domingo, 31 de julho de 2011

Esclarecimento

Em relação aos posts (links no final) sobre a Tagima e os decorrentes contatos com o luthier Fábio Seiji, devo esclarecer:

Os comentários do Sr. Fábio Seiji são plenamente válidos, têm respaldo técnico e foram considerados por mim em relação às informações iniciais.

Em nenhum momento questionei ou tive a intenção de denegrir o profissional em questão. Suas intervenções técnicas não deveriam ser questionadas. Pelo contrário, foram cruciais para guiar meus posts posteriores. Desde então, tenho limitado mais ainda informações específicas de luthieria sem forte embasamento.

Quando mencionei que estava "questionando minhas motivações" em relação ao blog foi porque após o debate no fórum cifraclub, num primeiro momento não aceitei as críticas e por isso achei que tal stress não seria condizente com a proposta do blog, até então para mim instrumento de lazer e exercício de informações.

Enquanto no âmbito pessoal, de foro íntimo, tenha desgostado da forma como as colocações foram feitas, não posso de maneira alguma contestar o conteúdo das mesmas, que, repito, foi elaborado por um profissional do mais alto gabarito, o Sr. Fábio Seiji.

Se, de alguma maneira, a imagem profissional do Sr. Fábio Seiji foi questionada nesse blog, o foi de forma absolutamente involuntária e paradoxal.

Paulo May


http://guitarra99.blogspot.com/2010/10/esse-blog-no-cifra-club.html
http://guitarra99.blogspot.com/2010/09/tagima-735-special-ou-como-levar-gato.html

sexta-feira, 8 de julho de 2011

CAPTADOR DE GUITARRA (conceitos básicos)

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)


 Aviso aos incautos: O post que segue é extremamente básico e didático. É baseado no mesmo que postei no fórum da GP. Achei interessante colocá-lo no blog, mas admito que não tenho formação técnica ideal para vários conceitos aqui explicados. Na falta de um texto similar em português (se alguém achar um, me avise :) ), espero que esse ajude.


1 - O QUE É UM CAPTADOR DE GUITARRA?

Artefato formado basicamente por imã e fios de cobre (enrolados geralmente em uma bobina), de propriedades eletromagnéticas cuja função é transformar o som proveniente das vibrações das cordas e das madeiras em um sinal elétrico que possa ser amplificado.

Por uma lei da física, se um campo magnético que está envolto em uma bobina formada por fio de metal (cobre) enrolado (centenas a milhares de voltas) sofrer flutuação (a vibração da corda de metal da guitarra modifica o campo magnético), ocorrerá formação/indução de uma carga elétrica pelo fio da bobina.

Um exemplo prático: imagino que todos conheçam o famoso "dínamo" de bicicleta. Ele tem essa estrutura:


Quando o pneu gira, ele promove a rotação do imã dentro da bobina, que induz uma carga elétrica no fio de cobre enrolado em volta dele. Essa carga vai alimentar a lâmpada... Simples!

Mais simples ainda é essa experiência: o cara enrolou (cerca de 500 voltas) um fio de cobre e, ao girar um imã em volta dele, há indução elétrica (milésimos de volt), como podemos abservar no multímetro:


Ele poderia colocar o imã parado dentro do anel de fio de cobre e movimentar algum objeto metálico próximo ao imã. Também geraria uma corrente e esse é o princípio exato da relação captador/corda da guitarra.

Veja:

Depois a gente entra em detalhes sobre as diferenças entre single coil e humbucker, mas a imagem seguinte é pra percebermos as diferenças de estrutura e relação de posição entre imã e bobina: nos singles os magnetos são os próprios pinos e nos humbuckers é uma barra na base, que encosta e transfere o magnetismo para os parafusos.


A carga elétrica gerada é pequena, de 100 milivolts até mais de 1 volt nos captadores mais potentes, mas suficiente para ser interpretada e amplificada.

Um detalhe importantíssimo é que o fio de cobre não pode encostar nele mesmo - a corrente elétrica só é gerada se correr livremente AO LONGO do fio. Então, ele recebe uma cobertura/capa isolante. Quanto mais eficiente essa "capa" em termos de isolamento, volume, elasticidade e resistência ao calor, melhor.

Atualmente (na verdade, desde os anos 60) usamos uma camada de poliuretano (polysol), que é bem fina e transparente. A cor visualizada é a do cobre mesmo. Obs: fios de cobre com revestimento isolante são feitos basicamente para a indústria de transformadores. Captadores utilizam uma ínfima parte desse volume. O Polysol é um fio mais eficiente pelos padrões atuais de indústria de transformadores, mas pior quando usado em captadores. Justamente pela sua eficiência na condutividade e isolamento, ele tem uma certa aspereza, um brilho excessivo nos agudos.
Como as madeiras foram piorando com o passar dos anos, perdendo ressonância e brilho (basswood, por exemplo), e os captadores foram ficando mais potentes (perdendo agudos, portanto) ele acaba sendo útil e em alguns casos (captadores de alto ganho), ideal. Mas coloque-o numa strato com madeiras superiores, em busca de um timbre vintage autêntico,  ele vai incomodar nos agudos. É sutil, mas perceptível.

Até os anos 50, usava-se muito o "ENAMEL" (fio esmaltado) que é um tipo de esmalte e deixava o fio com a cor entre marrom escuro e púrpura. Também o FORMVAR (fio fica dourado/amarelado), que seria um meio termo de modernidade entre o enamel e o polysol.

Existe sim diferença de timbre entre os tipos de isolamento, com o polysol tendendo a sobrar nos agudos. Mas é assunto pra adiante.


Vários fabricantes de captadores utilizam tanto o Enamel (geralmente para humbucker, P90, Telecaster e Texas Special) quanto o Formvar (single coils típicos de strato) para seus modelos "vintage". O Seymour Duncan utiliza Enamel na maioria dos humbuckers estilo vintage.

Eletricidade e magnetismo estão à nossa volta o tempo todo mas nosso cérebro insiste em processá-los (ou mesmo ignorá-los) subjetivamente, dificultando a compreensão porque não os enxergamos... :)


2 - PROPRIEDADES ELETROMAGNÉTICAS DOS CAPTADORES

Resistência, Indutância, Capacitância, Frequência de Ressonância, Fator “Q”.

Esses conceitos são difíceis de compreender plenamente, mas vou tentar simplificar (sem agredir a física... :) ).
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Adendo: relendo todo o texto, percebi que é difícil, num primeiro momento, extrapolar as propriedades eletromagnéticas para a nossa visão leiga e "sonora" do captador. Então, mesmo correndo o risco de ser execrado por algum físico ou engenheiro eletricista, vamos nos guiar pelo seguinte:

a) Resistência e principalmente Indutância estão relacionados com a potência/volume do captador. Quanto mais elevados mais sinal é enviado para o amplificador. Não podemos esquecer que quanto maiores, geralmente teremos mais médios e menos agudos. Lembre-se: o aumento isolado da resistência (só enrolando mais fio) não vai aumentar tanto a potência e vai tirar muito agudo.
b) Capacitância: vamos relacioná-la como responsável pela diminuição/atenuação de agudos do captador
c) Frequência de Ressonância: define se o captador tem mais ou menos agudos, se é mais ou menos brilhante. Quanto maior, mas agudo é o captador.
d) Fator "Q": a combinação dos valores acima deve ter um certo equilíbrio, por exemplo, não podemos enrolar muito fio e usar um imã fraco. O som vai ficar muito ruim e/ou estranho. O fator Q é o resultado de uma fórmula que mostra se os outros valores estão equilibrados entre si.

Então, pelo descrito acima, um captador com muita resistência, baixa/média indutância, alta capacitância e pico de ressonância de 4k (use de referência um captador Fender de strato, que está por volta de pelo menos 8-9k de ressonância) será com certeza um captador mais potente, porém "abafado" e desequilibrado. O fator Q dele certamente não estaria na faixa considerada ideal.

Importante: A força magnética (tipo, forma e volume do imã) também influencia no volume e é diretamente proporcional.

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Antes, é importante ressaltar que essas propriedades sempre atuam em conjunto para o timbre final. Nunca devemos usar um valor isoladamente para “ler” o captador.

Resistência (expressa em Ohms): “Oposição à passagem da corrente elétrica relacionada com o comprimento e diâmetro do fio de cobre”. Ou seja, quanto mais longo e, surpresa,mais fino, maior a resistência. A resistência e a indutância geralmente indicam (existem outros fatores) a potência (volume) do captador. Os fios de cobre usados têm o diâmetro padronizado (AWG: American Wire Gauge) de 42 ou 43 AWG, raramente outro valor. Quanto maior o AWG, mais fino, quanto mais fino, mais resistência. Então, 1.000 voltas (espiras) de fio 43AWG terá mais resistência (e mais potência) do que 1.000 de 42AWG. Mas quanto mais alta a resistência, maior a perda de agudos.

Indutância (expressa em Henries): “A capacidade de uma bobina em criar o fluxo com determinada corrente que a percorre é denominada Indutância (símbolo L) medida em "henry" cujo símbolo é H.” Essa é difícil... :) Seria mais ou menos a “força bruta” do captador. A corrente elétrica gerada e correndo pela bobina cria também um campo magnético, que se opõe ao do imã. Mas ambos não se anulam, e sim geram ainda mais força. Pense assim: a corrente elétrica da bobina , devido à presença de metal no seu centro (o metal do próprio imã e dos parafusos no caso dos humbuckers) cria um campo eletromagnético que por sua vez interage com o campo magnético do próprio imã. Isso gera força bruta... Dá pra perceber a importância do imã - não só pelo seu magnetismo, mas pelo seu tamanho e estrutura metálica também.
Captadores geralmente têm indutâncias entre 2.5 a 10 Henries. Geralmente, quanto mais voltas do fio, maior a resistência E indutância, mas essa em menor grau, pois a indutância depende também da quantidade de metal e força do imã. Ou seja, se elevarmos a resistência aumentando o número de voltas do fio, teremos que aumentar a força magnética e geralmente a quantidade de metal no seu núcleo para haver um equilíbrio.

Então, pra gente não se perder, se eu pegar um single coil típico de strato com 6 k ohms de resistência (entre 7.500 – 8.000 voltas/espiras) e 2,4 henries, deverei “ler” da seguinte forma: os 6K estão diretamente relacionados às voltas e espessura do fio e é a resistência pura. Os 2,4 henries estão relacionados às voltas e espessura do fio e TAMBÉM à força dos pinos de imãs e quantidade total de metal (ppte dos pinos). Exercitando:

1 - Se eu aumentar o número de voltas/espiras apenas, terei um pequeno acréscimo de volume/ganho (pelo aumento da resistência e pequeno da indutância) mas começo a diminuir a resposta de agudos.

2 - Se eu aumentar o número de voltas/espiras mas diminuir a força e/ou o tamanho dos imãs, vou mudar muito o som do captador mas ele terá quase a mesma potência/volume.

3 - Entretanto, se eu aumentar as espiras E a força ou o tamanho do imã, aumentarei de fato a potência (e também a sonoridade) e força do captador.

Esses exemplos são apenas pra citar as possibilidades de tunagem do timbre. Cada pequena mudança gera uma sonoridade diferente. Obviamente já deu pra compreender que não se aumenta a potência de um captador apenas enrolando mais fio – vai chegar num ponto que ele ficará extremamente agressivo nos médios, pálido de agudos e com pouca dinâmica.

Se estiveres lendo atentamente, podes pensar: e se fosse um Humbucker? Sou metaleiro e quero muita potência pra estourar o input do meu amp! Eu não poderia trocar o fio 42AWG por um 43 AWG, que é mais fino (cabem mais voltas nas bobinas) e tem mais resistência, aumentar as espiras e jogar a resistência para acima de 13K e trocar essa barra de AlNiCo fraquinha por uma barra de imã cerâmico/ferrite para aumentar também a indutância? Ele teria o dobro da potência de um PAF! Esse captador ficaria super power e o amp distorceria mais.... :)

...Pois foi exatamente essa a idéia do Larry DiMarzio quando criou em 1972 o lendário captador “Super Distortion”, que mudou pra sempre o conceito de captadores. Aqui está o monstro que matou o PAF - DiMarzio Super Distortion (DP 100). Cerca de 13k DC de resistência, fio polysol, imã cerâmico:
Capacitância (expressa em Farad ou Faradays): “Capacidade de um corpo de reter carga elétrica”. O nome já sugere tudo: metais absorvem/roubam/desviam eletricidade. E quando um sinal elétrico como o do captador, que está traduzindo um som, é desviado, as frequências mais altas/agudas vão primeiro...
O fio de cobre é um metal? Sim. Ele induz sua própria capacitância. Idem para o metal do imã. Idem para os parafusos, capinha, base plate. Até o material usado para a blindagem pode induzir capacitância e modificar os agudos e o timbre final da guitarra. Quando o Seth Lover quis usar a capa no humbucker para blindá-lo de ruídos externos, ele logo percebeu que ao colocar uma capa rica em cobre houve degradação dos agudos. Idem para as com acabamento dourado. Alumínio? Pouca capacitância mas alumínio (da época) não segurava solda... Optou finalmente por uma capa de níquel e zinco (Níckel Silver ou Prata Alemã ou a nossa “Alpaca”).

Já deves ter pensado: Por isso que quando aumentamos as espiras/resistência do fio de cobre, perdemos agudos... Sim, uma das razões é essa: mais fio, mais resistência, mas também MAIS CAPACITÂNCIA (e menos agudos)... :)


Frequência (pico) de Ressonância (expressa em Hertz): É a "impressão digital sonora" de um captador. A frequência dominante, a partir da qual ele reproduz as outras. O pico de ressonância revela mais de um captador do que sua resistência ou indutância.

Se um engenheiro elétrico analisar um captador ele dirá: “Os elementos ativos (bobina com fio de cobre + magneto(s)) formam um circuito elétrico que apresenta um indutor e um capacitor ligados em paralelo com um resistor em série... Isso é semelhante ao “tuner” dos rádios e cria uma frequência dominante que varia conforme os valores acima”.

Traduzindo, a combinação da resistência, indutância e capacitância gera uma frequência, que geralmente está entre 1 e 10 kHz. Quanto mais alta, mais agudo o captador (mas não necessariamente mais “limpo”). Singles têm pico de ressonância entre 5 e 9 kHz geralmente. Humbuckers, de 3 a 7 kHz.

Outro exercício: já sabemos que aumentando o número de espiras, aumentamos a resistência mas diminuimos os agudos. Portanto, quanto mais fio vamos colocando mais baixo (menos agudo) vai se posicionar o pico de ressonância.

Fator “Q”: Fator de qualidade/eficiência do captador. É uma medida criada pelos engenheiros e baseada numa fórmula que analisa a relação Resistência e Indutância numa frequência pré-determinada (geralmente 1 kHz). Um "Q Factor" muito alto ou baixo sugere um captador desequilibrado e provavelmente ruim, ou no mínimo, estranho. A maioria dos captadores têm “Q” entre 2 e 3,5.
Agora olhe para um humbucker e veja quantas coisas podem interferir e determinar sua sonoridade:


Por enquanto é isso... Essa é uma parte relativamente chata e teórica, mas depois que a gente absorve e começa a exercitar esses conceitos básicos, fica muito mais fácil “ler” um captador.

Observe nesse link: Fórum GP Brasil (clique) a maneira como o Oscar Isaka Jr. "lê" os captadores: ele está sempre considerando o pico de ressonância (além da estrutura de single com pinos de alnico V, etc.) e não apenas a resistência. Não é um método infalível, mas com certeza nos dá informações bem próximas da realidade sonora do captador.

Volto a dizer: todas essas propriedades, atuando em conjunto, é que determinam o som final de um captador, sua personalidade. Mude o tamanho de um simples parafuso e o que acontece? De cara, diminui a quantidade de metal, alterando a capacitância e indutância. Isso sem falar no campo magnético dos imãs (próximo capítulo)... Podes ter certeza que o timbre vai mudar... Ouvidos e mente atentos! :)

PS: com essas noções, já dá pra avaliar o "Tone Chart" do Seymour Duncan com mais propriedade... :)
Já no site do Sérgio Rosar são fornecidas a Resistência, Indutância e o tipo de imã. Falta o pico de ressonância, mas dá pra ter uma boa idéia...

Parte II: IMÃS (clique aqui)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Les Paul que não era Les Paul: "Slash 1959 Derrig 9 0607"

Devido à queda nas vendas, no final de 1960 a Gibson decidiu não produzir mais o modelo Les Paul. Criou a SG, uma guitarra mais simples e fácil de construir, para substituí-la. Em meados dos anos 60, o inglês Eric Clapton (ppte no disco "Beano" dos Bluesbrakers) chamou novamente a atenção para ela e a Gibson reiniciou a produção em 68 (inicialmente igual à original, mas que foi piorando/degenerando com o tempo). Porém, antes que todo mundo percebesse, Jimi Hendrix apareceu com uma Stratocaster e a LP voltou para o limbo.

A década de 80 nasceu marcada por um guitarrista - Eddie Van Halen e uma guitarra - a Frankenstein. Todos e todas queriam ser como eles, e marcas como Ibanez, Kramer, Jackson estavam batendo feio na Gibson e Fender.
Mas o destino ainda tinha uma carta na manga para a Les Paul em 1987: Slash e o disco "Apettite For Destruction" do Guns n' Roses!

Era impossível ignorar aquela fantástica e reluzente Les Paul sunburst nos clipes da banda. De uma hora para outra, todo mundo queria uma guitarra igual a do Slash.
No headstock havia um "Gibson" e ela claramente era idêntica a uma original de 1959. Então, Slash e sua Les Paul sunburst 1959 iniciaram o renascimento dessa obra de arte. De uma hora para outra, as LP com acabamento sunburst (58, 59 e 60) quadruplicaram de preço. Em 1983 toquei numa 58 que valia cerca de 4.000 dólares (no Brasil). Depois de 1990, não se comprava uma dessas por menos de US$ 20.000.

A Gibson deve muito ao Slash e certamente na época foi uma das primeiras a perceber que aquela "59 Burst" era na verdade, uma cópia. Segundo consta nos livros, Slash não estava satisfeito com suas guitarras durante a gravação e o manager Alan Niven conseguiu uma réplica da 59 do Joe Perry feita pelo luthier (e cabeleleiro e fissurado por carros) Robert Kristin Derrig (1954-1987):


Os captadores eram Seymour Duncan Alnico II e foram usados por Kris porque eram os únicos disponíveis no momento na LA MusicWorks, onde ele trabalhava (e morava num trailler no estacionamento).
Antes dessa, Slash teve outra réplica, a "Hunter Burst", feita pelo não menos famoso, controverso e ainda vivo Peter "Max" Baranet (numa foto mais recente, com Slash):


Essa questão "underground" das réplicas das burst é destrinchada no livro "Million Dollar Les Paul". Hoje em dia com Les Pauls 59 valendo até mais de US$ 500.000, falsificar essas guitarras virou um grande negócio.
Mas a verdade é que a Les Paul 59 que trouxe a Gibson de volta para o centro do palco era, ironicamente, uma réplica. Até hoje, Slash só grava com ela:


A Gibson tentou várias vezes criar uma "Slash Signature" mas, orgulhosa como sempre, só no ano passado decidiu fazer uma "réplica da réplica" e lançou a LP "Apettite". É pra rir mesmo... :)
E Slash era chegado numa réplica. Aqui as suas 3 principais. Da esquerda para direita: Derrig 59 (adquirida em 1996 - braço trocado) Derrig 9 0607 (a do disco AFD) e uma 1960 MAX (Baranet)



Kris Derrig faleceu em 1987 (aparentemente, de leucemia) e não pode aproveitar a fama. Ele era fã dos Allman Brothers e em especial da "tobacco burst" do Duane. Suas réplicas foram todas baseadas na tobacco burst 59 do Joe Perry, que ele teve contato.
Por falar nela, Joe Perry a vendeu baratinho no início dos anos 80 porque estava falido. Ela passou por vários guitarristas, inclusive Eric Jonhson. Slash comprou-a no final dos anos 80 e acabou devolvendo-a para Joe.

Achei esse post (The Les Paul Forum) de um cara que já possuiu a guitarra. Muito interessante:

"Joe bought 9 0663 at George Gruhns in the mid 70's. Aerosmith sound engineer Nitebob and guitar tech Neil Thompson were with him at the time. I think Joe paid about $2,000.00 for it. I bought it off NMCINC at his shop in '81. Neil was repairing at NMCINC's shop and he told me that the wear mark was there before Joe had it. Nitebob, who I met a few years later at a session I was playing on that he was producing, told me the same thing. The wear mark was already there. BTW, I had the guitar with me at the session. Joe and his wife Billy came to a gig of my bands, and again I had the guitar, "yeah my rings did that". A little Billy Gibbons/show biz reality stretch. That mark looked many years old! It took a lot longer to make that than the time 4-5 years Joe had it. I was trying to sell it and I offered it back to him for the same amount ($4300) as I paid. But he wasn't interested and Aerosmiths big comeback hadn't happened yet, so money was still tight. I sold it in March of '87 in a trade deal. It took me 2.5 years to get rid of it. Within a week it had passed thru 2 dealers into Eric Johnsons possession thru Alan Wills. It was sold a short time after that because Eric didn't like it. Forum member Mr. Beano ended up with it for a few years. After MrBeano sold it, it went to Slash and finally full circle back to Joe."

Vou colocar a foto da Joe Perry 59 (do livro "The Beauty Of The Burst") só pra gente ver uma de verdade... :)


O assunto é muito amplo e o submundo das réplicas mais ainda. Recomendo o livro "Million Dollar Les Paul" e a própria internet para quem deseja aprofundar-se.

PS: Parece que o Slash não gosta de falar muito sobre sua Derrig 87/59, mas aqui ele entrega o jogo:

domingo, 19 de junho de 2011

JR Guitar Parts

Eu sabia! :)
Quando conheci o Oscar Isaka Júnior, em pouco tempo percebi que havia finalmente encontrado alguém mais fanático por guitarras e afins do que eu! Hahahá!
Além de ser um cara excepcional, ele tem excelente bom gosto para timbres. Refinado, amplo e criterioso. 

Quando o Sérgio Rosar se dispôs a desenvolver um single baseado no Fender Custom Shop 54 e um humbucker tipo "PAF", baseado no Jim Rolph 58, não tive dúvidas: o Júnior era o cara ideal para fazer um double check nos testes.
Juntos, desenvolvemos com o Sérgio os single "Fullerton" e os humbuckers "Mojo".
Em breve postarei toda essa história, mas o post agora é pra anunciar que o Jr., de tanto lidar com captadores, resolveu criar uma loja virtual, preenchendo um vácuo no mercado brasileiro:
A JR Guitar Parts (clique no logo para uma visita):


A princípio, a JR Guitar Parts venderá apenas captadores Sérgio Rosar (terá exclusividade esse ano nos Fullertons e Mojos) e geralmente a preços mais acessíveis que os de loja. Com o tempo, outros fabricantes e peças e componentes de guitarra.
 Quando o Jr. me falou que pretendia montar essa loja virtual, achei que ele ia acabar incomodando-se, mas eu é que tenho aversão a negócios... :) Afinal, vai trabalhar com o que gosta e tem paixão - nada mais divertido e compensador!
O Jr. sabe tudo e mais um pouco sobre captadores (os Rosar, então, nem se fala): quais, como e em qual guitarra usar, estilos, variações, comparações... Enfim, até agora nenhuma loja fornecia tal qualidade de suporte e informação.
O site entrou no ar essa semana e ainda está parcialmente em construção. Detalhes mais específicos dos captadores, demos, etc. virão em breve.

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COMUNICADO 20/10/2013:

"Por absoluta falta de tempo e dificuldades para administrar de forma produtiva a loja virtual, a JR Guitar Parts encerrou suas atividades no segundo trimestre de 2013".

sábado, 4 de junho de 2011

Cort KX Custom - Ser ou não ser, eis a questão...

            Essa é a minha Cort KX Custom, excelente guitarra da Cort, de mogno com top (escavado) de maple, braço colado de maple, captadores Seymour Duncan JB/59, tarraxas com trava, ponte Tone Pros, enfim, uma guitarra com specs que me chamaram a atenção quando estava procurando uma com madeiras próximas da Les Paul. Comprei-a no início de 2009, por pouco menos de 2.000 reais.
Especificações direto do site da Cort:

  • CONSTRUCTION: Set-in
  • BODY: Mahogany with flame maple veneer & solid maple top
  • NECK: Maple, 3pc Modern "C" Shape
  • BINDING: Natural
  • FRETBOARD: Rosewood, 12" Radius(305mm)
  • FRETS: 24 / Large (2.7mm)
  • SCALE: 25 1/2" (648mm)
  • INLAY: V shape grey pearl
  • TUNERS: Locking
  • BRIDGE: Tone Pros Lic. Locking bridge (CAVR) with string-through body
  • PICKUPS: Seymour Duncan SH1('59) & SH4(JB) (H-H)
  • ELECTRONICS: 1 volume, 1 tone (w/push pull), 3way toggle
  • HARDWARE: Black Nickel
  • STRINGS: D'Addario USA
Link para a página da Cort (aproveite e assista o vídeo):
 Cort KX custom - site
Video Oficial Cort KX Custom

Pra quem tá curioso com o som original dela (com os Seymour) seguem dois vídeos que selecionei do you tube, um blues com o 59 e um solo com o JB:





           De 1978 até 2008, 30 anos portanto, evitei as Les Paul - provavelmente porque as que eu ouvi nos anos 80 e 90 não me impressionaram. Mas foi só começar a estudar e pesquisar (e ouvir) mais atentamente pra perceber que a Les Paul é... Bem, essencial! :)
Tinha uma certa bronca com o braço gordo e o timbre do captador do braço, mas eram impressões primárias que não foram bem avaliadas. De fato, a arrogância, presunção, além do fabuloso timbre das minhas Telecaster me cegaram para essa divindade.
Novamente, a minha presunção me fez supor que eu não precisaria gastar tanto para comprar uma original e que uma guitarra com construção semelhante teria um timbre semelhante. Além disso, ainda estava evitando o braço da LP. Assim, caí nessa Cort depois de pesquisar várias guitarras. Era a mais óbvia, dentro daquele raciocínio obtuso da época...

Porém, desde a primeira nota que toquei nela, senti falta de alguma coisa. Subjetivo isso, mas basicamente ela sempre me soou algo "sem vida". Troquei várias vezes de captadores (tentei até a dupla EMG 81/85), mas a sensação persistia. Comecei a achar que era baixa ressonância e o "string-through body", paradoxalmente estava bloqueando. Nesse momento, deveria tê-la vendido, mas sou péssimo negociante e a minha curiosidade falou mais alto. O luthier Inaldo colocou uma ponte "wraparound" (sim, tive que mudar os furos dos pivôs). Ela ficou mais clara, um pouco mais dinâmica, mas à essa altura eu já estava com a minha fabulosa Les Paul 81 com os captadores Rolph e Tim Shaw e a Cort, mesmo soando melhor do que antes, não chegava nem perto da LP (claro que testei os Rolph nela, mas a diferença da qualidade do timbre persistiu).

Recentemente encontrei os captadores ideais para ela: Rosar Hot Mojo na ponte e Heartbreaker II no braço. Por coincidência, são versões mais vivas e dinâmicas que a dupla JB/59.
O problema é que, se a vocação dela é pra soar próxima de uma Les Paul, ainda falta um bocado. Se ao menos soasse "diferente", mas não, ela insiste em ser uma LP... :)
Resultado, é uma guitarra excelente, timbre muito bonito (agora), braço extremamente confortável pra mim, mas eu nunca toco com ela. Sempre pego a Les Paul... :)
É provavelmente a minha guitarra menos tocada e mais mexida.

Mas a razão desse post não é pra me lamentar. É pra saber se me arrisco a "cometer" o que anda pela minha cabeça: retirar todo o verniz dela!! Deixá-la peladinha, com as madeiras respirando. Não acredito que isso vá mudar tanto o timbre, mas pode dar aquele empurrãozinho que falta.
Retirar verniz é um trabalho sujo (uso a técnica de remoção química) e jurei que não faria mais, mas estou sinceramente tentado... :)
Até porque quero checar de perto esse "mogno". No RX (abaixo), dá pra ver as duas emendas do top de maple e, me parece, apenas uma emenda do mogno (a linha horizontal mais superior).
Também quero checar aquela "folha" de flamed maple do top. Talvez até retirá-la, ou tingi-la de outra cor. Deixar a guitarra meio "punk" - quem sabe ela tá é precisando de uma sacudida :)


Já que fui até aqui, e pelo jeito não vou vender essa Cort, talvez arrisque. Tudo pelo conhecimento! Hahahá! :)
Então, fazer ou não fazer, eis a questão... O que vocês acham?



Versátil? Moderna? Bons timbres? Sim pra tudo, mas ainda falta aquela coisinha... :)
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UPDATE 08-08-2011

Eis a KX Custom "peladinha" :) 

Bem, depois de uma aventura que decididamente não vou repetir, retirei todo o verniz e pintura (e folha de maple) da KX. Já havia retirado com sucesso o verniz de outras duas guitarras com um removedor químico em pasta. No máximo duas passadas, limpeza e um pouco de lixa no final e tudo beleza, mas nessa aqui não foi bem assim. O verniz inicial até que saiu bem, mas parei quando percebi que não conseguiria retirar a cola folha de maple - teria que lixar (um bocado) e no apartamento, já vi que só lixação leve :) Além disso, havia uma camada extra de resina na parte posterior, do mogno, bem estranha. Graças a deus existem os luthiers nessas horas, hehehe... Enviei para o luthier Inaldo e ele me entregou a KX sem nenhum resquício de resina/PU ou o que quer que fosse aquilo. Ainda por cima, fez um belo top de pinus para o headstock (havia uma placa de plástico e ao retirá-la, ele ficou fino demais). Ele passou apenas um leve camada de nitrocelulose e assim vai ficar. A idéia era essa mesmo: deixar "na madeira" pra ver se o timbre mudava.
Retiramos por volta de 430 gramas (quase meio quilo!!!) de substâncias químicas... :)
Aqui, a etapa inicial:
Na foto de baixo, dá a impressão que já saiu todo o verniz de PU, pois o mogno aparece. Mas ainda havia mais uma camada - e bem grossa - de resina.

Aqui, a folha de maple  (até achei que fosse uma folha de plástico, mas o Inaldo garantiu que era maple mesmo, bem fino). Parte se desprendeu, mas a que ficou, tava muito aderida ao top de maple.

O mais interessante é que a camada de maple era ainda mais grossa do que eu pensava. Eles usaram a tinta preta pra dar a impressão que tinha mais mogno, mas essa guitarra foi bem definida pelo meu amigo Oscar Isaka Jr.: "É uma guitarra de maple com base de mogno!" :)
Eu a comprei como uma guitarra com "corpo de mogno com top de maple", mas essa relação de madeiras está longe da Les Paul. Falta volume de mogno e é exatamente por isso o timbre característico: bonito, até que equilibrado, mas definitivamente com menos corpo, ressonância e "dinâmica" que uma LP.
Embora seja uma experiência subjetiva (nem tanto, porque eu tenho gravações de licks com e sem o verniz), eu diria que houve uma melhora perceptível na qualidade do timbre, mas pequena, no máximo 25%. Ela está falando um pouco mais "alto" e não me parece tão comprimida quanto antes, mas suas frequências básicas permanecem. Mesmo com um Rosar Mojo 13 no braço, ainda falta estalo (se bem que a posição do captador do braço nessa KX não é a ideal e é uma característica estrutural, por isso não gosto do som de humbuckers de braço em guitarras de 24 trastes...). Mas o Rosar Heartbreaker II na ponte tá tão bom que já vale todo o trabalho.

Pois vejam bem - como falei antes, essa guitarra foi seguidamente modificada, com inúmeras trocas de captadores, etc., porque eu não ouvia realmente uma guitarra de MOGNO + MAPLE nela. Se não tivesse retirado o verniz e descoberto que a camada de maple era tão grossa, alterando a relação mogno/maple que eu imaginava, não aprenderia nada... Vejam a primeira foto dela no post - eu imaginei que o mogno fosse toda aquela parte preta. Não era...

Bem, é isso. Coloquei um "selinho" pra não ficar sem nada no headstock... :)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

CAPACITORES!

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)

 

       Inevitavelmente, quando começamos a entender como funciona uma guitarra, chega um momento em que olhamos para aquela pequena e geralmente colorida "coisinha" ligada no botão de tonalidade, o capacitor, e pensamos: "Bem, ele atua na tonalidade e quanto maior o seu valor, maior a diminuição dos agudos". Isso já bastaria para uma compreensão básica, mas quando vamos adiante e desejamos maior domínio sobre o timbre, somos obrigados a conhecê-lo mais profundamente.
         Em linguagem de guitarrista, obrigatória nesse blog, o capacitor é basicamente um filtro de agudos. Observe que ele recebe o sinal/som do captador de um lado e no outro, ele está ligado ao terra. Assim, ele joga fora/deixa escapar (para o terra) apenas as frequências mais altas do sinal. Quanto maior o valor do capacitor, mais baixo é o seu ponto de corte de frequências, ou seja, maior a amplitude de frequências agudas que ele filtra.

O potenciômetro de tonalidade tem a função de controlar o quanto do sinal vai para o capacitor. No "10", ele não envia nada (teoricamente) e o capacitor não filtra nada (teoricamente), no "0", ele envia 100% do sinal e o capacitor desvia para o terra (joga fora, retira do sinal que vai para o jack de saída) todos os agudos a partir do seu ponto de corte. Mas não deixa o restante das frequências "escoarem" pelo terra. Essas permanecem intactas e seguem seu caminho pelo cabo até o amplificador.
Falei antes "teoricamente" porque alguns guitarristas (me incluo) afirmam que mesmo no "10" o conjunto potenciômetro + capacitor atua sobre o timbre. Há de fato uma diferença, com aumento dos agudos, quando deixamos a guitarra sem os controles de tonalidade.

O potenciômetro de volume tem uma ação parecida, também desviando para o "lixo" (terra) o sinal, na medida que vai sendo diminuído.
Então, antes de tudo, temos que estar cientes que o sistema de aterramento de uma guitarra não serve só para eliminar o ruído inerente das estruturas. Ele também é usado para "desviar/atenuar" o sinal do captador (pot de volume) ou frequências que são filtradas dele (pot de tonalidade + capacitor).

         Em linguagem técnica, capacitor (ou condensador) é uma estrutura que armazena energia num campo elétrico, mas eu sou péssimo em física e o que me interessa de fato é que, acoplado a um pot de tonalidade, ele filtra agudos.

TIPOS DE CAPACITORES PARA GUITARRA
Existem vários tipos de capacitores, de estrutura e materiais distintos, mas todos basicamente com a mesma função.
Para guitarras, os capacitores mais comumente usados são:
Cerâmicos, 
Poliéster (inclui Mylar), 
Polipropileno, 
PIO (paper in oil - à óleo). 

        Os famosos "Orange Drop" 715p são de polipropileno, os 225p são de Poliéster. Já os lendários "Bumble Bees" das Gibson vintage, são PIO (papel em óleo/á óleo). A maioria das guitarras chinesas tem capacitores de Poliéster (geralmente verdes ou azuis) e várias Gibson atuais usam capacitores Cerâmicos. As Fender geralmente têm capacitores de poliéster ou às vezes cerâmicos.
Com exceção de alguns PIO feitos exclusivamente para guitarras ( A Gibson vende uma reedição dos Bumble Bee por 113 dólares o par!!), capacitores são muito baratos, coisa de centavos às vezes.
Bumble Bees originais em bom estado chegam a custar até 500 dólares!

        O tipo de material e o valor (capacitância) é que vão caracterizar um capacitor e a maneira como ele atua sobre o timbre. Os "PIO" são conhecidos por serem suaves e "musicais". Já os de poliéster costumam atuar de forma mais efetiva e rápida sobre os agudos, eles realmente "fecham" o timbre.
Os valores são importantíssimos. A medida de valor usada é "Farad - ou Faraday" e pra nós é geralmente confusa por causa da nomenclatura: micro/nano/pico faraday. O Farad é uma unidade muito alta para aplicações comuns. Usa-se então sub múltiplos. Geralmente a escala é "Microfaraday/ uF" e podemos usar essa regra (ex): 0.022uF =  22nF = 22.000pF (ou 22K, como às vezes aparece)
(Daqui pra frente, só usaremos microFarad/uF).


COMO SABER QUAL CAPACITOR USAR?

         Captadores single coil do tipo Fender por sua natureza mais aguda, geralmente requerem capacitores de .047 uF (Leia: "ponto zero 47 microFarads" ou só "zero 47"), mas ultimamente a própria Fender padronizou em .022uF, provavelmente porque o gosto geral está mais para o agudo, sei lá. Eu prefiro .047 ou no mínimo .033 para strato e pelo menos .047 para Teles. Nos anos 50, o valor comum era bem mais alto: .100
Já os Humbuckers, naturalmente com menos agudos, pedem capacitores de menor valor, portanto, que filtram menos agudos. A Gibson costuma usar .022uF em ambos ou .022 no captador da ponte e .015 no captador do braço, às vezes .010. Cerâmicos na linha comum e PIO nas custom shop.


         Particularmente, prefiro os capacitores à óleo/PIO para Tele, Les Paul/SG e eventualmente, Strato. Na Stratocaster, os Orange Drop costumam soar muito bem. Os capacitores à óleo e cera, muito usados nas décadas de 40 e 50, são raros hoje em dia, pois existem modelos mais eficientes. O problema é o timbre com agudos macios que às vezes só conseguimos com os PIO. Vá à caça. O Brasil já fabricou esses capacitores e ainda existem muitos por aí. Há alguns meses comprei uns 10 que estavam estocados há décadas em uma loja de eletrônica (marca Cherry, nacional). É o famoso "New Old Stock/NOS" ou "Estoque antigo, sem uso" :)
Vai que de repente tu achas um "Bumble Bee" perdido em algum rádio de válvula antigo :)
Bumble Bee
OUVINDO AS DIFERENÇAS
        Aqui, um interessante vídeo onde o cara montou um sistema pra testar as diferenças entre os diversos tipos de material/capacitores (o valor de todos é o mesmo: .022uF). Tem que ouvir com atenção, mas dá pra perceber as diferenças de timbre entre eles, com certeza!



(adendo 05/2013) Outro teste muito legal:


Devo ter esquecido de alguma coisa... Depois eu reviso e acrescento se necessário.

Adendo 1: a voltagem do capacitor (a maioria suporta mais de 50 volts) é sua capacidade de suportar determinada carga elétrica. A maioria dos capacitores de guitarra são feitos geralmente para uso em amplificadores, que normalmente trabalham com altas voltagens.
Como a voltagem gerada pelos captadores é ínfima (coisa de milésimos de volt),  a voltagem do capacitor não influencia em nada nesse caso.

Adendo 2: Por sugestão do Rogério vou colocar um link para uma calculadora de códigos de capacitores (é realmente muito difícil de entender aquela numeração).
É a página da Toni Eletrônica que tem a calculadora. Tentei inserir aqui no blog, mas aparentemente não posso colocar nada em Java. Segue o link (quando solicitado, abra-o em outra página ou aba):
Calculadora de Capacitores

Outra bem legal:
Colorcode

Tabela de Conversão

Adendo 3: No site do luthier Billy Penn há uma útil tabela de referência de valores:
Tabela de Capacitores

Adendo 4: Os capacitores usados em guitarra não têm "polaridades", ou seja, tanto faz o lado que ligamos. Porém, num artigo de 2010 na revista Premier Guitar, o alemão Dirk Wacker jura que há uma diferença de sonoridade dependendo do lado que soldamos, ppte nas stratos e com os Orange Drop. No seu blog, o Oscar Isaka Jr. fez a "contraprova" e postou as demos mostrando que de fato há uma diferença. Siga o link:
http://jrguitarblog.blogspot.com/2011/11/mais-sobre-capacitores-de-tone.html

domingo, 15 de maio de 2011

AMPLITUBE - escolha seu amp!

     Antes de entrar no assunto, um breve histórico da simulação analógica e digital de amplificadores de guitarra:   

     Eu me lembro quando entrei no estúdio da RCA em 1984 e vi o guitarrista Ivo de Carvalho arrasando com uma Les Paul 1958 (original) e uma caixinha preta parecida com um walkman, chamada de "Rockman". Perguntei para o técnico: cadê o amp? E ele apontou pra caixinha preta... Fiquei de cara!

O Rockman X100 (criado pelo Tom Scholz, guitarrista do Boston e engenheiro eletrônico), foi o primeiro "simulador" de amps/timbres e o mais legal é que podíamos usar fones de ouvido e gravar direto na mesa! Comprei um(pifou em 1998) e até hoje ainda gosto do timbre dele. Pra quem quiser ouvi-lo, aqui tem alguns mp3: Rockman X100



Em 1989, o Sansamp Classic, da Tech 21, foi ainda mais além na simulação analógica. Com pequenas chaves para ajustes, ele simulava desde Fender a Mesa Boogie. "Sans" em francês: "Sem": Sansamp: "Sem amp". Plugava direto na mesa de gravação ou ao vivo, fantástico. Em 1989, comprei um...


Em 1997, surgiu o primeiro simulador digital, o POD, da Line 6. Desse, nem preciso falar, e em 1998 comprei um. Na época, poder gravar as demos sem amp, microfones, com o Sansamp, já era fantástico, mas girar um botão do POD e trocar de amp/gabinete/microfone, putz!
E daí, com a evolução digital, os simuladores foram ficando cada vez melhores. Assim que lançaram os primeiros para PC (plugins VST), como o Amplitube e o Guitar Rig, comecei a usá-los também.

Toda essa intro foi pra dizer que, desde 1984, acompanho BEM de perto a evolução dos simuladores de amp, sejam eles digitais ou analógicos.
Entretanto, desde o primeiro POD, eu percebi também as limitações desses processadores. A principal delas era a resposta quase linear do timbre à dinâmica, ou seja, palhetada fraca ou forte, pouca diferença no timbre. Isso não ocorre nos amps reais, principalmente os valvulados, onde cada dinâmica, cada palhetada, tem uma "cor" diferente, um som diferente. É sutil mas perceptível.
Essa deficiência tornava a simulação às vezes monótona e cansativa.

Falei no tempo passado, porque, com o lançamento do Amplitube 3 (e suas variantes: Amplitube Fender, Hendrix, etc.), essa barreira finalmente foi quebrada. As simulações do Amplitube 3 e principalmente do Amplitube Fender me deixaram boquiaberto, como não ficava há mais de 10 ou 15 anos. Absolutamente fantásticas!
As nuances dinâmicas estão presentes e cada vez melhores na maioria das simulações mais recentes. Eu tenho um Tiny Terror real aqui do meu lado e, sinceramente, às vezes acho que o Amplitube tá soando melhor! :)
Até a versão 2 do Amplitube, o seu principal concorrente, Guitar Rig, era superior. Mas na versão 3 eles arrasaram. A 3.5 é ainda melhor e me parece que daqui pra frente, a "porteira está aberta" :)

Amplitube Fender Trailer no YouTube. Uau!
Amplitube Orange YouTube. Coisa linda! :)
Excelente a idéia da IK Multimedia, criadora do Amplitube, de vender os amps (e gabinetes, efeitos, etc.) isoladamente. O Tiny Terror custa cerca de 18 dólares e seu gabinete, menos de 5...
Visite a Custom Shop da IK e dê uma checada no que tem disponível por lá: Custom Shop Amplitube

      O Soldano, o Fender Princeton e Blues Jr., o Orange AD30... Incríveis!
As duas tecnologias exclusivas de simulação que colocaram a IK Multimedia (de origem italiana) na frente dos outros chamam-se: "DSM" - Dynamic Saturation Modeling e VRM - Volumetric Response Modeling. É por isso que a gente sente de fato o amp respondendo à nossa dinâmica.

E só agora percebi que ainda não cheguei no objetivo principal do post: usar o Amplitube para escolher seu TIPO de amp!
A maioria dos valvulados atuais, inclusive os nacionais, são baseados nos amps clássicos, portanto, podemos usar as ótimas simulações do Amplitube para definir qual amp, caixa, pedal (nunca tocou com um Tube Screamer? Lá tem um igualzinho) fica mais legal com a nossa guitarra ou com o nosso estilo.

No site da IK Multimedia há um link para download de uma versão básica, grátis, que vem com um Marshall JCM800, Fender Super Reverb e DeLuxe Reverb 65, respectivas caixas, alguns pedais e microfones. Podemos testar TODOS os demais os amps, pedais e caixas, sem limitações, por 3 dias - tempo suficiente para conhecê-los. É necessário cadastrar-se antes (simples e rápido): Link: ikmultimedia - cadastro  

Claro, aí entra a questão do computador, placa de som, monitor, etc. Não é o meu objetivo chegar até esse ponto, mas basta um computador dual core, uma interface dedicada de áudio (USB, Firewire, PCI) e um bom par de fones de ouvido ou caixas de som, para a coisa acontecer. Visite o fórum da GP, sub-fórum "Home Studio", e procure por posts do "Yanko" para algumas dicas essenciais.
Boa diversão! :)



PS: Também tenho o NI Guitar Rig 4 e antes que o pessoal comece a postar comentários comparando o Amplitube com o Guitar Rig, Peavey Revalver ou qualquer outro, esclareço que no post está implícito que tenho experiência suficiente com simuladores para emitir opinião pessoal sobre qual acho melhor. Seria redundante portanto discutirmos isso e nem é o objetivo do post.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

JR Guitar Blog

       Pessoal, finalmente podemos contar com mais um magnífico blog sobre guitarras e afins. Meu grande amigo Oscar Isaka Júnior, outro fanático por guitarras, acabou de inaugurar seu blogJrGuitarBlog
Grande conhecedor de guitarras e com "doutorado" em  captadores, o Jr. com certeza vai arrasar. Considerem esse blog um irmão do meu. Vamos dividir assuntos (ufa! :) ) e somar conhecimentos. O Jr. vai focar mais em captadores, que já fornecem tópicos para anos de blog.
O primeiro post do JrGuitarBlog segue, transcrito:

Oscar Isaka Júnior:

Seymour Duncan Live Wire Dave Mustaine



Nesse post de inauguração do JrGuitarBlog vou começar por um tema que é muito controverso e cheio de preconceitos entre os guitarristas, incluindo este que vos escreve!
Eu nunca fui com a cara dos ativos mesmo tendo-os testado somente em guitarras dos outros e por pouco tempo. Sempre pensei, não toco Ultra-Metal e nem uso afinações drop e nem sou tão fã do estilo/som do Zakk Wylde, logo não preciso de um set dos famosos EMG 81/85, apesar se sempre ter curiosidade de utilizá-los pra valer pra ver qual era a grande sacada além do super alto ganho , ruído 0 e baixa impedância do sinal.
Pesquisa daqui, leio dali, instalo EMGs pra um amigo, pra outro, ouço em outras guitarras, eis que certa vez o Tom Castelli comentou que instalou os Duncan Blackouts numa guitarra do Andre Hernandez subsituindo EMGs com o seguinte comentário: “O André preferiu os BlackOuts pois ele disse que o som é como se fosse uma Gibson com muita saída! Não tem som de EMG sintético”. Aquilo colocou uma pulga atrás da minha orelha, até que eu li no blog Zona do Humbucker do Rafael Gomes uma review do DaveMustaine LiveWire Set. Quem conhece um pouco sabe que o Mustaine sempre usou o par Jb/Jazz pra gerar os timbres do Megadeth e o que a Seymour prometia era que esse set era exatamente isso, versões do ativas dos famosos JB/Jazz. O Rafael ainda comenta que os picos de ressonância não casam e que o discurso da Seymour não era exatamente verdade, mas observou que gostou dos pickups pois eles não soam artificiais ou sintéticos como os EMG, associando-os inclusive aos timbres do JeffBeck do album “Blow by Blow”. Como assim? Eu precisava testar esses pickups e a oportunidade apareceu no ultimo sabado, graças ao meu amigo Tom, quando pude instalar um set na minha Epiphone BullsEye ( apesar de não ser fã do estilo/timbre do Zakk adoro o visual dessa guitarra).
Vamos ao que interessa, SOM! O Rafael faz uma ressalva na sua review, onde diz que não recomenda a instalação desse set em uma guitarra grave como uma LesPaul devido ao tipo do timbre gerado. A minha BullsEye timbra mais grave e com menos agudos que as Standard em geral e sofri pra achar uma captação do estilo que eu gosto pra equilibrar com ela, e apesar de ir contra, não tive como resistir a instalar os LiveWire. Essa guitarra PEDE por ativos e o visual fica simplesmente matador. Pena meu cartão da câmera ter derretido com as fotos que eu tirei.. Oh well..
Usando a fiação original como manda o manual com pots de 100K e capacitores de .1k o timbre ficou HORRIVELMENTE ABAFADO. Pensei comigo, não pode ser tão grave assim, e fui persquisar a respeito, descobrindo um usuário do fórum da Seymour que usou por acidente pots de 1 mg e disse ter tido bons resultados e foi aí a minha primeira surpresa com eles. Os Mustaine se comportam como os passivos até em relação aos potenciômetros e capacitores, com valores maiores , os agudos tornan-se mais aparentes e o som menos abafado e sofre real influência do valor dos capacitores. Nem preciso dizer que experimentei várias opções(e foram muitas mesmo, mas sou brasileiro e não desisto nunca!!! ) até chegar a utilizar pots de 250k no cap da ponte e 500k pro braço ambos com capacitores de .022.
Com essa configuração de parte elétrica eles apareceram e eu pude confirmar tudo o que o Rafael Gomes tinha comentado na sua review, que não vou repetir aqui, mas a Zakk começou a falar muito, com um timbre super orgânico e definido com ALTISSIMO ganho. Os graves de não embolam e são MUITO mais bonitos que no próprio JB, com uma linha de médios e agudos redonda que faz você tocar com MUITA VONTADE no mínimo. O som do captador do braço não é tão interessante quanto o da ponte, sendo mais seco e direto ao ponto. Funcionam MUITO bem com ganho, com muita definição nas notas pra passagens mais "fritadas" e o timbre no geral é melhor que o dos EMG.
No Metal ele fala MUITO, mas me surpreendeu que você não precisa ter o drive no 14 pra poder tirar o máximo deles. Riffs de HardRock ficam extremamente parrudos e polidos, então resolvi gravar uns bites pra vc’s ouvirem nessa estréia do JR Guitar Blog.Sons limpos não condizem com esses monstrinhos, mas eles foram desenvolvidos pelo líder do Megadeath e não do "Megapop"......

DEMOS:

Crunch de "Good Times Bad Times" do LedZeppeling.

O HardRock do Whitesnake com "Fool for your loving".
Os SeymourDuncan Dave Mustaine LiveWire são sem dúvida uma EXCELENTE opção para quem quer a potência e benefícios dos ativos sem deixar de lado o TIMBRE orgânico dos passivos. Do Rock ao METAL Extremo eles seguram muito bem a onda em quaiquer doses de ganho.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Enquete: O que esses músicos têm em comum?

Stevie Wonder
Chuck Berry
Wes Montgomery
Kurt Cobain
Bob Marley
Jimi Hendrix

Além de serem famosos e terem criados estilos marcantes e pessoais de músicas, é claro! :) Técnica esmerada também nunca foi o forte deles, mesmo considerando Wes e Hendrix.
Eu percebo uma característica (musical) em comum. É só uma curiosidade minha, para saber se mais alguém percebe dessa forma.

 28/05/11: O que eu acho que eles têm em comum é o RITMO... Não a capacidade, mas a percepção, o senso rítmico. Poderia falar muito sobre isso, mas é um assunto complexo e acho que está num nível algo subjetivo. Mas se tiveres tempo, perceba como quando o Bob Marley entra cantando, a música passa a se movimentar com ele. Idem para o Chuck Berry, que empurra o groove com a voz. Pra minha surpresa, o Kurt Cobain (não sou fã do Nirvana), idem.
Outro detalhe que não posso deixar de lado é que audições repetidas desses caras não cansam tanto quanto às dos "normais" de ritmo... :)
E paro por aqui :)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Guitarras Roubadas

(Segue o relato de Márcio Bandeira, músico de Curitiba):
   
Arrombaram minha casa dia 20/04/2011 e fizeram uma limpa. Dentre a variedade de objetos futados como eletrônicos, roupas, computadores, dentre outros, 04 guitarras de minha propriedade foram da mesma forma furtadas.
Em relação aos eletro-eletrônicos vamos trabalhar, juntar dinheiro e comprar novamente na medida do possível.
O grande problema é que em relação as guitarras o dinheiro não seria a solução!
Quem é músico sabe quão caro custa um bom instrumento e da dificuldade para conseguir modelos mais sofisticados de real qualidade.
Toco há mais de 20 anos e durante todo esse tempo sempre almejei alguns modelos de guitarras que não se encontram em qualquer loja e quando sim os preços são absurdos. Em alguns casos, nem o dinheiro pode pagar, pois são modelos raríssimos.
No caso em questão me levaram:

Gibson Les Paul Custom Shop VOS Reissue 1968 cor Creme com case Gibson original preto.


Gretsch Country Classic Custom 6122 reissue 1962 (só existe marrom), case original Gretsch


Rickenbacker 330/12 (12 cordas) Fireglo com case original Rickenbacker


Fender Telecaster Custom Reissue 1972 preta, com case original Fender Vintage preto.

 
O objetivo do meu email é obviamente divulgar, mas acima disso, implorar aos amigos músicos, que se por ventura, algum dia alguèm oferecer esses instrumentos para compra, que iniciem o procedimento e façam contato imediato comigo através dos dados abaixo.

Além disso, vários desta lista são logistas, músicos, pessoas que trabalham no ramo artístico e também pessoas que saem na noite para se divertir a acabam vendo bandas de todos os estilos em muitos bairros e cidades e que independente do interesse em instrumentos, se por ventura ver alguém tocando com uma dessas guitarras, da mesma forma, por favor, me avise que vou ao local para conferir.

Tratam-se de modelos realmente raros, sendo que uma delas acredito que não exista mais que duas ou três em todo o Brasil. Até nos EUA não é fácil de se conseguir.
Eu possuo o número de série de todas elas, certificado e fotos tocando com cada uma.
A idéia, além de colocar o FDP que roubou na cadeia é também gratificar, e bem, a pessoa que me ajudar a recuperar qualquer uma delas.
Obrigado pela atenção e ainda peço que repassem este email a todos que conhecerem que são do meio musical, que trabalham em bares ou casas de shows, bandas, escolas de música, lojas de instrumentos e assim por diante.

Abraço a todos,
Marcio Bandeira
www.u2pop.com.br
contato@u2pop.com.br
marciobarrim@hotmail.com
Fone: 41 9924-9761

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Jim Rolph

Jim Rolph

      Eu estava há tempos pensando em postar um tópico especificamente sobre captadores e pensava se deveria começar do básico, algo bem didático, ou já entrar direto no cerne da questão. Mas meu amigo Oscar Isaka Jr., de Curitiba, acabou de ter um longo papo por telefone com um dos maiores mestres de captadores de todos os tempos, um senhor do Kentucky conhecido com "Jim Rolph".
J. M. Rolph faz captadores vintage desde a década de 60 e era um "segredo" desconhecido pela maioria dos guitarristas (nós... :) ), mas com clientes do nível de Eric Johnson, David Gilmour, Rolling Stones, Eagles, Steely Dan, Mick Mars e Robben Ford. Robben Ford que acabou "entregando o ouro" ao falar sobre o Jim Rolph para os maníacos por PAF da revista Tone Quest. Foi então que nós, meros mortais, tivemos acesso ao segredo... Eu tenho um par de PAFs J. M. Rolph 58. São absolutamente fantásticos!

J.M. Rolph 58 Pretender PAF

J.M. Rolph Pretender Vintage 60 Strat

      Diante da preciosidade das informações, vou postar o relato do Jr. e depois voltarei a falar de captadores, Jim Rolph, Sérgio Rosar, e tudo de (muuuito) interessante que esse assunto tem...
Segue:

Meu papo com Jim Rolph  (Oscar Isaka Júnior).

Estava de papo com o Paulo no telefone conversando sobre os novos protótipos e testes da versão de ponte do nosso já famoso PAF quando entramos no assunto (como todas as vezes..) dos segredos que poderiam estar dentro daquele famoso set de “Pretenders 58” feitos por Jim Rolph que o Paulo possui. Estamos (Eu, o Sérgio e o Paulo) a todo custo tentando entender qual é a mágica por trás deles e quanto mais tentamos, mais percebemos que não basta somente ter o tipo de enrolamento certo, fio e imã. São necessários o imã com correta proporção na composição do alnico, com o tamanho correto, o fio na espessura e isolamentos corretos e mais algum pó mágico que os fabricantes de clones de PAF possuem pra fazê-los soar como soam. Vou ressaltar que o nosso está soando muito bem dado que não temos isso tudo e o Sérgio faz mágica pra atender o que nós dizemos pra ele, mas isso é papo pro próximo post. :-)

O fato é que eu tenho um amigo que mora nos EUA  que está vindo pro Brasil nos próximos dias e resolvi mandar um e-mail pro Jim Rolph pra perguntar se ele tinha um set disponível e o preço. A Susan (esposa e baixista da banda dele...) cordialmente me respondeu com um telefone, dizendo para eu ligar. 
No dia seguinte pela manhã liguei para o número e eis a minha surpresa. “Hi this is Jim”... O próprio Jim Rolph atendeu o telefone. Fiquei meio sem palavras na hora mas lembrei dos fóruns gringos dizendo que ele adorava falar ao telefone com seus clientes, e na uma hora de papo que se seguiu eu confirmei isso.
Comecei perguntando sobre suas réplicas de PAF e ele me explicou as diferenças dos modelos 57, 58, 59, 60 e 61 que ele faz dizendo que todos são distintos quanto ao tipo de fio, quantidade de espiras, tipo e tamanho do magneto, padrão de bobinamento, etc. Eu pensei "como é que esse cara conhece tudo isso?" Foi aí que ele disse que a primeira vez que pisou num palco pra tocar foi em 1959. Simplesmente parei de falar e deixei o simpático senhor continuar aquela aula. Continuando a conversa perguntei sobre os 58 especificamente, e foi quando o “show” começou, o Sr Rolph comentou que tinha preparado uma R8 de 2002 com todas as vintage specs (VOS), e comparou numa apresentação de sua banda com sua VERDADEIRA GIBSON BURST FLAME TOP DE 1958. Ele gravou o A/B em uma fita e tocou pra mim no telefone a gravação pra eu perceber que não havia diferença entre essa R8 especial que ele havia pessoalmente escolhido, e sua VERDADEIRA Burst 58.

Abro um parênteses aqui pra fazer uma descrição da R8 que ele mencionou. Uma Gibson LesPaul Standard 1958 Reissue “Flame Top” com os JimRolph PAF Pretenders 58 (que ele também mencionou ser seu set preferido), ponte stop-tail com cordal de alumínio e capacitores Bumble-Bee originais. Segundo o próprio Jim tem uma razão de custarem quase USD400,00 CADA, pois fazem diferença sobre o timbre mesmo com os botões de tone e volume no 10 como nós já haviamos constatado nos testes daquele post do Glauco sobre capacitores. Mencionou também que especialmente os Flame Tops soam melhor que os Plain Top nas LesPaul. Achei um comentário curioso....

Depois dessa “DEMO”, onde confesso não ter conseguido ouvir direito (imaginem uma fita k7 tocada pelo telefone...), eu mencionei que minha referência pra timbre PAF era do GaryMoore, ele perguntou “Você já tocou na LesPaul do Gary Moore? Eu já....”. Depois de ele confirmar que estava falando da guitarra mais cara do mundo, contou que antres do Gary Moore adquiri-la ele foi ver para comprá-la do cidadão que comprou do Peter-Green e descreveu com as seguintes palavras “ Just a good worn-out LesPaul... Nothing Special..” (Só uma boa e malhada LesPaul.. Nada demais...). Que que eu digo depois disso... rsrsrs!!

O Sr Rolph então me perguntou se eu conhecia a LesPaul 69 (Deluxe com Mini Humbuckers...) e disse que tinha uma no colo que havia modificado para que pudessem ser instalados humbuckers tradicionais, e comecou a tocar pra mim no telefone. Pessoal, como o homem toca... Ouvi desde passagens de Country, Standards de Jazz, Johnny be good, Licks de Blues, ZZ Top com um timbre que até mesmo através do telefone era simplesmente maravilhoso. Foram quase 20 min ininterruptos do Mr. Rolph tocando essa LesPaul e eu besta do outro lado ouvindo.

Quando ele acabou, conversamos mais um pouco e entre broncas por ter colocado um captador de ponte (O Rolph do Paulo que está aqui comigo..) no braço, dicas de EQ de amplificador e auto-falantes para que os PAF brilhem e desliguei o telefone meio bobo ainda depois daquilo. Eu havia falado com um cidadão que antes dos meus pais se conhecerem, já tocava guitarra e rebobinava captadores de todos os tipos.

Depois da conversa ficou muito clara a intenção do Sr Rolph em oferecer simplesmente nada além do MELHOR em termos de réplicas de PAF. Nas suas palavaras, “Não existem “leituras” de um PAF, eu faço exatamente o que era na época e minha MAIOR preocupação é que meus clientes escutem os timbres do final dos anos 50 do jeito que eles eram.” isso mencionando que rebobina pelo menos 1 ou 2 PAFs reais por semana na sua oficina.

O cara é realmente uma LENDA da guitarra e ter tido a oportunidade de passar uma hora no telefone com esse cidadão simpático e prestativo e ainda ouvi-lo tocar foi realmente muito legal! :D

Fantástico! :) Depois eu volto com foco em captadores...
Enquanto isso, podem ir curtindo o som dos humbuckers "PAF" (Pretenders 58 ou mais provavelmente, 57)  Jim Rolph nessa Les Paul Gold Top 58 do Larry Carlton, aqui tocada pelo mestre Robben Ford: