Antes, uma foto dos tipos mais comuns de acabamento de braço:
1): Sem acabamento, observado principalmente em braços de maple. O maple fica extremamente liso após ser lixado com lixa de grão (aspereza da lixa: quanto maior o valor, mais fina/menos áspera) 400 ou 600 e é uma madeira de poros fechados, portanto bem resistente à umidade.
2): Envernizado, nota-se pelo brilho característico do verniz. Em teoria, é liso, mas basta uma leve umidade nas mãos para o verniz travar a pele. Incoveniente para guitarristas de pele fina ou com pregas mais frouxas na palma da mão.
3) Acetinado: imagino que venha do termo "cetim"... :) O acabamento sintético recebe menos polimento. "Gruda" bem menos.
Pois bem, a idéia é tirar o excesso de polimento do verniz, deixando-o com um aspecto mais fosco/acetinado e bem mais escorregadio. Em termos práticos, o braço fica mais "rápido".
Material: Bom-Bril (o mini é ideal - 1001 utilidades :) ) ou lixa de grão maior que 600 (1.200 seria ideal).
PS: o Ógner postou aqui que teve o mesmo efeito usando uma esponja Scotch Bright no lado áspero - mais uma possibilidade, então... :)
Procedimento: na internet existem vários vídeos mostrando - alguns usam uma fita adesiva para estabelecer os limites, mas eu faço no "olho" mesmo. Seguir os contornos do braço deixa-o com aspecto mais natural, sem a diferença abrupta entre o brilhante e o fosco:
Observe a diferença do brilho entre a base do braço e sua região posterior, já lixada com Bom-Bril. Para mim, esse procedimento deixa o braço 100% mais escorregadio.
Não use muita pressão (importante) e faça movimentos uniformes e linares. Atenção para não lixar a lateral da escala (normalmente ela não sofre muito com uma lixa fina/Bom-Bril, mas sempre é bom ter cuidado). A medida que vai lixando, forma-se um pó fino branco do verniz. Use um pano levemente umedecido para limpar, seque bem e teste seguidamente, até achar o seu ponto ideal.
Na foto, 3 braços lixados. O do meio (Cort KX Custom) foi o primeiro: ainda não tinha a manha dos limites e a separação brilho/fosco é mais abrupta.
Na dúvida, inicie esfregando bem levemente o Bom-Bril/Lixa e vá aumentando a pressão se achar necessário.
O legal é que é um processo reversível. Basta polir novamente o braço - nesse caso, eu uso cera automotiva "Grand Prix" e uma flanela macia. Moleza. :)
PS: Eu sabia que havia vídeos sobre isso mas nunca os tinha visto. Como o pessoal do fórum GP perguntou sobre eles, fui procurar e aqui estão 2 links:
Galeazzo Frudua - luthier italiano
How to Fix a Sticky Guitar Neck
ADENDO 5/2020: Minha querida amiga e luthier Paula Bifulco fez um vídeo:
Olá Jack,
ResponderExcluirExcelentes posts sobre luthieria caseira. Parabéns! Valem não só para quem não tem um luthier disponível, mas tbm para quem curte a onda de "do it yourself".
Tenho uma dúvida: Será que usando o bombril, eu consigo tirar o verniz da escala (maple ou pau-marfim), sem judiar muito dos trastes?
Fala Vicenzo, tudo bem? :)
ResponderExcluirObrigado pelos comentários. Olha, para tirar todo o verniz é mais complicado e depende da quantidade de verniz aplicada.
Até onde sei, existem 3 métodos: removedor químico de verniz, lixa (é o mais demorado) e soprador térmico. Já retirei o verniz de um braço SX com removedor - foi bem chato e ainda tive que finalizar com lixa e espátula de unha nos cantos dos trastes.
O Bom-Bril é só para retirar o brilho/polimento do verniz...
Acho que é um trampo que não vale a pena fazer sozinho então...rs. E, no meu caso, seria por puro motivo estético.
ResponderExcluirValeu Jack e mais uma vez, parabéns pelo blog!
Oi Paulo!!!
ResponderExcluirExcelente o seu blog, estou sempre passando por aqui. Queria pedir que voce continuasse a postar matérias históricas como a da Fender Made In Japan e as da Gibson Les Paul.
Mas eu queria te fazer uma pergunta: voce sabe se existe algum site brasileiro no estilo do site Stew Mac?
Grande abraço!!!
Alexandre Soares
Oi Alex,
ResponderExcluirObrigado pelos comentários - e boa idéia quanto ao tema dos posts. Eu também gosto muito dessas estórias.
Olha, na Brasil, guardadas as devidas proporções, temos a Music Tools:
http://www.musictools.com.br/
Ali tem um link para download em PDF das ferramentas disponíveis e custos.
Mas a StewMac ainda é imbatível... :)
Abraço!
Curtí os "fascículos" virtuais do MSL!
ResponderExcluirValeu pela dica sobre o site Paulo!!!
ResponderExcluirGrande abraço
Alexandre Soares
Puxa, parece que ficou muito bom!!!
ResponderExcluirTirei todo o verniz do corpo e braço da minha SX62 Sunburst!! Ficou muito bom o resultado, mas eu usei uma esponja tipo Scoth Bright do lado mais aspero!!!
Vc bem podia relicar umas guitarras suas ae e, se ficar bom, hehehehe...Colocar o passo a passo ae pra gente hein!!!!
Abço e obrigado!
Olá Paulo, vi que você tb gosta das SX SST, pois bem eu tenho 2 delas, uma eu tenho apenas o corpo em alder natural sem pintura.
ResponderExcluirEstou montando ela pra mim e tenho um braço importado em maple com logo fender. Acontece que este braço é uns 3mm mais "largo" que o encaixe do corpo na SX.... e ele tb é uns 2mm mais alto que o padrão. Cara isso está me dando uma dor de cabeça enorme... Tem alguma dica de como posso encaixar este braço do corpo da SX?
Lixar o corpo não acho uma boa ideia, ja estraguei um corpo anterior tentando isso, então eu deveria lixar o braço na largura e altura? Qual a manha pra por este braço na sx? Se puder me ajudar eu agradeço demasiadamente, tenho MSN pra contato caso queria. Um abraço e parabéns pelo excelente blog!
Andreld - vou postar lá no fórum da GP.
ResponderExcluirAbraço!
paulo, fiz o teste com bombril (normal) em um violão velho que tenho aqui.
ResponderExcluirficou excelente! do jeito que eu queria!
daí parti para o objetivo principal: minha Gibson Nighthawk Standard.
bom, deu tudo errado.
ficou bem ruim.
tudo arranhado e bem diferente do que eu esperava. e o brilho continua lá.
o q rola de diferente no verniz da Gibson?
Tem como fazer nessa guitar tmbm ou não?
dá um help!
bons sons...
edu
Pô Edu, lamentável que não tenha ficado legal na na Nighthawk - logo nela! :)
ResponderExcluirAlgumas conjecturas - podes ter esfregado o Bom-Bril com muita força, provocando os arranhões. Não tenho certeza, mas o BomBril equivale a uma lixa 800 ou 1.000. Se ficou muito arranhado, terias que ter coragem e usar um lixa ainda mais áspera (800?) para apagar os arranhões e depois, ires aumentando o valor (que na verdade diminui a aspereza) para 1200 e até 1600, que é bem suave. Em algum ponto nesse processo encontrarás o feeling/toque ideal - provevelmente depois da lixa mais fina (a 1600 é difícil de achar, mas existe). Usei a lixa 1200 (e só ela) suavemente na minha LP 81 e funcionou muito bem.
Outra opção seria levar para um luthier, que resolveria isso num piscar de olhos...:)
Mantenha o pessoal aqui informado, ok?
E boa sorte com a tua Nighthawk
Abraço!
Obrigado pelas dicas Paulo! Seu blog está favoritado! Eu limpei,lixei,reenvernizei e lixei de novo o braço e a escala de maple da minha strato seguindo suas dicas e a tocabilidade ficou ótima, apesar de eu achar que não fiz um serviço 100% hehehe. Só senti um pouco de pena pq perdeu aquele aspecto envelhecido que dá um charme especial na guitarra.
ResponderExcluirValeu!
Paulo.... essa tecnica pode ser aplicada no corpo para dar aquele acabamento "faded"??
ResponderExcluirSim Marcelo.
ResponderExcluirAcabei de descrever o procedimento no FGP:
http://www.guitarplayer.com.br/forum/index.php?/topic/1350-upgrades-em-uma-strato/page__view__findpost__p__24426
Recentemente fiz isso numa SX (descrito no "dia 2"):
http://guitarra99.blogspot.com/2011/10/guia-para-tunar-guitarras-baratas.html
Usei lixa de grão 600 bem umedecida. Ficou um fosco algo acetinado muito bonito.
Cara procurei muito por isso, por toda a parte. Eu sempre quis uma guitarra com acabamento tipo Schecter Jeff Loomis fosco então esse é o segredo! Cara eu posso aplicar a mesma técnica no corpo também?
ResponderExcluirSim. E o processo pode ser feito com Bom Bril - com cuidado e sem aplicar muita pressão.
ExcluirPrefiro usar lixas, de grão 500 pra cima. Pra recuperar um pouco do brilho, se necessário, é só lustrar com cera automotiva "Grand Prix" ou similar.
vide post (dia 2):
http://guitarra99.blogspot.com.br/2011/10/guia-para-tunar-guitarras-baratas.html
Paulo, muito obrigado mesmo por dividir este conhecimento. Blog já nos meus favoritos, e obrigado pela resposta também. Abraço
ExcluirEu fiz essa tecnica no corpo de uma LP da Epiphone e ficou parecendo aqelas guitarras vintage que perderam parte do brilho do verniz.. gostei muito do resultado...
ResponderExcluirPaulo, estou querendo fazer isso na minha SX SST 57, braço em maple. Será que posso fazer o procedimento na "frente" do braço (do lado aonde estão as trastes ?). Me encomoda demais essa cor laranja. Obrigado !
ResponderExcluirEsse procedimento só diminui o excesso de brilho. Pra retirar essa cor amarelo mijo das SX SST57, só removendo todo o verniz. Fiz isso num braço de uma delas - mesmo usando removedor químico (Striptizi gel), ainda ficou um bocado de verniz ao redor dos trastes, que tive que retirar na marra, com limas e lixas. Vários trastes tiveram que ser arrumados depois por um luthier...
ExcluirPaulo, estou tirando a pintura de uma guitarra e já usei 2 removedores (Farben e Maxi Rubber) os 2 possuem desempenhos parecidos mas está muito difícil fazer o trabalho, a tinta superficial está saindo fácil, mas tem uma camada grossa transparente por baixo que é muito dura. Vi que você usa o removedor Striptizi gel, como é o desempenho dele? Claro, se você tiver parâmetros para comparar... esses estragos nos trastes foi causado pela química ou pelas ferramentas que você usou para remover? Ele derrete plásticos (binding e dot inlays)? Desculpa tantas perguntas, mas não achei nada concreto sobre as minhas dúvidas a respeito deste removedor.
ExcluirO Striptizi sempre funcionou pra mim, Borba. Às vezes eu precisei arranhar (com cuidado pra não atingir a madeira) um pouco o verniz para maior penetração.
ExcluirSim, a maioria dos removedores pode danificar plásticos, depende do tempo de exposição.
Cara, tenho uma Ibanez Rg com braço em maple sem acabamento como faço pra ele ficar com esse acabamento acetinado ? que que eu tenho que comprar pra passar ?
ResponderExcluirTerias que envernizar e polir parcialmente, mas não vejo muito sentido nisso...
ExcluirSe eu fizer isso também na parte de cima, aonde ficam as trastes, será que também melhora ?
ResponderExcluirNunca ouvi ninguém reclamar disso na parte de cima, mas em braços muito usados essa camada de verniz acaba sendo naturalmente desgastada.
ExcluirTenho um Precision Americano que veio uma camada razoável de verniz sobre os trastes, depois começou a gastar e escamar, cada vez pior para tocar, quando se paga mais 5 paus por um bass desses. Resolvi tirar raspando com um estilete (depois de isolar o maple da escala), depois passei lixa 600, depois bombril e depois poli com cera de carnaúba. Trabalho danado, mas ficou legal. Saberia me dizer algo sobre verniz sobre os trastes, achei meio palha da Fender vender algo assim...
ResponderExcluirVia de regra a Fender sempre envernizou (no início com nitrocelulose e hoje PU) o braço e a escala de maple. A nitrocelulose é muito fraca e o desgaste com sujeira é certo, mas o PU usado hoje em dia é bem resistente e duro. Pode ter havido algum problema na manufatura ou mudanças bruscas de temperatura ou a pior opção: o maple não estava totalmente seco e encolheu depois - mas nesse caso os trastes ficariam um pouco fora também. Mas que bom que resolveste o problema. Já tirei verniz da escala sem retirar os trastes e sei que é um trabalhão danado! :)
ExcluirOlá Paulo e Oscar, estou com um abacaxi médio aqui para descascar. Precisei fazer uma troca de trastes. Ocorre que a escala é de madeira escura, estilo jacarandá/rosewood, e está extremamente seca (é um baixo Tagima ano 1991), de modo que a saída dos trastes removeu fragmentos da escala. Não deu pra lixar muito porque a escala já está meio fina. Desse modo, estou cogitando a possibilidade de passar verniz PU nela, visando minimizar o efeito estético do estrago mencionado. Mas nunca vi uma escala escura envernizada. Será que rola fazer o procedimento com o bombril para quebrar o brilho após envernizar?
ResponderExcluirAbraço.
Tradicionalmente a escala de rosewood não é envernizada - uma das razões é que ela pode repelir o verniz depois.. Não imagino também como o verniz possa esconder as pequenas lascas retiradas, mas...
ExcluirEu tentaria primeiro com alguma substância que desse brilho, talvez até silicone.
Como nunca fiz isso, não posso ajudar mais Pedro.
Mas, boa sorte :)
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirTenho uma guitarra squier escala clara e queria invernizar a escala dela . Eu posso invernizar com os trastes ou tenho q retirar os trastes ?
ResponderExcluirPode isolar os trastes com fita (cortando um a um) ou envernizar por cima mesmo e depois parras um estilete pra limpar. A Fender manda tudo por cima mesmo.
ExcluirEu tenho uma guitarra com braço em maple acetinado um amigo me disse que ele mancha de suor com o tempo e que é melhor enverniza gostaria de saber se realmente mancha e se vale apena envernizar?
ResponderExcluirTodos os braços e principalmente os de maple/claros sofrem alterações no acabamento com o uso contínuo. Acrescentar mais verniz PU vai diminuir o desgaste/coloração, mas pode mudar o timbre. Eu deixaria assim.
ExcluirOlá Paulo, olha eu envernizei meu braço em maple. Eu posso deixar ele acetinado já passando lixa 1200? Ou é preciso polir? Outra coisa, lixa seca ou com água e detergente?? Obrigado!!
ResponderExcluirDepois do verniz secar a sequência de lixas: 400/600/1200 ou até mais é necessária. Podes parar na que achares mais legal.
ExcluirLixas mais finas são para detalhamento da superfície e devem ser usadas molhadas, para evitar riscos. Geralmente a partir de 400/600.
E eu que nem um doido atrás de dicas para envernizar, tive 3 guitarras envernizadas, comprei uma fender que veio com o braço fosco, daí não dá pra dar bend, o dedo não escorrega,uma merda...
ResponderExcluirHá exceções é claro, mas a maioria com certeza prefere braços sem o verniz ultra polido e brilhante. Pra mais de 90% de nós, esse é o que "gruda"... :)
ExcluirPaulo, bacaníssimo o post! Cheguei no link justamente procurando dicas pra remover um pouco o gloss finish. Farei em um violão Tanglewood e uma Fender Strato. Mas fiquei com algumas dúvidas:
ResponderExcluir1-o Bom Brill ou Scotch Brite tem que ser passado molhado também? Ou seco mesmo? Não deixa riscos?
2-após aplicar o Bom Brill ou Scotch Brite, precisa passar na sequência uma lixa mais fina (1200, por exemplo), pra dar acabamento?
3-falaste ali do Alder ser uma madeira com poros fechados. E o mogno, como se comporta?
4-da forma descrita, é removido só um pouco do verniz, certo? Não há perigo de a madeira ficar desprotegida? Digo pois moro no litoral, em cidade muito úmida!!
Grande abraço!
Alexandre, para retirar todo o grosso PU de uma dessas guitarras modernas com bombril, scotch brite ou mesmo lixa fina, terás que esfregar durante uns bons 3 a 4 dias initerruptamente :)
ExcluirEssas manobras só retiram uma fina camada superficial - que é onde está o brilho. A a água/umidade diminui a chance de riscos, mas só é realmente necessária de 400 pra cima.
Podes tanto começar do bombril e se ficar muito cru/forte, volte pra lixa 400 ou 600 ou 1200 e em algum momento vais sentir que ele está mais liso. A pressão com os abrasivos é leve - não deves esfregar com muita força
Movimentos circulares, regulares, pressão leve
Paulo, só pra confirmar, pois não ficou claro.. se o Bom Brill equivale a lixa 800 ou 1.000, e umidade só é imprescindível de 400 pra cima, então já passa o Bom Brill úmido?
ExcluirComo falei na época, "não tenho certeza". Hoje acredito que a palha de aço nacional/bombril está mais pra 400...Depende muito da pressão e manuseio.
ExcluirA água não é obrigatória, mas conveniente em lixas finas porque ajuda a evitar riscos e o acúmulo de pó na lixa, que diminui sua eficácia. Bombril é outro tipo de abrasivo e pode funcionar com água, mas nunca usei e nem me lembro de ter visto alguém usando.
Acho que é muita pergunta para uma coisa relativamente simples e bem documentada, Alexandre. Veja os vídeos nos links do post e mãos à obra. Todo mundo precisa se arriscar um pouco, senão não, não tem graça, né?... :)
Tens toda razão, Paulo. Afinal, essa é a graça do DIY, e a satisfação pessoal é ótima! Na verdade eu já tinha assistido aos vídeos quando cheguei na postagem aqui. E tava bem seguro pra fazer (afinal, é simples mesmo), mas vi o post do amigo ali falando que deu zebra na Nighthawk e já bateu insegurança. Mas não há motivo pra isso. Vou fazer primeiro no violão que tem uma camada gigantesca de verniz. Esse final de semana boto a mão na massa e depois passo um feedback!
ExcluirObrigado mais uma vez pelas dicas! Abrs