sábado, 15 de outubro de 2011

FAQ-002: Tingindo Plásticos

Guitarra boa é sempre guitarra boa, independente do aspecto. Pode ser uma daquelas envelhecidas naturalmente, como a famosa e clássica tele "Micawber" do Keith Richards:

Pode ser uma ilustre desconhecida, como a do Jon spencer:

Ou uma toda reluzente e novinha em folha, sem nenhum arranhão.
O que eu não curto muito, esteticamente, é guitarra muito "relicada". Não sei, pouquíssimas me parecem realmente naturais. Principalmente essas "heavy relic", onde algumas tentativas ficam ridículas:

Até mesmo a Fender às vezes exagera e perde a mão. Aqui, uma "Time Machine" Custom Shop:

A Fender iniciou essa onda (e criou o nome "Relic", de relíquia) nos anos 90. Reza a lenda que Keith Richards encomendou cópias de suas amadas Telecasters e as devolveu com um bilhete: "Estão muito bonitas. Se vocês derem uma "gastada" nelas, eu as tocarei". Daí foi ladeira abaixo. Tom Murphy na Gibson aproveitou a onda e hoje ambas as empresas têm nas suas linhas "envelhecidas" as guitarras mais caras.

Por outro lado, não gosto de guitarras reluzentes, com metais ultra polidos e aquele acabamento grosso de poliuretano que reflete tudo.
Também não gosto do branco "OMO", pode até ser trauma de uma telecaster Finch branca muito ruim que tive há décadas e entre outras coisas, não afinava nunca e me dava choques elétricos... hahahá :). Fico feliz que tenham inventado o "Off White", que é o branco "não tão branco"

Por isso, sempre que pego um plástico branco, fico tentando deixá-lo um pouco mais escuro. Sempre que pego uma guitarra reluzente demais, passo uma lixa bem fina pra "cortar" o excesso. Idem para os cromados. A técnica atual de cromagem de metais (acho que) surgiu na década de 50/60 e só foi instituída nas peças de guitarras a partir dos anos 70. Anteriormente, os metais eram mais foscos e, na minha opinião, mais bonitos quando combinados com madeiras. O acabamento de poliuretano (PU) também iniciou-se só em meados da década de 60. Antes era só nitrocelulose ou "duco", que não brilhava tanto. Hoje, é tudo PU super polido e em grossas camadas, abafando a madeira..

Chega de papo retrô... Esse post é porque o pessoal demonstrou curiosidade sobre o método que uso pra tingir os plásticos. Já tentei várias coisas e tintas. Uma vez peguei uma "fórmula" num fórum que incluia, entre outras coisas, uísque e mostarda... E funcionou! :)

Mas um método mais simples é usando apenas corantes para tintas, aplicando-os diretamente no plástico. Aconteceu por acaso - tentei uma vez e saiu tudo após passar água. Mas no outro dia, por acidente, derramei um pouco na mesa e como não tinha água por perto, tentei limpar com um pano velho. Quanto mais eu esfregava, mais a tinta grudava. Depois tentei com água, mas daí a tinta já havia grudado... :)

Então, descobri que o princípio é esse - sujar bastante com a tinta e tentar limpar sem água. :) Quanto mais tentamos limpar, mais a sujeira/tinta gruda. É importante que o plástico seja previamente lixado - de maneira uniforme ou não (veja o porque na sequência) - pode ser uma lixa de grão 400 a 600 (obs: quanto mais alto o valor, mais fina é a lixa) 

Essas são as cores que uso (lojas de ferragens, tintas e utilidades, custam por volta de 4-5 reais cada):


Aqui o processo em dois escudos de telecaster. O da direita já é "off white", mas eu queria deixá-lo "mint green", um pouquinho esverdeado. Pinguei as gotas. Mais tarde vou acrescentar apenas 4 gotas de verde claro no da direita:

Aqui, já com um pedaço de pano (bem seco, não esqueça, tudo nessa etapa é sem água). Esfreguei bastante e com força, até secar e "travar" o pano. Tente literalmente "limpar a seco":

Faltou um pouquinho de amarelo... E esfregar novamente.

Depois de bem secos, são então lavados com água corrente. A água (continue esfregando aí também) retira mais de 80% da "mancha", mas o que queremos realmente são os 20, 10 ou 5% restantes...



O da esquerda "manchou" mais porque eu o lixei propositalmente de forma irregular. A sujeira irregular é essencial para um aspecto vintage. 
Agora, seque-os novamente, esfregando firme. O excesso de cor/manchas/sujeira é retirado com lixa e água. 


A relação de valores das lixas é importante. Se lixamos inicialmente com uma 400 e queremos tirar pouca coisa, podemos usar uma lixa de 800 ou 1200 (usei inicialmente uma 500 e depois 1200). Mas se o objetivo for apenas o de "cortar o branco", podemos usar uma com o mesmo valor ou um valor imediatamente acima. Lixamos levemente, de maneira uniforme ou não, dependendo do objetivo final. 

Na foto o da direita não parece tanto, mas ficou com um tom levemente esverdeado, exatamente como eu queria. O da esquerda, que deve ir para uma telecaster que será pintada em "Daphne Blue" ou "Surf Green" (ou Teal Green), pode ainda receber mais lixadas pra diminuir o amarelo - ou simplesmente acrescentar um pouco da cor "ocre" ou marrom. Prefiro esperar e decidir depois.
O legal é que podemos lixar, retirar tudo e tingir novamente :).
Nessa strato (postada anteriormente), o tom levemente amarelado/esverdeado do escudo ficou perfeito com o vermelho do corpo:

É claro que se alguém fizer isso e descobrir mais alguma dica, por favor, dê um toque - é obrigação! :)

______________________________________________

12/11/2011: O pessoal já está aplicando esse método e descobrindo novas opções/variações muito interessantes. Uma delas é a tinta a óleo - faz sentido porque o óleo "gruda" e mancha bem. Vou postá-las sempre que acrescentarem algo:

Duda Menezes: usei algumas Tintas Óleo , aquelas usadas para pintar quadros e tive um bom resultado. Marrom escuro , marron médio e amarelo .Usei o seu sistema para tirar excesso e ficou muito bom. Não ficou exagerado , ficou no ponto . 

Cesar: "Eu utilizei essa tecnica para tingir escudo e covers de captadores. Realmente é uma técnica fácil e q funciona, porém fiz algumas adaptações. Para mim funcionou mto bem com as peças molhadas, ficando assim mto mais fácil para espalhar a tinta mais homogeneamente. Pinguei algumas gotas do corante amarelo (meio mostarda) em um pano e apliquei em todo o escudo molhado, em seguida passei um pano seco, assim já ficou praticamente na cor que eu queria, levemente amarelado, sem excessos, bem homogêneo e natural, depois só lavei em água corrente e passei uma lixa 1200 bem de leve msm, o resultado me agradou bastante

Jean de Bethencourt:
1 - Lixar o escudo com lixa 600.
2 - Em seguida lixar com 1200, eliminado os riscos profundos. Lavar com água para remover o pó.
3 - Polir com Kaol ou Brasso.
4 - Pingar as gotas de corante 'à seco' (usei cor Ocre). Esfregar por toda superfície, até travar o pano.
5 - Polir novamente com Kaol para remover o excesso de tinta.

Resultado: Escudo fosco (matte), levemente amarelado, de forma homogênea, sem tinta acumulada em riscos profundos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Guia para Tunar Guitarras Baratas

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)


(Atenção - Adendo 30/09/13: temos um novo post sobre tunagem  (clique aqui)  - um guia definitivo para as guitarras SX. Até acho que o novo post deveria ser lido ANTES desse aqui...)
__________________________________________

         Ao longo de vários anos, aprendi muito sobre guitarras na medida que comprava modelos mais baratos, com madeiras razoáveis a boas e tentava melhorá-las. Cheguei à conclusão de que "guitarra barata é guitarra barata" e dificilmente conseguimos transformar uma delas em "top de linha", mesmo tunando ao extremo. Geralmente porque a essência de qualquer guitarra é a madeira. E madeira boa é, via de regra, cara.

          Prometi que não ia mais fazer isso, mas achei que essa era uma oportunidade de acompanhar tudo em "real time" aqui no blog.

Hoje comprei uma nova SX (já tunei duas anteriormente). Essa tem um selo escrito: "American Swamp Ash". Será? :)
Analisei-a por quase meia hora na loja e decidi comprá-la (600 reais). O corpo realmente parece Swamp Ash, é leve e composto de apenas duas peças (pelo que percebi até agora :) ), porém 5mm mais fino que uma Strato padrão (40mm x 45mm).


Guitarra Strato SX de Swamp Ash

Ponte ruim, sem massa, captadores cerâmicos, tarraxas "a esclarecer", mas não devem ser além do "razoável", escudo com figuração tortoise impressa, enfim, vai mais uma boa grana pra tuná-la devidamente.

Mas valerá a pena? Minha experiência é de que as chances para "Sim" não passam de 30%.
Antes de comprar, levantei o escudo e vi que a cavidade dos caps não é universal/piscinão. Um ponto positivo, pra começar.
Mãos à obra - vou postando aqui o dia-a-dia da tunagem.

DIA 1

Antes, é bom lembrar que o ideal seria num primeiro momento, apenas colocar bons captadores e checar o timbre da guitarra. Se não ficar legal, pare a tunagem aí mesmo... :). Mas, pelo timbre dos captadores cerâmicos, dá pra projetar com relativa certeza que ela tem boa sonoridade. Por isso, vou iniciar pela parte estética/estrutural.


1 - Retirei o escudo. Cavidades clássicas da Fender. Ainda bem que os caras nem tentaram colocar espaço para um humbucker na ponte. Nenhuma falha até agora.



2 - Captadores cerâmicos (já dava pra imaginar) de 5,3k para a ponte e 4,9k os demais. O da ponte tem espaçamento maior, como é o padrão Fender moderno. Pots de tonalidade A250k (logarítmico) e de volume B250k (linear). Capacitor de polipropileno, .047uf:


3 - Já comecei a adaptar os pots para deixar apenas um de tonalidade e desviar o de volume para o ponto do segundo pote de tonalidade (esse sai)


4 - O Escudo. Horrível, nitidamente dá pra notar que a imitação de Shell/Tortoise é pintada.:



Fui dar uma pequena lixada para diminuir a intensidade dos efeitos "super laranja" e a tinta desandou a sair e borrar tudo. Nunca vi disso. Resultado: tive que lixar tudo e deixá-lo com o top branco:


O problema aí é que eu não gosto de escudos de strato TOTALMENTE brancos. Em 1 hora, ele foi envelhecido (clique aqui para o post sobre "envelhecimento" de plásticos) e ficou com tons mais equilibrados com a madeira (deixei um full white do lado para comparar:



Não que eu não goste do escudo "tartaruga", mas não é o meu preferido nessas guitarras com acabamentos naturais. De qualquer forma, vou comprar um escudo "Shell/Tortoise" só para ter essa opção estética.
Se eu mantiver o escudo "envelhecido", toda a guitarra será manipulada para o aspecto vintage. A começar pela retirada do excesso de brilho do corpo.
Amanhã tem mais...
______________________________________________________


DIA 2

Decidi que além de fazer o upgrade, vou também deixá-la com aspecto mais vintage. Pra isso, é importante retirar o excesso de brilho do verniz e das ferragens cromadas. Em ambos os casos, o processo é feito com lixa d'água, grão 600 pra cima. O corpo fiz com lixa 600 e ficou divino sem o brilho. A textura está perfeita.
Desmontei-a totalmente e nessa foto, o que de fato é importante: madeiras. Observem no detalhe que já fiz uma marca naquele bico de papagaio do headstock. Como fiz com todas as SX, vou aproximá-lo de um headstock Fender:


OBS: Para saber mais sobre a modificação do headstock, clique aqui.

Agora, com o corpo lixado e o headstock modificado (fiz com grosa e lixas):



Como sempre, deixar com aspecto de Fender e não colocar o logo é igual a garrafa de Coca Cola sem o logotipo: não faz sentido! :)



Ainda não consegui comprar a ponte Wilkinson mas eu tinha um bloco de aço pesado que comprei na Guitar Fetish e troquei aquele ridículo bloco chinês por esse (obs: o braço do tremolo original não cabe nesse bloco - compre um braço "USA sized" junto - custa apenas 4 dólares). O bloco pesado é muito importante para o timbre de uma strato, pois nela ele funciona como "bloco de inércia", garantindo boa e estável vibração das cordas. Aqui, uma foto comparando o bloco GFS de aço com outros chineses. Os "genéricos" são feitos de uma liga de metal que se martelar, esfarela, de tão vagabunda. O da Condor GX40 é pequeno, mas o metal é, aparentemente, de maior qualidade.

Caso alguém queira comprar um bloco desses para colocar numa ponte chinesa, escolha o modelo "Import", que é na medida de 90% das pontes genéricas.

A ponte ficou assim:



Os cromados foram lixados (grão 500 pra cima - às vezes só umas esfregadas de lixa 1200 já dá o efeito desejado) para ficarem foscos. Não pode lixar muito porque a camada cromada é bem fina... Aqui, antes de lixar.



Coloquei na foto uma outra canoa e um stoptail cromados para acentuar a diferença:


Observem que o chapa de tróculo é estilo Fender anos 70, com apenas 3 pontos de fixação. Não foi uma boa idéia do Leo Fender, tanto que não é mais usada. Alguém da SX marcou bobeira... Vou deixar assim por enquanto...

Poderia tê-la montado hoje, mas tive que envernizar (com spray) o headstock para proteger os logos. Terei que esperar pelo menos 36 horas antes de recolocar as tarraxas.
______________________________________________________


DIA 3/4

Quando estamos lidando com instrumentos musicais, existe uma regra primordial: "Siga o padrão técnico". Se não a obedecemos, as leis de Murphy começam a pipocar aqui e ali e o projeto vira lixo.

Quando medi a espessura da guitarra e deu 40mm (o padrão é quase 45mm), achei (nunca "ache" nada) que isso não acarretaria nenhum problema na tunagem.
Pois bem, adivinhem qual é o comprimento do bloco de tremolo GFS? Perto do padrão: 41,5mm!
PUTZ! O corpo acaba e sobra uma ponta do bloco pra fora... :(


Um simples detalhe de 1,5 milímetros tecnicamente pode comprometer a sonoridade final da guitarra. Se eu não colocar esse bloco, ela não terá o timbre que eu quero, mas se deixar assim, toda vez que deitar a guitarra em alguma superfície, vai forçar o bloco e sua fixação.
... Continuando (e já li a dica do Pedro e do Lucas), quando coloquei as molas, subiu ainda mais... Terrível. Se não estivesse postando no blog, já teria parado por aí.
Tenho 3 opções: 1) Voltar para o bloco original (nem pensar); 2) Cortar uns 3-4mm desse bloco (aço... Nem imagino onde fazer isso) 3) Levantar a placa traseira. Uma 4ª opção seria deixá-la sem placa, mas daí tem que sempre lembrar de nunca colocá-la deitada na horizontal.... Alguém tem mais alguma ideia?

Decidi pela 3ª opção e usei uma segunda placa (partes dela) para levantar:
De cima, parece ok:

Mas de lado, a gambiarra aparece em toda a sua glória... :).

E as molas ainda estão praticamente coladas na placa. O espaço ali é menor do que 0,5mm. Provavelmente terei que ampliar ainda mais a abertura.
É realmente uma pena. Ela tava ficando muito legal:

Se o som dessa guitarra for excepcional (isso nunca aconteceu com uma chinesa antes), daí talvez tente fazer uma base de acrílico.
Só falta colocar o braço, cordas, regular a tocabilidade e finalmente ouvir o som dela :)

Outro detalhe importante pra quem ainda pretende comprá-la e tuná-la: os 3 captadores têm distâncias dos pinos distintas. É muito legal porque o espaço entre as cordas vai diminuindo à medida que afasta-se da ponte. Mas isso quer dizer também que podemos esquecer a reutilização das capinhas. Geralmente no mercado encontramos singles com dois espaçamentos: para ponte e meio/braço. Por sorte, tinha um captador antigo aqui que coube na capinha do braço, a mais estreita.

Adendo 14/05/2012: O Daniel resolveu esse problema da seguinte forma: "Peguei uma ponte Fender, bloco padrão e corpo 40 mmms... peguei o bloco, levei a um torneiro mecânico e ele cortou na parte superior (parafusada a ponte), foi feito com precisão, tirei 5 mms e ficou bem legal, me cobrou pouco pelo trampo, que tbm não é demorado. Se não fez, em torno de 20,00, faça, a minha ficou perfeita."

______________________________________________________


DIA 4/5

Aqui a SX montada. Detalhe técnico: precisei colocar um calço no tróculo para leve angulação - coisa comum nas Fender (clique aqui para o post sobre angulação do braço). Agora a ação está perfeita em toda a escala. Tarraxas Grover Mini Rotomatics

Novamente, a foto não faz jus à beleza dela... :)


Observem na foto abaixo como os pólos dos captadores estão perfeitamente alinhados às cordas: nas Strato, o ideal é esse tipo de configuração, mas atualmente o pessoal tem usado apenas dois espaçamentos e o captador da ponte fica ligeiramente desalinhado. 

Ontem à noite coloquei as cordas e pude ouvir sua sonoridade. Embora conheça muito bem Teles de ash e Stratos de alder, tenho pouquíssima experiência com stratos de ash, principalmente swamp ash.

O que eu percebi foi uma ressonância muito boa, agudos e médios bem equilibrados, semelhantes ao alder, porém com graves mais fortes e projetados - e isso eu não esperava. Tinha a impressão oposta, que ela soaria mais magra e com médios mais fortes.
Como isso foi observado principalmente no captador do braço e acabei usando um muito antigo de apenas 4,9k porque queria manter as capinhas (a cor creme delas é perfeita), vou colocar um captador que conheço bem - o Fender CS54 ou o Rosar Fullerton hoje e testá-la novamente.

Mas num primeiro momento, gostei muito do som. Melhor do que eu esperava.
Se continuar assim, vai valer a pena o trabalho e vou atrás de alguém pra cortar o bloco do tremolo. :)
______________________________________________________


DIA 5/6



Excelente a idéia do pessoal de cortar o bloco. Por enquanto, ela fica assim. Tá muito legal.
Tive que trocar os caps (54 no braço, Fender 97 no meio e Rosar Rock/Blues na ponte), então as capinhas e os botões obviamente foram trocados -  o visual ficou mais "branco"... :)



Gravei um solo (o mesmo feito com a Strato Candy Red no post anterior - podem comparar os timbres) com o Fender CS 54 no braço. Muito, muito bom! Timbrão.
Interessante é que ela é um pouco mais grave que a de alder. Mas a essência do timbre strato é essa mesma.
Ouça:

E aqui, só as duas guitarras. A strato Fender de Alder tá na direita, fazendo a base:

É isso aí. Ainda pretendo comparar o timbre só trocando novamente o bloco e gravando o mesmo solo...
___________________________________________


Concluindo, o som dessa SX de Swamp Ash é muito bom! Ainda prefiro o timbre da minha Fender de alder, mas gostei bastante do ataque e peso dela, mesmo com um corpo mais fino.
O único problema sério foi a falta de espaço para o bloco, mas aparentemente é fácil cortar um pedaço e a guitarra ficará bem equilibrada visualmente.
Abraço!

P.S.1: o Sávio perguntou quanto custou a tunagem e a questão do custo deveria ser mencionada também ao longo do post. Ao tunar uma guitarra, vamos gastar geralmente bem mais do que o preço inicial dela e, é importante ressaltar, o valor de revenda não aumenta tanto, porque as pessoas vão continuar vendo uma "guitarra chinesa barata".
Então, tunar pra vender não é negócio, é prejuízo... :)

Eu considero que paguei 630 reais não por uma SX, mas por um corpo de Swamp Ash e um braço razoável de maple/rosewood. 3 singles bons estão entre 330 e 600 reais, uma ponte Wilkinson "Selo Ouro LPG" :), 180-220 reais, tarraxas Grover Mini Rotomatics, 95-130 reais... O prazer de tunar sua própria guitarra... Não tem preço!! Hahahá.

P.S.2: Update 12/2011: Comprei um tremolo GFS de aço (42 dólares + uns 25 shipping + cerca de 45 de impostos - total de 200 e poucos reais) que coube no limite exato nessa guitarra. Melhor assim. Não precisei cortar nada, mas foi um saco tapar os furos dos parafusos e fazer dois novos para os pivôs desse tremolo. Recomendo um luthier para quem nunca fez isso.




sábado, 24 de setembro de 2011

Strato Candy Red II - o retorno.

Paulo May


(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)
 

        Geralmente as minhas guitarras postadas aqui são definitivas, ou seja, todas as alterações e upgrades já foram testados e aprovados.
Mas a strato Candy Apple Red desse post: Stratocaster Lipstick  foi mexida...
Conforme o post - e ainda é a minha opinião - o som dela com os captadores "Lipstick" GFS era muito bom. O problema é que eu praticamente não tocava com ela. Na hora "H", sempre pegava a Fender com os captadores CS 54 (também postada aqui: Fender American Standard 1997 ).

Resolvi colocar os Rosar Fullerton (baseados no próprio Fender 54), feitos com fio Formvar especialmente para mim pelo meu grande amigo Sérgio Rosar. Pra deixá-la com aspecto algo vintage, envelheci (amarelei :) ) os plásticos. Acho que finalmente encontrei a "manha" pra amarelar/envelhecer plásticos... Depois eu conto.
Observem o escudo. Ele era totalmente branco. Os botões foram envelhecidos hás uns 6 meses, mas através de outro processo, bem mais complicado.



O resultado final foi exatamente como eu imaginava: ela tem o som da 97 com um pouco mais de estalo e seco.
Ter duas guitarras quase com o mesmo timbre é meio redundante, mas eu sou particularmente fanático pelo som dos captadores Fender Custom Shop 54. Eles podem parecer um pouquinho exagerados nos médios, mas é justamente esse detalhe que gera o som deliciosamente percussivo e equilibradíssimo nos agudos.

Os Rosar Fullerton são um meio termo entre o Fender 54 e o 57. Resolvemos de comum acordo deixá-los assim, com um timbre um pouco mais macio e cristalino porque nem todo mundo é fã dos médios do 54 como eu... :)
Mas esse trio o Sérgio fez com fio Formvar, então eles estão extremamente próximos do 54. No gosto do freguês :)



Tá linda! As fotos não fazem jus à beleza dela ao vivo.

Especificações:
Corpo: Alder, "Candy Apple Red" (Fender, 1997, cavidade universal)
Braço: Maple, "cru", sem verniz, formato em "C" (Fender Squier)
Escala: 251/2", Maple, Raio: 9,5"
Tarraxas: Grover Mini Rotomatics.
Captador Ponte: Rosar Fullerton Custom 6,2k
Captador Meio:  Rosar Fullerton Custom 5,9k
Captador Braço: Rosar Fullerton Custom 5,9k
Ponte: Wilkinson WVP 2 pivôs (o bloco pesado faz toda a diferença...)
Pots e capacitor: Volume Alpha 250K, Tone: Fender "No Load" 250k, capacitor 0.022uF

E... os Lipstick? Antes que alguém pergunte, eles foram colocados numa outra strato, feita com um corpo de basswood (um dos mais pesados que já toquei) de uma Squier. A sonoridade não mudou muita coisa com a troca das madeiras porque os Lipstick não têm agudos tão complexos quanto os singles de pino.

Ultimamente tenho me esforçado pra colocar samples e dessa vez consegui gravar alguma coisa (me considero um guitarrista base - solos não são o meu forte - dê um desconto, please :)
Obs: nessa demo, utilizei o Fullerton "oficial", com fio polysol.
A Red Candy tá na esquerda, solando. Na direita, a Fender 97, na base. Timbres captados do Tiny Terror microfonado com um SM57 e num split em linha, passando pelo Amplitube simulando o Fender Pro Jr. :


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Selo de Qualidade "Louco Por Guitarra"



        Antes que algum incauto vá pensando que isso é arrogância, explico: há alguns meses lancei no  fórum da Guitar Player a idéia de instituirmos um "certificado de qualidade" para alguns equipamentos com excelente relação custo-benefício. O objetivo seria de orientar, fornecer substrato às compras de guitarristas.
Claro que é um procedimento sujeito a problemas: opiniões podem variar, a qualidade do produto pode mudar, não sabíamos se seria possível usar o próprio nome "Fórum Guitar Player" por causa da revista... Enfim, tornou-se inviável lá no fórum, porém a idéia permaneceu e resolvi trazê-la pra cá.

Eu tô sempre comprando, usando e testando guitarras, captadores e hardware e de vez em quando me surpreendo com a qualidade e preço de alguns produtos. Quando me deparo com tal barganha, tenho vontade de dizer pra todo mundo: "olha, esse aqui tem a mesma qualidade e eficiência que aquele lá e custa a metade do preço!"

Então, a idéia é ressaltar - e com um selo espalhafatoso, hehehe - alguns produtos de excelente custo x benefício. E em se tratando de Brasil, onde os impostos são um tapa na cara, acho que a idéia procede. Não tenho absolutamente nenhum vínculo com ninguém e por isso posso citar marcas e até eventualmente as lojas onde comprei.

        Como o blog é meu e minhas premissas estão bem claras na apresentação, não preciso me justificar. É somente a minha opinião, que talvez não seja a melhor, a mais exata, a mais lógica e definitivamente, não é a única. Mas se de vez em quando ajudar alguém a economizar um dinheirinho, já valeu! :)

Criei um "Ouro" e um "Prata".


O ouro seria para coisas que  realmente me impressionaram, como, por exemplo, as pontes Wilkinson para strato e as tarraxas Planet Waves Auto Trim Lock... 
___________________________________________________________________

E o primeiro Selo de Qualidade vai para:



Ponte Wilkinson WVPC de seis furos e WVP de dois pivôs - Selo Prata de Qualidade!
Construção e materiais excelentes, no nível das Fender americanas e Gotohs. Saddles de aço (não enferrujam), bloco pesado de zinco (as versões "SB" têm blocos de aço, mas são difíceis de encontrar no Brasil). Eu tenho 4 pontes dessas (e vou comprar mais uma :) ). Custam normalmente entre 150-200 reais.
Antes que alguém pergunte, o Zinco é um metal com densidade algo menor que o ferro e nessa ponte, tem uma sonoridade entre o aço/steel e o brass/latão. O latão é uma mistura de zinco e cobre.
Enfim, é uma ponte fantástica por um excelente preço, considerando que é importada.
Info sobre os diversos tipos de ponte Wilkinson: Clique Aqui


Adendo 04/03/2012: O selo da ponte Wilkinson foi alterado de ouro para prata porque o bloco de zinco realmente perde para o de aço. As versões "SB/SteelBlock" com bloco de aço, obviamente são "ouro" e eu recomendo veementemente que tentes conseguir a versão "SB" :)
Leia mais sobre isso aqui (CLIQUE).


Adendo 24/06/2013: ATENÇÃO***: Já temos disponível no Brasil um bloco de aço com a qualidade de um Callaham! Clique aqui para maiores detalhes.

________________________________________________________________



E em seguida, o segundo selo "ouro" vai para as tarraxas Auto Trim Lock da Planet Waves (a Planet Waves é uma linha de acessórios da D'Addario).
Patenteada pelo gênio do design Ned Steinberger, essa tarraxa possui um engenhoso sistema que além de travar, automaticamente corta o excesso de corda. É só passar a corda, travar e começar a afinar a guitarra. 
A relação de giro é de 18:1 (quanto maior a relação, mais precisa é a afinação - as Fender antigas tinham relação de giro de 14:1).
No Brasil, o jogo custa entre 190 e 235 reais. Geralmente é mais barata no ML.

É uma daquelas coisas que depois que usamos, o resto fica sem graça... :). E olha que eu tenho tarraxas Sperzel, Gotoh, Grover. A qualidade até que se equipara entre elas, mas nenhuma bate a Planet Waves em termos de praticidade.
Uma dica: mesmo não sendo necessário, deixe pelo menos uma volta da corda (trave-a com a corda bem solta e não esticada) - eu percebo que os bends ficam mais macios com esse procedimento.
O único senão é estético. Em todas as versões os botões da trava e o poste/eixo, são pretos - podem parecer exagerados para alguns puristas.


domingo, 11 de setembro de 2011

Braço de guitarra: formas/shapes

E eu falando de raio da escala sem antes falar do mais importante, do ponto de conexão entre o guitarrista e a guitarra: o braço!
Falei no post anterior sobre o formato naturalmente curvado da mão humana. Mas em relação às mãos, formato e tamanho variam muito. Exatamente por isso existem tantas variações de formato de braços.
Vamos ver alguns mais conhecidos:


Observem as variações. A profundidade e o desenho dos "ombros" é que determinam se a nossa mão vai ou não gostar de um determinado braço. O "ombro"/shoulder seria a curvatura lateral - quanto mais ampla, mais ombro. E mais aberta tem que ficar a mão, independente da profundidade. Veja:


O braço "D" é o que tem menos profundidade porém mais ombros. Já o "V" é exatamente o contrário.
O "D" (ou "C" achatado) é típico das Ibanez. Por ter menos profundidade, ele permite que os dedos avancem mais e tenham maior alcance na escala. Mas devido aos ombros, é um braço "largo" e nos obriga a manter a mão sempre aberta.
Os nomes e definição variam bastante e não existe uma regra formal: O "C gordo" pode ser chamado também de "U achatado". O "soft V", frequentemente é chamado de "oval". E por aí vai...

Fiz uma montagem dos tipos de braço da Warmoth. No esquema dá pra perceber bem a diferença entre eles. No centro, um braço "Standard Fino", que seria o braço "C Moderno" da Fender.


       Atualmente, todas as Gibson "Standard" têm braços assimétricos (como a Wolfgang, do esquema), com mais "ombro"/gordo na parte de cima (das cordas graves/pegada do polegar) e mais fino embaixo. As demais Gibsons mantém os braços no padrão 50's, mais gordo ou 60's, mais fino. (valeu o toque, Rodrigo).
   
       É isso aí... :) Cada um acaba descobrindo qual tipo de braço é o melhor pra si. Eventualmente o cara tem um braço tipo "C gordo" (quase todos os das SX são assim) e sente-se um pouco desconfortável com ele. É só pedir para o luthier (ou fazer em casa mesmo - um dia eu posto - * POSTADO: Clique) tirar um pouco dos ombros. Eu consegui transformar um desses braços SX - "C gordo" ou quase um "U" num ótimo e confortável "Soft V".

Mas gosto é gosto, mão é mão... :) Eu só conseguia tocar em braços Fender (um "C" um pouquinho mais gordo/cheio, de 1968), mas atualmente gosto muito dos braços em "U" Gibson (os "59"... :) ). Porém,  jamais me adaptei aos braços finos (e já sabemos, com muito ombro) tipo Ibanez. Nem pensar em tirar os ombros desses aí - não sobraria "massa" de madeira pra dar timbre! :)

Excelente site, com as medidas de inúmeros braços:
http://www.rocketmusiconline.com/necks.html

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Raio da Escala: que raio é isso?

       
(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)

         Antes de começar a história devo dizer que, embora toque guitarra desde 1976, só comecei a entender o "instrumento guitarra" há uns 6 anos. Antes disso nem sabia o que era, onde estava e pra que servia o tensor, por exemplo. Pois bem:
         A minha Telecaster 68 tinha um raio de 7.25" (184.1 mm). Tinha, porque em 2004, depois de 15 anos sem manutenção, levei-a até um luthier (o 1º que conheci na vida) e ele deu uma "geral" nela. Trocou trastes e, se minha memória não falha, me ligou dizendo que iria aproveitar e "raiar" a escala pra 9,5". Não entendi porra nenhuma e disse pra fazer o que tivesse que ser feito pra voltar à tocabilidade que eu estava acostumado, mas sem mudar um pentelho a "pegada" do braço. Ele me garantiu que ficaria melhor e realmente, notei que os bends ficaram mais claros depois disso.

Hoje eu tenho um gabarito de escala (comprei na Music Tools, do Miguel Cardone). Agora sei porque me sentia tão desconfotável quando tocava com Jacksons ou Ibanez com raios de 14" pra cima. Não sou solista e muito menos fritador. Escala reta cansa demais a mão pra fazer acordes.

Raio (sou péssimo em matemática e geometria mas isso meus neurônios captaram): "O raio de uma circunferência (ou círculo) é definido com a distância do centro a um ponto qualquer da circunferência." Portanto, o raio é metade do diâmetro da circunferência.

Partindo disso, vamos pegar de exemplo o famoso raio de 7.25 polegadas das Fender antigas. 7.25 polegadas equivale a 184.1 milímetros. Vamos arredondar para 18,4 centímetros. Pegue uma régua, marque 18,4 cm, depois abra um compasso e faça um círculo usando esse raio (ou prenda um lápis na régua e gire-a - não precisamos ser exatos aqui). Observe a curvatura em qualquer ponto desse círculo: essa é a curvatura da escala.


A mão humana tem, mesmo na posição de descanso, uma curvatura natural, por isso quando fazemos acordes, percebemos que as escalas mais curvadas (de raios menores) são mais agradáveis/naturais:


 Escala reta exige uma abordagem diferente no manuseio do braço. Tem quem goste. Eu detesto! :)

Algumas escalas comuns:

Fender Stratocaster American (atuais):          9.5" (241 mm)
Vintage Fenders:                                                 7.25" (184.1 mm)
Gibson Les Paul:                                                 12" (305 mm)    
Ibanez (variam de 12" a 18"): RG e S:             14"(400-430)  Artcore:12" (305mm)
Jackson:                                                               16" (406 mm) ou composto, de 12" (nut) a 16" (heel).
PRS: a maioria é:                                                10" (254 mm). Santana e Custom 22/12: 11"
Guitarras (maioria) com LSR roller nuts:         9.5" a 10" (241 mm to 254 mm)
Guitarras (maioria) com Floyd Rose bridge:    10" (254 mm)
Violões Clássicos:                                                flat (reto, sem raio)

        O problema de escalas com raios menores que 9.5", ou seja, muito curvadas, é que quando damos um "bend", ppte nas duas primeiras cordas, às vezes ocorre um travamento da nota. Para minimizar esse problema, a ponte, aliás, os carrinhos/saddles da ponte devem ser alinhados numa curvatura correspondente ao raio da escala, fazendo também uma curva. Pouca gente se toca disso. Os saddles da 3ª e 4ª cordas estão bem mais elevados que os da 1ª e 6ª numa guitarra com escala de raio 7.25", por exemplo:

 Essa é a ferramenta (gabarito) para checarmos o raio da escala:

Atualmente a moda é braço com escala de raio"composto" (compound radius). Inicia com uma curvatura maior, favorecendo os acordes e termina com uma menor, favorecendo os solos e bends:

Tecnicamente, quando essa transição é gradativa, deveria ser chamada de escala "cônica" e não composta, porque ela lembra de fato um cone:

Cada guitarrista acaba tendo um raio de escala preferido. Eu gosto bastante dos raios entre 9.5" e 12". A PRS SE com raio de 10" é extremamente confortável pra mim.
Mas isso pode mudar com o tempo. O cara inicia com bases e prefere raios menores. Depois, começa a fritar e vai aumentando o raio... :)

Outro fator importante é a forma do braço (clique aqui para o post sobre isso), que juntamente com a escala, fazem o "full contact" com a nossa mão. As formas mais comuns de braço são:


Não sei se vocês já perceberam, mas pontes para Les Paul já vêm com uma certa curvatura. Exatamente 12" de raio, pra seguir o raio da escala Les Paul. Eu ajusto também os parafusos dos captadores para essa curvatura - nada mais óbvio e pouca gente faz.


sábado, 3 de setembro de 2011

Shelter SX Headstock: remake!


(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)





Coisinha feia, não? :) Se o headstock (cabeça do braço) da Fender Stratocaster não fosse o ícone que é, talvez até não achasse esse tão feio, mas aquela ponta curvada...
Depois que a Fender ganhou na justiça a exclusividade do desenho do headstock (mas não do corpo da guitarra), os outros fabricantes foram obrigados a fazer pequenas variações para não serem processados.
Pois bem, tenho duas SX e coloquei outros braços nelas. Ano passado resolvi aproximar um deles do desenho da strato Fender. Recortei o bico. Ao fazer isso, retirei boa parte do verniz "amarelo mijo" (exagerado, mas é bem parecido com alguns modelos Fender da década de 50) e não sabia como fazer o acabamento no mesmo tom. Só uso verniz spray em lata, pra coisas pequenas.
Decidi então retirar TODO o verniz do braço. Foi um sufôco danado - ainda hoje tem resquícios na escala. Esse do ano passado ficou assim:

Bem melhor! :)

Há umas duas semanas, encomendei dois corpos de Telecaster (um Ash, outro Alder) e apenas um braço de maple com o luthier Cavalheiro. Como tinha esse outro braço SX de maple sobrando por aqui, resolvi transformá-lo num braço de Telecaster.
O trabalho aí é mais complicado. Tem que recortar mais e adaptar algumas curvas pra ficar no padrão Tele. Mas uma coisa já havia decidido: não retiraria todo o verniz. Tentaria refazê-lo.
Quando acabei, o headstock ficou assim:


Ficou uns 80-90% no padrão oficial vintage da Tele, mas quando tentei usar verniz em lata, ficou complicado. Resumindo, duas tentativas e dois fracassos. Nas duas tive que remover o verniz grudento com acetona. Terrível.
No desespero, peguei um pote de Acrilex laranja da minha filha, e misturei esse laranja (uns 20-30 ml) com 20 gotas de corante amarelo e 10 gotas de corante ôcre, ambos para tintas comuns:

Esfreguei direto no maple, com um pano, até grudar bem e ficar com a cor igual, no olhômetro mesmo... Em seguida, usei o velho verniz de spray em lata. 3 passadas e o headstock começou a ficar com cara de que nunca foi mexido... :)
Aproveitei e coloquei um decalque Fender (se não colocasse, seria como uma garrafa de Coca-Cola sem nada escrito - não faz sentido :) ). Veja a sequência de fotos:


Atrás, um decalque pra identificar como minha e não passar por falsificação de Fender - "Jack Custom" - hahahá! :)
Claro, tive que aumentar as cavidades das tarraxas pra colocar essas Grover Mini. Já postei aqui como fazer isso com tesoura, mas dessa vez tava sem paciência e arrisquei com uma furadeira. Tava com sorte mesmo! Apenas pequenas lascas quase invisíveis :)

Um luthier faz tudo isso profissionalmente, mas a idéia aqui é "sem luthier" - coisa caseira mesmo:


Serrinha, grosa, lima redonda, lixas, furadeira e verniz em spray. Essa é provavelmente a última vez que faço isso, pois não pretendo mais comprar guitarras baratas e tuná-las.
Mas o interessante é que esse tipo de trabalho é uma coisa meio "Zen". Pra mim, funciona como um Lexotan, ou melhor, uma terapia de relaxamento... :)

______________________@@@@________________________

Posts similares:
http://guitarra99.blogspot.com.br/2012/07/logotipo-fender-decalque.html