.

No meio de uma discussão sobre o assunto, o meu brother Reginaldo me contactou la do Rio e me mandou o diagrama oficial da Suhr para as guitarras HSS:



A solução é 95% parecida com a que comentamos nos posts anteriores, mas empregando o Super Switch. Com ele podemos usar os valores corretos de Volume e Tone tanto para humbuckers (500k), como para singles(250K) pois existem pads para cada posição da chave. Assim conseguimos de maneira efetiva eliminar o problema da posição 2 (humbucker ponte + Single do meio) relatado no post original, e de quebra ainda conseguimos direcionar os tones dos Singles para o Pot de 250k com capacitor de .047mf e o do Humbucker para um Tone de 500K e capacitor de .022mf.  Um resistor ligado em paralelo com o Potenciometro de 500k garante um valor bem mais proximo de 250K, apropriado para os Singles,  nas posições de 2 a 5 e saindo da jogada na posição 1 garantindo o pot de 500k pro Humbucker! TUDO 100% de acordo e ainda com um Treble Bleed(opcional) de brinde no diagrama :-)!

Simplesmente removendo o resistor, faz com que os singles enxerguem o pot como 500k novamente e ainda tenham o tone de 250k com capacitor de .047mf, que é muito usado no caso de singles mais fortes que possam se beneficiar de um pouco mais de agudos. Da pra brincar e experimentar muito com esse esquema! 

A guitarra que eu escolhi para implementar esse teste foi a primeira Strato que eu montei e que aparece em alguns vídeos que fiz para a JR na época, minha Strat Surf Green. Essa foto é antiga, mas vou detalhar ela num próximo post :-).



Já testei praticamente de tudo nessa guitarra com relação a captadores, e em todas esse esquema da Suhr funcionou muito bem(na foto acima eram Rosar Blues meio/braço e um Seymour Custom78 na ponte), mas atualmente ela esta com um Set de DiMarzio parecido com o que o Andy Timmons utiliza. Na ponte o AT-1 e no braço e meio dois Cruiser modelo Neck/Middle. A recomendação da DiMarzio para os Cruisers é de pois de 250k pois tem a extensão de singles mesmo, porem com zero ruído e um pco mais de corpo nos graves, então ficou show pra usar nessa fiação. O Andy Timmons usa tudo 500k, pois os Cruisers que ele usa no meio e braço são o modelo de Ponte que é mais forte e com mais médios. 

Resultado foi uma guitarra de ótima sonoridade e que pra mim coloca uma pá de cal definitiva sobre o dilema de Strato HSS com ótimos resultados! :-) 

SIM é possível usar Humbucker e singles(ou quase) na mesma guitarra tendo ambos os timbres em sua plenitude.



sexta-feira, 31 de julho de 2020

Testamos as novas Epiphone Std 50s - Inspired By Gibson

Oscar Isaka Jr.

                                                                             (obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)



      As Epiphone sempre são assunto em todo de papo de guitarra, e nós mesmo já falamos muito delas por aqui. Desde a reformulação da Gibson, havia muita especulação sobre a Epiphone e qual a direção  que a marca iria tomar com isso tudo. Após o anúncio da série "Inspired by Gibson" na NAMM do ano passado, fiquei bastante curioso para ver de perto as mudanças. Semana passada eu pude testa-las de perto graças aos meu amigos da Garagem Instrumentos aqui de Curitiba. Conheço o pessoal a anos e o Rafael e o Luciano sempre tem o que é de melhor com um atendimento fantástico. Eles tem sempre uma grande parte da linha a pronta entrega e é só chama-los no WhatsApp ou mesmo pelo Instagram e boa! :-D. Eu marquei os links de contato no nome acima.

Estética e Construção

Esteticamente da pra notar várias diferenças logo de cara. A cor era um Vintage Sunburst muito bonito e bem acabado, com o corpo em 3 peças e o tradicional "veneer" no back pra esconder as emendas. O top de maple é real e também tem uma folha de maple figurado. Tenho curiosidade pra saber se o corpo é solido ou se tem algum alivio de peso, mas não achei informação sobre. Até aqui o padrão foi mantido até onde eu pude ver. 

O Headstock foi alterado pro chamado modelo "Kalamazoo"e remete ao design usado pela Epiphone antes mesmo de ser adquirida pela Gibson lá nos anos 50. Eu particularmente adorei , pois sempre achei o head antigo da Epi um tanto esquisito, achei que ficou mais harmônico visualmente. 

A escala é de um material chamado "Indian Laurel" e parece com um Rosewood mais claro um pouco. Difícil dizer  o quanto isso afetou ou não a sonoridade geral, mas visual ficou "amigável" e familiar e o toque lembra mesmo o Rosewood das Epis anteriores. O acabamento de trastes esta muito melhor (pelo menos nessa que eu pude tocar) e foi possível deixar confortável só com leve ajuste de tensor e altura da ponte. Notei somente um traste (o 15) um pouco mais alto quando abaixei as cordas, mas uma leve retifica resolveria isso 100%. Definitivamente ouve uma melhora nesse ponto da regulagem de fabrica. 

Analisando o braço melhor, tem um shape de C bem parrudo como o modelo 50s pede, e lembra a pegada mais confortável das Gibson. As Epiphone tinham uma tendencia esquisita a ter um braço mais D qdo eram mais gordinhos que me incomodava um pouco e essa é bem na pegada das Gibson 50s mesmo. A construção do braço parece que agora é como nas Gibson americanas em uma única peça de mogno em corte radial (quarter-sawn), sem a presença de colagem do Headstock. Fiz questão de bater uma foto pra mostrar a ausência da "colagem espanhola". Até aparenta ter aquela outra colagem que a gente as vezes encontra nos violões, mas não vi nada na lateral do head. Parece mesmo ser 1 peça. Ponto pra a Epiphone!


Pra finalizar as novas tarrachas são as Epiphone Vintage Deluxe  e lembram muito as Gibson Kluson dos modelos Std (diferente do modelo vintage das Historic) e funcionaram muito bem. O tempo e uso vão dizer sobre a durabilidade, mas não notei nada frouxo ou com folgas como as vezes a ate encontramos na própria Gibson que tem esse modelo de tarracha. A ponte e o cordal são os LockTone aparentemente não sofreram mudanças e são os mesmos das séries anteriores. 


        A elétrica e captadores também ganharam um upgrade com potenciômetros CTS, e os novos captadores ProBuckers da Epiphone, que segundo o site, agora tem covers de Nickel e magnetosfera de alnico II (segundo o site). Conjecturando antes de ouvi-los, so as novas covers já devem dar uma boa melhorada no som deles. Os antigos da Epi era de latão niquelado, e quem já teve Epiphone sabe da grande diferença que dá qdo removíamos. Eu que o Bonamassa deu uns pitacos qdo a Epiphone lançou os modelos pra ele então...

Blza, bla bla bla, mas e o som Oscar?

Eu e o Paulo sempre concordamos que melhor que ficar buscando palavras pra descrever timbre, é ouvi-lo em uma demo então gravei um video curto com ela aqui pra que possamos tirar conclusões.





Opinião do Oscar: Eu sempre fui meio desconfiado das Epiphone que não fossem as series especiais (como as Outfit, Assinaturas, etc) pois sempre estiveram aquém em vários aspectos mas gostei bastante da Std 50s. A pegada e o acabamento estão muito bons e a melhor qualidade de elétrica e captação fizeram com que o upgrade imediato deixasse de ser quase uma obrigação. Apesar de soarem mto melhores em relação aos anteriores da Epiphone, ainda considero que instalar um par de MOJOs por exemplo seria um bom upgrade, e eu adoraria ouvi-la com eles! Uma ponte mais perto da ABR-1 que inclusive a própria Epiphone usa em modelos como a Flying V e a Riviera também cairia como uma luva. A tradicional comparação com os modelos da Gibson Americana acredito nem caber nesse artigo, pois na minha opinião seria comparar laranjas e maçãs. Mas isso de nenhuma forma quer dizer que uma boa Epiphone com bons captadores não seja uma excelente guitarra, com custo bem menor . Eu não iria achar ruim de adicionar ela no arsenal :-)! 


Equipo de Gravação: Amplificador Pedrone Custom Friedman Mod (conto a historia desse amp num proximo post) e Universal Audio OX numa simulação de 4x12 com Greenbacks 30w. Um teco de reverb e compressão e só!


Obs...  Logo vai ter post da SG Muse... :-D


domingo, 22 de março de 2020

Gibson LesPaul Studio Ebony & Christian Bove Custom Hardware

Oscar Isaka Jr.

Desde o primeiro dia de existência (e muito antes de eu fazer parte dele) um dos principais temas sempre foi customização. Uma troca de captadores, um braço mais fino ou uma cor nova, por vezes queremos deixar aquele instrumento mais com a nossa cara, nosso estilo. Era exatamente isso ue essa LesPaul Studio Ebony estava precisando. 

Gibson LesPaul Studio Ebony 2004
 
Comprei essa Studio 2004 pois entrei para uma banda que faz tributo a Ronnie James Dio, ou seja Rainbow, Black Sabbath e DIO (carreira solo), então nada mais apropriado que uma guitarra preta. 





Como a idéia era uma guitarra Hard-Rock / Metal fiz algumas mods básicas:

              •  Instalei um par de Captadores Suhr Doug Aldrich (Apesar dos 498T/490R Gibson serem OK para esse som), 
              • Refiz a elétrica pra instalar pots de 500K( ao invés dos 300k originais), 
              • Instalei um jogo de Tarrachas Gotoh Blindadas e pronto, temos uma LesPaul tunado pra sonoridade Hard/Metal.






Dois shows depois e confirmada a sonoridade que eu queria, resolvi dar um up no visual e não teve jeito senão ligar pro Christian Bove.


Já falamos do Christian várias vezes aqui no Blog e os trabalhos da Custom Hardware (Facebook) nos lindos trabalhos que ele faz de pontes, neckplates e escudos de Strato e Tele, mas eu tinha visto uma postagem do mesmo tipo de customização aplicado a um escudo de LesPaul. Cairia como uma luva para o propósito visual que eu queria. 



Depois de umas mensagens trocadas, acordamos que as peças seriam de Aço INOX, e preto fosco. Seriam o escudo com esse detalhamento floral, o plate do Switch de captadores padrão da Custom Hardware e a capa do Tensor com a logo da Banda. 


O processo começa com o corte a laser das peças nas chapa de aço seguido da gravação dos detalhes onde a peça recebe uma tinta fotossensível e depois corrosão para que fique com esse nível de detalhe.  





O acabamento é todo artesanal e feito pelo próprio Christian Bove.  








O Resultado não poderia ter ficado melhor. :-)


E abaixo já instalado na guitarra. Achei que o visual com o humbuckers com cover ficou ainda mais legal! :-)




Para outras cores e modelos de plates, escudos e etc, só entrar em contato com o Christian via Facebook que tenho certeza que vai ficar show! 

sábado, 7 de março de 2020

Les Paul Kaiser 3



Paulo May

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)





          Depois de mais de 10 anos escrevendo esse blog, posso afirmar com certeza absoluta que a parte mais importante de uma guitarra é, definitivamente, o braço. Simples assim - é através do braço que o nosso corpo se comunica com a guitarra, portanto é fundamental que o mesmo encaixe na mão como se fosse uma luva, na medida do tamanho e extensão dela.

          Antes de me interessar pelos aspectos técnicos das guitarras, eu as toquei por mais de 20 anos e durante todo esse tempo, mesmo mal sabendo o que era um tensor, sempre fui atraído essencialmente pelos braços. Conforto e tocabilidade antes de timbre e estética - e a prova disso é bem clara na minha mente: em 1985 eu toquei uma Les Paul 58 original e detestei a guitarra. Timbre lindo, mas braço gordo demais, quase impossível de tocar. Na época eu estava plenamente adaptado ao braço da minha Fender Telecaster 74, um "C" perfeito, quase um "soft V", sem ombros, com largura no nut de 40 mm. E de repente peguei aquele braço enorme, 43 mm no nut, literalmente um "taco de baseball", como os americanos dizem... Mal conseguia fazer uma pestana... A Les Paul pertencia ao grande guitarrista e amigo Ivo de Carvalho, que a tocava com imensa facilidade e maestria. Ela tinha um timbre muito, muito bonito e essas duas impressões cristalizaram na minha mente: Timbre bonito e braço gordo. Portanto, até aprender mais sobre guitarras, nunca quis ter uma Les Paul.

       Porém... Depois de saber o que era de fato uma "Les Paul", descobrir as lendas e ser contaminado pelos vírus "Burst & PAF", decidi ter uma dessas. Quem acompanha o blog sabe de tudo que rolou com o aprendizado: da Les Paul 1981 (que ganhei de presente de aniversário) de 2010. Da aventura (com a ajuda do meu querido coautor do blog Oscar Isaka Jr) para adquirir a "Gibson CS 59 perfeita" em 2013 (digite "cálice sagrado" na pesquisa do blog, hehehe). Gibson Les Paul Jr. em 2014. De todas o braço mais legal é o da LP Jr, mas ainda um pouco cheio.
Se eu tocar durante 2 ou 3 dias com esses braços Gibson até consigo me acostumar, mas basta meia hora com o braço da minha Tele 68 ou 74 e novamente os Gibsons ficam desconfortáveis. Por isso então, à partir de 2017 iniciamos as tentativas de fazer uma Les Paul com braço na espessura "Fender" aqui no Brasil, com o mestre Eduardo Kaiser.

Em 2017, a primeira Les Paul. Madeiras, especificações, CNC, habilidade do Kaiser e principalmente, muita determinação:


Uma "Deluxe", com mini humbucker na ponte e P-90 no braço. Mogno/maple no corpo e braço de mogno em 3 peças. Mogno comprado em São Paulo, provavelmente brasileiro e pesado - tivemos que fazer cavidades de alívio de peso. Braço com 41 mm no nut, em "C", muito similar na pegada a um braço de strato. Nessa, erramos a angulação do braço, que foi compensada (pela genialidade do luthier Copetti de floripa) com um rebaixamento da ponte. Tocabilidade excelente, 4,0 kg.


A segunda tentativa, em 2018, dessa vez com um braço em "Soft V", ainda com 41 mm no nut:


Ficou linda, puta timbre (humbuckers Rolph, né...), braço muito legal, mas... Ainda não tinha a mesma pegada do braço da Telecaster 68. Mogno novamente brasileiro, pesado, mesmo com os 9 furos de alívio de peso, ficou com 4,3 kg. A essa altura, vi que o mogno conseguido por aqui seria muito provavelmente sempre mais pesado... E também tá legal, né? 3 Gibsons, uma delas CS59 e duas cópias... Pra quem prefere telecaster, tá legal de Gibson... :)

Daí, ano passado, dando uma volta pelo ebay, vi um anúncio de um corpo de Les Paul (feito na China mas de uma vendedor bom, que eu já conhecia):
Ôpa!! Perguntei o peso e se tinha algum tipo de alívio de peso: "entre 1,8 e 2,2 kg" e "não - bloco sólido". "Me envie a peça mais leve que tens aí - tô comprando agora"... :).
O corpo chegou, muito bem feito, espessura do mogno cerca de 3 mm mais fina que a Gibson (ótimo, mais leve e mais ergonômico e essa guitarra não é pra ser réplica). Fiz o tingimento (anilinas) e acabamento (truoil + finíssima camada de verniz spray) aqui, já com uma certa relicagem (pra aproveitar algumas borradas de cola do veneer que não coram corretamente):


"Long Tenon", 1,9 kg no total. Finalmente e pra não ter dúvida dessa vez, enviei o corpo para o Kaiser juntamente com os moldes do braço da minha Telecaster, feitos no meio da primeira, 7ª e 12ª casas. Largura do nut: 39 mm!!! Maravilha! Como gosto muito do timbre da minha Les Paul 81, com braço de maple 3 peças, resolvi fazer a mesma coisa nessa: braço de maple 3 peças (centro invertida) - e com volute para ser mais fiel à 81. Les Paul com braço de maple é outro bicho, outra espécie. Zakk Wylde que o diga! :)
Com os moldes, o Kaiser pode fazer um braço de Les Paul idêntico (largura e profundidade, é óbvio que o comprimento da escala é Gibson) ao da Tele 68:


Resultado: finalmente eu tenho uma Les Paul com a tocabilidade da minha telecaster preferida. Os braços têm a pegada idêntica. E, de brinde, ficou leve para uma Les Paul: 3,75kg!! Pensa aí num cara feliz... :)
Assim como ocorre entre todas as teles e stratos, todas as Les Paul que tenho soam diferentes entre si. Já tenho conhecimento e experiência para detectar uma boa guitarra e essa não é boa, é ótima. Está com um Gibson 57 Plus (que eu modifiquei retirando 230-250 espiras de uma das bobinas) na ponte e no braço um Gibson da minha LP 81 (originalmente horroroso) que o Sérgio Rosar rebobinou para mim nas especificações do Mojo 13 e com fio enamel.
Sinceramente? Entre ela e a Gibson CS59, 9 em 10 vezes pegaria ela pra tocar.
Quando o Jean veio aqui gravar as demos da strato de marupá aproveitamos para fazer uma demo dela também:




Agora eu acho que deu de Les Paul... Essa fechou o círculo com chave de ouro.
Tenho mais 3 novidades de telecaster pra mostrar pra vocês, mas fica pra próxima... :)




domingo, 2 de fevereiro de 2020

Stratocaster Marupá


Paulo May

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)



         Marupá é uma madeira tipicamente brasileira (América Central e do Sul), de baixa densidade e muito utilizada na fabricação de instrumentos musicais. É relativamente macia, cor clara a levemente amarelada, podendo apresentar estrias cinzas. Textura finamente irregular com poros abertos (geralmente exige nivelamento/filler antes da pintura). A densidade (cerca de 0,38g/cm³) é semelhante a algumas outras madeiras "musicais" estrangeiras, como Basswood, Poplar e Swamp Ash. Alder já é um pouco mais denso (o equivalente em densidade ao Alder no Brasil seria o Cedro-Rosa). Outras madeiras locais utilizadas em corpos de guitarra, como Tauari e Freijó geralmente apresentam uma densidade (e peso) maior, por isso o Marupá provavelmente é a madeira mais utilizada no país para corpos de guitarra tipo strato e tele: leve, de fácil manuseio e boa sonoridade. A Caroba (já postada, clique aqui), que gosto muito, é semelhante ao Marupá (pode até ser mais leve) mas acho que apresenta graves mais definidos. Infelizmente é uma madeira um pouco difícil de encontrar.

          Mas a questão é: "O Marupá pode realmente gerar um timbre "Fender"? A resposta é simples: sim, pode. Sua sonoridade é semelhante à do swamp ash e até alder, embora esse último varie muito de peso. Alder leve soa diferente de alder pesado, assim como o swamp ash soa BEM diferente do hard ash. Como regra geral, madeiras mais pesadas tendem a soar com mais médios e graves mais definidos e madeiras leves geralmente apresentam médios algo atenuados e graves mais redondos, eventualmente com leve perda de definição das frequências mais baixas.

          O captador do braço é o ideal para percebermos bem essas diferenças. Já toquei em várias stratos e teles de marupá e todas, sem exceção, soaram de bem a ótimas na ponte e meio porém apenas uma ou duas tinham boa definição de graves na posição do braço. Sempre lembro aqui que o meu gosto pessoal é um pouco fora da escala porque tenho alergia a "timbre gordo". Então provavelmente quando eu disser que o timbre do captador do braço é "um pouco gordo", para muitos pode soar perfeito, ok? :). O que eu acho que ninguém gosta é daquele timbre "gordo e sem definição", "embolado"...
Eu tenho uma guitarra muito singular, com corpo Fender/Jaguar de marupá, braço de maple/rosewood, ponte fixa e dois captadores P90. O timbre do captador da ponte é matador: uma parede de médios saborosos com graves e agudos na medida. Saturada, corta qualquer mix de rock, mesmo os mais densos. Foi com essa guitarra que aprendi a respeitar o Marupá (e também que deveria usar filler antes de pintar, hehehe).


          Meu amigo Jean Andrade, grande guitarrista e outro "louco por guitarra", recentemente montou uma strato de marupá, com direito a captadores Fender Custom Shop 54 no meio e braço e Rosar Hot 43 na ponte (meus preferidos, junto com os Rosar Fullerton). Colocou um braço Fender excelente e ponte com bloco Manara. Como a minha Stratocaster preferida é uma Fender de alder com captadores Fender CS 54 (meio e braço - o da ponte é um Seymour Duncan Alnico II Pro), resolvemos colocá-las lado a lado para uma avaliação mais precisa do Marupá - aí pela questão dos captadores, já que o alder da minha Fender é mais pesado. Também gravamos com a minha Strato de Ash (swamp, mas algo mais pesado) que tem captadores Rosar (Fullerton no meio, True Vintage no braço e Rosar CS Alnico II na ponte). O corpo de Marupá, feito em CNC 100% no padrão Fender, foi comprado na loja online "Toda Guita" do nosso amigo e grande luthier Copetti. Como o Jean gosta mais de tocar do que fazer guitarras, a pintura (linda, Fiesta Red) e acabamentos foram feitos pela equipe do Copetti - daí a garantia de ter uma guitarra com visual absolutamente impecável e profissional :)

         Gravamos uma demonstração comparativa entre essa stratocaster de marupá (captadores:Fender CS 54 e Rosar Hot 43 na ponte), uma strato Fender americana com corpo de alder (captadores: Fender CS 54 no meio e braço e Seymour Duncan Alnico II Pro na ponte) e uma strato partscaster com corpo KNE de Ash leve (pode ser swamp mais pesado ou hard mais leve, peso total da guitarra: 3,6kg), braço Mighty Mite autorizado Fender (captadores Sérgio Rosar: Fullerton no meio, True Vintage no braço e Rosar CS Alnico II na ponte). Áudio captado direto via pré Focusrite ISA One + MAudio M-Track C-Series. Amplitube 4.9 com simulação de Marshall JTM e Fender Princeton Reverb em estéreo.


         Os timbres da strato de marupá e alder são muito semelhantes, boa parte porque ambas estão com captadores Fender CS 54, exceto pelo captador da ponte da Fender - alnico II soa mais magro porém com agudos mais controlados. A strato de ash tem médios algo mais atenuados (scooped) portanto parece soar com mais pontas de graves e agudos. Mas essa é a minha opinião. Ouça e decida.
          Um detalhe interessante é que as 3 guitarras utilizam um artifício para contornar o (quase sempre) ligeiro excesso de agudos dos single coils de ponte de strato: Nas minhas, utilizo o alnico II (atenua as pontas de agudos e graves) e na de marupá o Jean optou pelo Rosar Hot 43 - esse captador é feito com fio mais fino (AWG 43), que também atenua os agudos excessivos. Os Fender CS 54 são perfeitos no meio e braço, mas eventualmente algo estridentes na ponte. Os Rosar da linha "43" e "44" são muito bons para posições de ponte, inclusive Telecaster e principalmente quando desejamos controlar os agudos e definir médios. Não recomendo fio mais fino que o AWG 42 na posição do braço (quanto maior o valor AWG, menor a espessura do fio).

         Pra quem gostou do marupá, gravamos uma demo adicional com músicas conhecidas e com timbres clássicos de stratocaster, pra fortalecer as referências. Só espero que o YouTube não tire do ar por causa de direitos autorais.


Ah! Ia esquecendo: os 3 braços são de maple/rosewood, um Fender original e dois autorizados da Fender. Marupá combina muito bem com maple. Quer avacalhar com o timbre do marupá? Coloque um braço de marfim (Pau Marfim)! :)