sábado, 20 de julho de 2019

Guitarra Kaiser TB-2

Paulo May

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)




         A primeira tentativa já tinha ficado ótima, mas o meu TOC ficou cutucando aquele detalhe do posicionamento dela quando tocando sentado - um pouco desconfortável. Bem, eu tinha dois captadores Gretsch sobrando por aqui e no final do ano passado resolvi ligar para o Kaiser sugerindo que tentássemos modificar um pouco o design do corpo. O Eduardo Kaiser adora um desafio e topou na hora - como já havíamos definido vários detalhes (escala, raio, posição dos controles, jack, etc) na primeira, essa foi mais fácil.

          Tive sorte de conseguir a madeira Caroba para o corpo. Infelizmente o bloco era um pouco menor e acabamos reduzindo a projeção da asa superior, mas a Caroba é tão legal (bem leve, timbre equilibrado com excelente ressonância e muito bonita) que valeu a pena. Para a madeira do braço, aceitei (e não me arrependi) a sugestão do Kaiser de experimentar a Cabreúva, madeira muito bonita e acusticamente viável. Excelente opção para braços. Eu queria um headstock que fosse ao mesmo tempo esteticamente pareado com o corpo e mantivesse as cordas retas, pois acho que aquela angulação pós nut típica das Gibsons não é desejável e favorece a desafinação. Conseguimos chegar numa excelente solução: as cordas estão retas por todo o percurso, do stoptail às tarraxas. Angulação do braço colado é a mesma da Gibson e a do headstock, um pouco menor. 

          Assim que abri o pacote com a guitarra, fiquei impressionado com a beleza das madeiras. A minha ideia era fazer um acabamento com cores clássicas dos carros "fishtail" da década de 60, mas num primeiro momento não tive coragem de pintá-la com cor sólida. Resolvi fazer um leve acabamento com TruOil e montá-la. Ficou assim (na foto, do lado do primeiro protótipo):



          Porém, esse acabamento natural não durou um mês, hehehe. Resolvi pintá-la de Sonic Blue mas aos 45 do segundo tempo o Jean Andrade apareceu aqui em casa e me convenceu que essa guitarra tinha um astral mais anos 80 que 60 e o preto seria a cor mais de acordo. O nome "TB" quer dizer "Tubarão", minha cidade natal e nome da banda que tive nos anos 80., então... Vamos de pretinho básico :).




          Quem acompanha o blog sabe que o nosso lema aqui é "faça você mesmo / DIY", e 90% das vezes eu mesmo faço o acabamento das minhas guitarras. Infelizmente só posso usar tinta em spray (eventualmente pincel/rolo) e conseguir um acabamento profissional com spray em lata é f.... O preto nunca foi muito problema - 2-3  demãos de preto e mais umas 4-6 de verniz incolor (lixando periodicamente) e no final dá pra enganar bem. Porém, mesmo fazendo isso há anos, nessa guitarra tive vários momentos de puro azar: tinta escorrendo, umidade do ar, enfim, a bruxa tava solta. 
Mas acabei e a guitarra ficou bem legal. Nesse design, é 100% anatômica e o eixo horizontal está equilibrado (o headstock não fica apontando pra baixo, coisa comum em algumas SGs). A Cabreúva é tão bonita que optei por deixar a parte traseira do braço crua (apenas umas duas demãos de Truoil):


          Até porque o braço sem tinta é bem mais liso e fácil de tocar - não gruda a mão :)

Não me canso de elogiar o Eduardo Kaiser aqui no blog. Além de tocar vários instrumentos, principalmente sax e guitarra, ele é um luthier fantástico. Evoluiu em poucos anos o que normalmente requer uma década ou mais. O nome disso? TALENTO. :)



         A sonoridade dela é 80% dependente dos captadores filtertron Gretsch. Baixa saída, claros e definidos. mas algo anêmicos Humm, já os havia instalado numa Cabronita e na minha opinião, acho que eles precisam de um pouco de força, principalmente se quisermos tocar algo mais pesado/saturado. Bem... Já que tô falando em "talento", talvez eu consiga convencer o Sérgio Rosar a rebobinar esses filtertron para deixá-los mais agressivos, tipo o que a Fender fez com os "Fidelitron" ou o TV Jones Classic Plus.

         Pretendo postar mais umas 2 ou 3 guitarras novas e sei que o pessoal vai pedir demos pra poder ouvir a sonoridade delas. Bah... Isso é uma das coisas que acabam atrasando posts, mas eu prometo (ixi...) que assim que acabar de postar essas guitarras, vou produzir uma demo dos timbres :)



13 comentários:

  1. Cara, ficou muito top, apesar de ter gostado mais na madeira, talvez madeira + aquele "goldtop" da primeira,também teria ficado legal.

    O desenho do corpo lembra bastante uma Guild T-bird sem o cutway superior.
    Deve ter ficado com um timbre matador pra slide, assim como as T-bird.

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    1. Sim, natural ficou bonito e tinha até uns flames na borda inferior, mas não fechava muito com o visual "moderno" dela. Ficou um bom tempo assim :)
      Eu gosto de ação bem baixa, então essa não tá ideal pra slide. Tenho uma "Telemaster" com P90 que é matadora pra slide :)

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  2. Fala Paulo, tranquilo aí?
    O visual dessas suas guitarras ficaram muito legais!
    Realmente o Kaiser está mandando muito bem. Falei com ele tempinho atrás por whatsapp sobre cotações e as indicações de madeira brasileira com ele inspiram confiança no sentido de resultado sonoro.
    A escala dessa TB-2 chega a parecer ébano, de tão escura.
    Demos serão bem-vindas sim, quando sobrar tempo.
    Abraço!

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    1. Grande Marçal...:)
      A escala é realmente bem escura, mas é jacarandá mesmo.
      Sim, o Kaiser tá matando à pau, hehehe :)

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  3. Muito legal o design dela!
    Assim como o Eddie Tavares também preferi ela na madeira do que em preto, claro que é apenas gosto.
    Essa Caroba está com uma tonalidade muito linda.
    Agora, em relação ao som dessa madeira, ela se assemelha a qual?
    Parabéns pela guitarra e pelo blog!!!!!
    Abraço!!

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    1. A caroba e a cabreúva foram tingidas pra ficar com um tom mais para o marrom, Wes. A Caroba é clara, quase branca. mas aceita bem os corantes.
      Tem um post aqui no blog com a demo de uma strato hardtail de Caroba - Faça um search que aparece. Excelente timbre.

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  4. Essa guitarra ficou demais, tive o prazer de tocar, super confortável, leve e ressonante. Ficaria muito bonita em Sonic Blue ou mesmo na cor natural, como estava... mas continuo achando que preta foi a escolha certa. Ela ficou perfeita! Hehe.

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    1. Agora, eu concordo, mas confesso que as dúvidas foram muitas... :)

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  5. Parabéns pela guitarra Paulo, ficou muito linda! Fazia tempo que não lia as postagens do Blog e me deparei de primeira com essa belezura!
    Rodrigo Born da Silva.

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  6. Paulo, seu blog é terrível! Num ataque de pseudo-lucidez-minimalista, acabei de me livrar de tudo que estava sobrando aqui em casa (incluindo algumas guitarras) e aí, ao ler sue post, já fico maquinando alguns novos projetos.
    Tenho a felicidade de ter uma tele com corpo e braço feitos pelo Kaiser, e vou confessar que é minha melhor guitarra.
    Parabéns pelo post, como sempre, muito bom.

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    1. Obrigado!
      Aqui, todo ataque minimalista gera pelo menos uns dois de franca expansão, hehehe. O Kaiser tá matando à pau - não sei como ele acha tempo pra fazer tanta coisa. Esse mês, se tudo der certo, ele acaba mais uma Les Paul pra mim :)

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  7. Grande assunto. Uma coisa que eu nunca li aqui no blog foi sobre a Guitarra "The Paul". Vi algumas com preços muito acessíveis. A diferença acústica de Nogueira para Mogno é tão grande assim, pra justificar essa diferença de preços (usados)?
    grande abraço

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