sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Gibson LesPaul 2015 - Evolução?

Oscar Isaka Jr

         Entro na Guitar Center de Houston durante uma viagem de trabalho e me deparo com uma parede cheia de Gibsons da linha 2015 recém chegadas na loja. Fiquei curioso quanto às "novas" características que a empresa prometeu para esse ano e fui ver mais de perto o efeito disso tudo na prática, uma vez que a Gibson tem mantido uma política de mudanças meramente estéticas sem muitas novidades até ano passado.


Nos últimos anos (falando da Gibson USA), era quase sempre mais do mesmo, com algumas cores diferentes, combinações de captadores (sempre os mesmos 57 Classic, Burstbuckers e a linha Modern 490,498,500) , pots de push com split, boosts embutidos nas aventuras mais ousadas, mas sempre tentando manter a coisa clássica e atrelada às LesPauls que sempre amamos. Esse conservadorismo da Gibson não é necessariamente "ruim", especialmente pra quem procura uma Les Paul mais próxima possível das clássicas dos anos 50 sem ter que gastar com uma Custom Shop.


Nos idos de 2008 a Gibson já dava mostras que estava tentando galgar chão novo com lançamentos como a Gibson Robot e a FireBird X e ao que parece esse ano a estratégia da empresa parece ter realmente abraçado essa linha "moderna". Os modelos todos têm o visual clássico (apesar de algumas cores diferentes), mas com algumas características diferentes na construção, captadores novos e o sistema G-Force (a evolução do Robot) em quase todos os modelos. Tudo isso com um aumento de preço de 15%-25% em geral. OUCH!!
2015 Les Paul Traditional
Conhecendo o Jacob, gerente da Guitar Center Houston, conversamos um pouco e ele desceu uma Traditional, supostamente o modelo mais tradicional da linha, para que eu pudesse conferir de perto as mudanças estéticas e estruturais, assim como o impacto na tocabilidade, etc.


A Traditional que eu tive a oportunidade de tocar era linda, antes de tudo. Um burst maravilhoso em cima de um flame muito bonito com acabamento realmente de primeira que brilhava mais que carro em salão do automóvel. Parece que a Gibson prestou bastante atenção no padrão estético esse ano e não vemos algumas falhas de acabamento que eram comuns até uns anos atrás. Com empresas como Suhr, PRS e Tom Anderson produzindo verdadeiras obras de arte, já era hora.


Gostei do HeadStock grande, padrão custom/anos 80 com a inscrição "Les Paul 100" (alusão aos 100 anos que Les Paul faria esse ano se estivesse vivo) embora confesso ter estranhado no início. Talvez porque a própria Gibson tenha feito um excelente trabalho em marcar a ferro e fogo em nossas mentes a inscrição Les Paul Model anterior :-) .


Com o corpo feito em peça única, inteiramente sólido (sem alívio de peso na traditional) a guitarra não era muito pesada, acredito na faixa de 4.5Kg, mas estranhei logo de cara o braço pois achei que estava meio largo demais comparando com as minhas Les Paul Gibson. O Jacob me disse que esse era o novo "Assymetric Shape" da Gibson e era mesmo mais largo e ligeiramente mais fino gerando um D-Shape que lembrava um pouco a pegada de uma Ibanez modernosa. De repente a pegada parece ter um feeling moderno onde é mais fácil colocar o polegar apoiado atrás do braço e fritar, bem diferente da famosa pegada roqueira pra tocar um bom Blues!

Eu não gostei, mas concordei com o Jacob que a Gibson talvez esteja querendo conquistar justamente esse público da galera mais técnica, sei lá, apesar de estarem divulgando que esse espaço extra na escala facilita bends e vibratos.......Enfim, Ok, há quem goste....



Na linha 2015 todas as guitarras vêm equipadas com as tarraxas e sistema G-Force que nada mais é que a evolução do sistema de auto afinação introduzido com a Robot. É mais simples de usar,  mais leve, prático e preciso segundo a Gibson. Ele está presente também na Traditional. Testei-o e realmente o sistema funciona bem e de maneira bastante fluida e precisa, com um milhão de possibilidades, mas não consigo parar de pensar se acabar a pilha disso no meio do show e o treco começar a emperrar... rs...
Como disse anteriormente, até reconheço a utilidade especialmente pra quem usa muita afinação alternativa, mas é mais uma inovação que considero dispensável pessoalmente. Por outro lado, sei que o Paulo gosta da ideia... Novamente, questão de gosto!


         Pra não continuar reclamando de tudo, o nut foi uma novidade que achei interessantíssima numa primeira impressão. Aquele NUT de "corian" (leia-se plástico) deu lugar a um modelo ajustável com base no "Zero Fret"(traste 0) de latão, com um sistem de dois parafusos para a regulagem de altura. Uma das coisas que acho mais chatas na regulagem (mas que fazem um mundo de diferença) é a altura do Nut. Com o novo sistema, não gasta facilmente com trocas de cordas e praticamente elimina a possibilidade de trastejamento no primeiro traste, como já aconteceu comigo. Excelente ideia!
Aliás, o hardware todo foi melhorado e a ponte nova e cordal contam com travas e ajuste de altura com parafuso, muito mais fácil que girar aquela rosca antiga.


 
         As novas Traditional também contam com um novo par de captadores, denominados "59 Tribute" e potenciômetros de 500k (volume e tone) e capacitores Orange Drop. Fiquei curioso quando eles foram lançados ano passado e pude testá-los no modelo novo e a sonoridade é ok! Um pouco mais dinâmicos e complexos nos médios que os 57 Classic mas talvez ainda um pouco redondos e lisos demais pro meu gosto. Mas, saturam muito bem. Toquei com eles num JCM800 da loja e num Fender Eric Clapton Twin Tweed e em ambos o som foi muito bom, sem sobras de nada, embora eu tenha sentido falta do ataque PAF que tanto amo. Mas ok, não compromete o resultado final.


         Concluindo, parece que a Gibson dá mostras de estar mirando no público moderno com esses novos modelos 2015. Ao preterir as características tidas como clássicas, com a implementação do G-Force e mudando as medidas do braço entre outras alterações, uma legião de novos guitarristas, antes dominados pela PRS por exemplo, podem ser atraídos a ter novamente uma Gibson LesPaul com visual impecável e  uma pegada e sonoridade levemente mais modernas, deixando as "Bursts" para a Custom Shop produzir. O lado negro disso é que, tunar uma Traditional para "Vintage Specs" como muitos de nós fazíamos para chegar mais perto da original já não será mais tão viável, a não ser que na linha 2016 tudo volte ao "normal" novamente.

Fato é que a gente não sabe mais o que esperar da Gibson, mas digo que HOJE, se eu quiser uma BOA Gibson Les Paul, buscando os sons clássicos sem ir pra Custom Shop, iria atrás de uma Gibson Les Paul Traditional com fabrição de até meados de 2009-10 (Corpo de 1 peça de Mogno com 9 furos de alívio de pesao) ao invés de comprar uma nova linha 2015 na loja.

Isso claro, na minha humilde e pessoal opinião, a galera que curte uma pegada mais moderna vai se deliciar ! :-)

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Entrevista LPG: Amplificadores Pedrone

Oscar Isaka Jr
          Recentemente tivemos o prazer de conhecer e conversar com ninguém menos que Augusto Pedrone, idealizador e proprietário da "Pedrone Amplifiers", que tenho certeza, todos já ouvimos falar.
O Pedrone nos contactou há uns dois meses com algumas perguntas sobre uma Strato que estava montando e depois de muitas conversas via FaceBook combinamos de gravar algo pro Blog. Fui até São Paulo e durante uma manhã de sábado batemos um papo bacana sobre quase tudo e o resultado vocês conferem aqui em mais uma Entrevista LPG: :-)


          Durante a visita eu pude testar e ver pessoalmente os modelos que estão no vídeo e posso dizer que fiquei abismado com a qualidade dos amps. Superou e muito a expectativa que eu tinha, bem como todo o conhecimento técnico e experiência do seu idealizador. O Pedrone além de um cara muito atencioso e gente fina, sabe muito de tudo o que faz e não dá ponto sem nó. A construção é impecável (a placa que vc`s podem ver no vídeo é do Pegasus) tanto na placa como no ponto a ponto e a sonoridade excepcional.


Overdone
É uma pena que não tivemos tempo para gravar áudios detalhados de todos os modelos, mas já adianto que o SuperClean é fenomenal. O timbre BlackFace que eu mencionei no post sobre o Deluxe Reverb está lá em todo seu esplendor com a vantagem de poder ser usado com pedaleira (tem um Return no power). O detalhe que ele faz o Super Clean também com as válvulas KT88 que tem um pouco mais de punch e graves que a 6L6 clássicas. Eu pude tocar com ambos e gostei muito.

 SUPERCLEAN



O Pegasus é um show também. Ele conseguiu unir o JCM800 com o PLEXI e o que temos é basicamente um amp com dois canais sendo que o PLEXI tem volume CLEAN suficiente e o JCM800 além do modo clássico tem o modo AFD, onde ele adiciona um estágio a mais de ganho de válvula pra dar ainda mais saturação. Detalhe que não há sobras de agudos como observamos em alguns Marshall e clones. Tudo muito bem tunado e pensado.
PEGASUS



O Buffalo é o novo modelo lançado na última ExpoMusic. Derivado do modelo SLO 3 Mod antigo, é o Soldano com mais opções de canais e timbres que vão desde o Clean (clean mesmo), passando pelo Crunch e toda a fúria do HighGain. O Pedrone basicamente pegou o timbre do Soldano SLO e adicionou mais funcionalidade.

 BUFFALO



O Overdone... Pootzz.. esse é um caso a parte! Sou suspeito pra falar de Dumble mas a cara dele diz tudo. Faço das minhas palavras as de Kleber Kashima que também testou o Overdone "Foi a primeira vez que ouvi a complexidade e riqueza do TwoRock em outro amp".

 OVERDONE


          Combinei com o Pedrone que faríamos alguns reviews dos Amps de linha aqui pra vocês caso haja interesse, com mais tempo para análise das possibilidades, testes com várias guitarras e situações.
Em todos os modelos que eu testei pude observar algo que eu não vejo/ouço com muita frequência na maioria dos amps por aí: a transparência nos médios e graves. Ouve-se tudo, os harmônicos, a dinâmica, sem sobras de agudos e sem aquele som meio entupido de agudos pálidos. E eu acredito que isso se deva a qualidade e cuidado com componentes, não só do circuito do amp, como Trafos. É a principal diferença que eu ouvi no meu Deluxe Reverb quando instalei os transformadores Mercury. Vale lembrar que o Pedrone usa trafos Smithers, fabricados pelo Leando aqui mesmo no nosso Brasil ! :-)




É realmente muito bom poder conhecer um cara como o Augusto Pedrone entregando produtos de tão boa qualidade. A preocupação em oferecer nada além do melhor fica muito clara em tudo sem se prender a nenhum tipo de paradigma.

Uma manhã de sábado em que o LPG não só ganhou mais um parceiro, mas também um grande amigo. Vida longa ao Pedrone e que ele possa continuar nos entregando esses produtos maravilhosos!
Contato:
Pedrone Amplificadores
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